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Itaú (ITUB4) confirma melhor desempenho dos bancos privados no 3º trimestre

O banco mostrou que o crescimento não está apartado da cautela com o crédito concedido e rentabilidade da operação

Foto: Shutterstock/T. Schneider

Encerrando a temporada de balanços dos grandes bancos brasileiros, o Itaú (ITUB4) confirmou o melhor desempenho dentre as instituições privadas do país. 

No terceiro trimestre deste ano, o banco demonstrou que o crescimento não está apartado da cautela com o capital alocado, crédito concedido e rentabilidade da operação.

Entre julho e setembro deste ano, o maior banco da América Latina teve um lucro recorrente de R$ 8,07 bilhões, uma alta de 19,1% na comparação anual e avanço de 5,2% em três meses.

O resultado líquido da instituição ficou dentro das expectativas do mercado, que previam um crescimento sólido da empresa, acompanhado de uma inevitável queda na qualidade de crédito, mas longe do que Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) reportaram ao mercado.

Paulatinamente, o ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) do banco tem se solidificado na casa dos 20%, algo que era questionado pelo mercado com a chegada de novos incumbentes digitais. No terceiro trimestre deste ano, a rentabilidade sobre patrimônio ficou em 21%, 1,3 ponto percentual maior do que no mesmo intervalo de 2021.

É verdade, porém, que o Itaú já não é mais o banco mais rentável do mercado, ficando abaixo do Banco do Brasil (BBAS3), que mais uma vez bateu com folga as projeções dos investidores. 

A rentabilidade do banco permanece alta mesmo com as receitas com prestação de serviços em ritmo lento. A linha do balanço, que equivale a 28,4% do produto bancário do banco, cresceu apenas 3,4% em um ano (tendo caído 0,8% em três meses).

Destaca-se, entretanto, a margem financeira gerencial do Itaú, que cresceu 22,5% na comparação anual, um pouco abaixo do reportado pelo BB, com a força da margem com clientes.

A reprecificação dos produtos ao longo da alta da taxa de juros trouxe resultados nesse sentido, mas prejudicou a margem financeira com mercado, ou a Tesouraria, que recuou 73,2% na comparação anual, para R$ 516 milhões, pressionada pelo desempenho ruim das operações na América Latina.

O maior vetor de crescimento de um banco

Mesmo com as mudanças do setor bancário, proporcionadas pela chegada das fintechs a partir de meados da década passada, o core business de uma instituição financeira continua sendo a concessão de crédito. 

Infelizmente para alguns – como o Bradesco que viu os calotes dispararem e o lucro despencar – mas, para outros, felizmente, como é o caso do Itaú.

A carteira de crédito total cresceu 15,4% em 12 meses, para R$ 1,11 trilhão. Especificamente no Brasil, todas as linhas de negócio avançaram dois dígitos, com foco nas pessoas físicas.

O cartão de crédito (+32,7%) e crédito pessoal (+36,3%) indicaram a tendência da contratação de crédito pela população, dada a dinâmica inflacionária no país, que afetou o poder de compra. 

Chama atenção o bom desempenho em crédito imobiliário, que chegou a R$ 100,7 bilhões, alta de 27,4% em um ano, mesmo com a alta da taxa de juros, que em tese tirou o apetite pelo financiamento de imóveis. 

A carteira de crédito do Itaú está diversificada, com apenas 12,1% do risco assumido nos 100 maiores devedores, mas os empréstimos perderam qualidade, tanto em termos de volume de calotes como na composição.

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Os empréstimos a pessoas físicas, consignado e veículos, que exprimem menos risco, perderam participação para cartão de crédito e crédito pessoal. Já em pessoas jurídicas, as grandes empresas saíram de 47,5% do portfólio em setembro de 2021 para 46,9% em setembro de 2022.

A exposição a micro, pequenas e médias empresas, entretanto, ainda está sob controle, segue dentro do esperado e não deve passar por grandes solavancos com a inadimplência, que não cresceu muito acima do que estava no radar.

O índice de empréstimos do Itaú com pagamento atrasado em 90 dias ou mais passou de 2,6% para 2,8% da carteira em um ano, e ficou amplamente em linha com os últimos anos. O índice inclusive está abaixo do observado ao fim do terceiro trimestre de 2019, que antecedeu a chegada da Covid-19 ao mundo.

Percebe-se, também, que a análise de risco do banco para MPEs é bem-sucedida, já que essa fatia da economia, que poderia ser mais sensível à taxa de juros, não está devendo mais do que em setembro do ano passado.

A inadimplência de 90 dias de pequenas empresas está em 2,3%, redução de 0,3 pp em um ano. As grandes empresas diminuíram os calotes em 1 pp no mesmo período, quase indo a zero. Já as pessoas físicas cresceram para 4,79%, alta de 1,2 pp.

Itaú com perspectivas melhores que a média

É esperado pelo mercado que o contexto do ambiente de crédito piore antes de melhorar. No quarto trimestre deste ano, é projetada uma maior deterioração da qualidade de crédito em toda a indústria, mas a “ordem” dos vencedores não deve mudar.

Isso significa que o Itaú continuará sendo um dos destaques entre os bancos, vide o ajuste no guidance para este ano. 

O vetor de crescimento da instituição, que tem sido a carteira de crédito em detrimento de serviços e seguros, vai ter desempenho acima do esperado. Os empréstimos totais devem crescer de 15,5% a 17,5% no ano, ajuste considerável ante os patamares de 9% e 12% esperados anteriormente. 

O banco se dá o luxo de prever maior crescimento do crédito. As despesas com PDD (Provisões para Devedores Duvidosos) aumentaram e o índice de cobertura está em linha com o mercado, sendo que o risco tem se mostrado menor do que o de alguns dos pares. 

O resultado da instituição pode ser enquadrado como bom, embora existam alguns sinais de alerta que dizem respeito a toda a indústria, como aumento do custo de crédito.

Por volta das 11h45, as ações do Itaú operavam em queda de 2,43%, para R$ 26,95.

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