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Lucro do Itaú (ITUB4) cresce 19% no 3º trimestre, com impulso do crédito ao consumo e inadimplência sob controle

Banco teve lucro líquido de R$ 8,07 bilhões no período, alta de 19,2% em um ano e em linha com a expectativa do mercado

Foto: Shutterstock/T. Schneider

O Itaú Unibanco (ITUB4), último dos grandes bancos a divulgar resultados do terceiro trimestre, mostrou que tem conseguido se aproveitar do aumento dos juros para conceder crédito ao consumo, um produto mais rentável para o setor, mas sem deixar a indimplência disparar.

No período, o banco teve um lucro líquido de R$ 8,079 bilhões, alta de 19,2% em relação a igual trimestre de 2021, número que ficou dentro do intervalo de previsões colhidas pela Agência TradeMap.

As projeções de analistas de bancos e corretoras que acompanham o setor financeiro (Bank of America, Santander, BTG Pactual, Genial, XP e Goldman Sachs) para o lucro do Itaú variavam de R$ 7,97 bilhões, no cenário mais pessimista, a R$ 8,1 bilhões, no mais otimista. O mercado, portanto, não se surpreendeu.

O balanço do Itaú foi mais uma vez marcado pela expansão do crédito focado em consumo, como cartão de crédito e crédito pessoal. São produtos nos quais o banco pode cobrar juros maiores, por não haver nenhum tipo de garantia no contrato (como ocorre com o financiamento de imóveis ou veículos), podendo gerar receitas mais elevadas nos pagamentos de empréstimos.

Ao fim do terceiro trimestre, o Itaú tinha uma carteira de crédito total de R$ 1,11 trilhão, 15,5% acima do nível anotado exatamente um ano antes. Os maiores avanços foram registrados nas linhas de cartão de crédito, com alta de 32,7%, e crédito pessoal, com crescimento de 34,4%.

Inadimplência do Itaú tem leve alta no 3º trimestre

O indicador que mostra o quanto os bancos ganham com juros nas operações de crédito é a chamada margem financeira, que no caso do Itaú somou R$ 23,9 bilhões no terceiro trimestre, avanço de 22,5% em comparação a igual período do ano passado.

No setor bancário, o desafio é emprestar mais quando os juros estão mais altos, mas sem deixar a inadimplência subir tanto. No Itaú, a taxa de inadimplência, que mede a proporção de atrasos superiores a 90 dias em relação à carteira total de crédito, ficou em 2,8%, uma ligeira alta em relação aos 2,7% do trimestre anterior, mas um aumento menor do que o registrado pelo Bradesco, que viu a taxa saltar de 3,5% para 3,9%.

Provisões para devedores duvidosos aumentam

Não significa que o Itaú não esteja cauteloso. O banco também elevou as chamadas provisões para devedores duvidosos (PDDs), como são chamados os recursos destinados a cobrir eventuais calotes, uma despesa que as instituições financeiras costumam aumentar quando o cenário é de maior risco.

No terceiro trimestre, as provisões do Itaú subiram 48,9% ante igual período do ano passado, para R$ 8,2 bilhões. As provisões, embora não sejam um gasto de fato, mas, sim, uma reserva, acabam entrando como despesa nos balanços, afetando a lucratividade.

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O Itaú, contudo, conseguiu elevar a sua rentabilidade no trimestre. O retorno recorrente gerencial sobre o patrimônio líquido ficou em 21%, acima dos 19,7% registrados em igual período do ano passado. O banco foi, portanto, na contramão de Bradesco e Santander, que viram a rentabilidade cair para 13% e 15%, respectivamente, diante do aumento de provisões que também aplicaram.

Por outro lado, a receita com tarifas e prestação de serviços cresceu em ritmo mais lento no terceiro trimestre, de 3,4%, para R$ 10,4 bilhões, em relação a igual intervalo de 2021. No segundo trimestre, o crescimento havia sido de 8,3% no mesmo tipo de comparação.

Margem com o mercado

Assim como todos os demais bancos privados, o Itaú viu cair a sua margem com o mercado, como é chamado o ganho do banco nas operações de crédito com outras instituições financeiras. Trata-se de uma segmentação da margem financeira.

No terceiro trimestre, a margem com o mercado somou R$ 516 milhões, queda de 73,2% em relação ao nível do terceiro trimestre do ano passado. Bancos como Santander e Bradesco tiveram margem com o mercado negativa.

A piora ocorre por causa do rápido aumento da taxa de juros no Brasil, que saiu de 2% ao ano para 13,75% em menos de dois anos. Com a Selic, a captação de recursos no mercado fica mais cara e os bancos não conseguem repassar as taxas para o cliente final com a mesma velocidade, o que gera o descasamento.

A margem financeira com os clientes – essa, sim, medindo os ganhos com o cliente final – cresceu 33% no terceiro trimestre em relação a igual período do ano passado, para R$ 23,3 bilhões.

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Projeções

No relatório que acompanha o balanço, o Itaú manteve todas as projeções para 2022. A carteira de crédito deve terminar o ano com avanço entre 15,5% e 17,5%.

A margem financeira com clientes, por sua vez, deve ter aumento de 25% a 27%. E a projeção para a margem financeira com o mercado é de R$ 1 bilhão a R$ 3 bilhões.

A previsão para o custo de crédito (provisões) está em algo entre R$ 28 bilhões e R$ 31 bilhões. E a receita com tarifas e prestação de serviços deverá ter expansão de cerca de 7% a 9%.

 

 

 

 

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