IRB Brasil (IRBR3) retém prêmios e diminui prejuízo em novembro, mas 2021 já está no vermelho

No acumulado dos primeiros 11 meses de 2021, a perda do IRB Brasil atingiu R$ 510,4 milhões

Foto: Divulgação

O IRB Brasil (IRBR3) apresentou, na manhã desta segunda-feira (24), mais um resultado negativo. Em novembro de 2021, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 113,8 milhões, perda R$ 21 milhões menor que a reportada um ano antes.

No acumulado dos primeiros 11 meses do ano, a perda do ressegurador atinge R$ 510,4 milhões. Segundo o IRB Brasil, se excluídas as atividades descontinuadas, o resultado no ano fica positivo em R$ 1 milhão. 

Em novembro, o resultado foi favorecido pela redução dos prêmios retrocedidos, ou seja, aqueles que são transferidos para outros resseguradores do mercado. No mês, essa linha foi de R$ 295,9 milhões, contra R$ 377,9 milhões em novembro de 2020.

Dessa forma, a retenção dos prêmios (geração de receita propriamente dita) foi 23,5% maior, somando R$ 410,1 milhões. Por outro lado, os sinistros retidos (despesas diretas), por mais que tenham crescido em menor proporção, continuaram altos, em R$ 413, 3 milhões, superando a receita. Dentro deste número, R$ 29,6 milhões referem-se aos negócios descontinuados.

O resultado oriundo de underwriting, que é o processo de avaliação de determinados riscos e oportunidades para fins de resseguros, aumentou 35,1%, para R$ 152 milhões negativos. 

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Um ponto de preocupação em meio à reestruturação da empresa gira em torno das despesas administrativas, que dispararam mais de 70%, saindo de R$ 25,5 milhões para R$ 43,8 milhões em 12 meses. 

O reflexo é imediato na Bolsa é imediato. Por volta das 17h, as ações do IRB caíam 5,09%, para R$ 3,17.

Com quase todo o ano de resultados nos livros de história, o que esperar do IBR Brasil daqui para frente? 

Impulso do resultado financeiro deve jogar a favor

Em novembro do ano passado, o resultado financeiro do IBR Brasil foi de R$ 58,7 milhões positivos, revertendo a perda de R$ 58,1 milhões no mesmo mês do anterior. Isso ocorre pela característica do modelo de negócio.

O segmento prevê o recebimento dos prêmios antes dos gastos com sinistros. A alta da taxa de juros no Brasil deve favorecer a alocação desse capital, que na maior parte das vezes é realizada na renda fixa, com rentabilidade ligada à Selic. 

Montantes generosos podem dar um gás ao resultado financeiro, fortemente prejudicado durante o período em que a Selic estava em 2%, na mínima histórica. 

Os efeitos positivos da mudança na política monetária, porém, devem ser observados apenas a partir do segundo semestre deste ano. 

Por outro lado, há de se esperar uma pressão ainda maior da sinistralidade. O índice de  sinistralidade acumulado em 2021 foi 98,1%, que por mais que mostre uma melhora na margem ante o reportado um ano antes, é um patamar insustentável e que tem dificultado a plena recuperação da empresa. 

Promessas deixadas para trás tiram confiança do IRB Brasil

No início do ano passado, o então presidente interino do IRB, Antonio Cássio dos Santos, disse que a revisão do portfólio (re-underwriting) foi concluída em 2020 e que a lucratividade voltaria a todo vapor em 2021.

A realidade se mostrou diferente. Com um prejuízo contábil de mais de meio bilhão até o fim de novembro, é pouco provável que a empresa consiga tirar o atraso. Esse será o segundo prejuízo anual consecutivo durante uma verdadeira tempestade perfeita no ressegurador.

O IRB Brasil ainda procura reencontrar sua credibilidade no mercado, perdida após múltiplas tentativas falhas de recuperação do preço das ações após a derrocada dos últimos anos. 

Desde que a gestora Squadra iniciou uma posição vendida na empresa, justificando de forma contábil e qualitativa as razões pelas quais o nível de rentabilidade do ressegurador não se justificava, os papéis do IRB caiu mais de 90%. 

ROE do IRB saiu de 44% em 2017 para patamares negativos

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Em 2020, o ressegurador foi alvo de denúncias por fraude, sendo obrigado a fazer um ajuste bilionário e seguir enquadramento regulatório de índices de liquidez e cobertura de provisões técnicas. Toda a direção foi alterada. 

Os números do IRB ainda estão nebulosos em meio a uma série de créditos fiscais e tributários em função dos prejuízos passados. Com isso, o patrimônio líquido da empresa, que está na ordem de R$ 4,03 bilhões, pode ser consideravelmente menor na prática. 

Pessimismo dominante

De acordo com dados compilados pelo Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap, o mercado é amplamente pessimista com as ações do IRB Brasil.

Por mais que o forte crescimento do caixa líquido consiga atrair grandes investidores, como o bilionário Luiz Barsi, analistas que acompanham a empresa não enxergam um bom momento para comprar as ações do ressegurador.

Dos sete especialistas, três indicam a manutenção das ações e quatro recomendam a venda dos papéis, sendo que um deles o faz com afinco. O preço-alvo mediano é de R$ 5, perfazendo um upside de 57%. 

Dadas as incertezas conjunturais, o IRB Brasil pode ser mais um dos casos em que as ações não devem convergir para o valor considerado justo.

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