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As 15 maiores pagadoras de dividendos do 3º trimestre distribuíram R$ 120 bilhões; veja a lista

A Petrobras foi responsável por 73% do total pago pelas maiores pagadoras no período

Foto: Shutterstock

O ano de 2022 se aproxima do fim e o terceiro trimestre das empresas da Bolsa, que começarão a divulgar os resultados do período nos próximos dias, mostrou mais um bom ritmo de pagamento de dividendos

Segundo dados levantados pelo TradeMap, as 15 empresas que mais distribuíram lucros entre 1º de julho e 30 de setembro pagaram R$ 120,36 bilhões aos acionistas. 

O terceiro trimestre deste ano também marcou um forte período de reajustes das projeções para a economia brasileira. O Brasil mantém a atividade aquecida mesmo com a alta das taxas de juros, cujo efeito negativo deve ficar mais perceptível nos próximos meses. 

Ainda assim, o terreno é relativamente fértil para que as empresas brasileiras continuem entregando bons resultados e, consequentemente, distribuindo os proventos – embora haja perspectivas de arrefecimento nos massivos pagamentos de empresas ligadas a commodities

As principais “vacas leiteiras” do terceiro trimestre deste ano na Bolsa brasileira foram:

Vale ressaltar que algumas empresas pagam dividendos anuais ou semestrais, e eventualmente, por conta da política de remuneração aos investidores, podem não aparecer na relação das maiores pagadoras na visão trimestral.

O levantamento, que além dos dividendos considera os valores brutos de JCP (juros sobre capital próprio), também conta com tickers diferentes de mesmas empresas. Dessa forma, os últimos meses registraram DY (dividend yield) distintos para tais papéis das companhias. 

O destaque é, disparado, para a Petrobras (PETR4), que assim como no compilado do primeiro semestre, liderou a distribuição dos proventos. A petroleira foi responsável por 73% do total pago pelas 15 maiores pagadoras no período, superando R$ 87 bilhões em dividendos. 

O setor de commodities ficou com quatro representantes. A atividade bancária e de seguros fechou o trimestre com seis empresas na relação. 

Chama atenção a participação da BR Properties (BRPR3), do setor imobiliário, que pouco aparece em levantamentos do gênero.

A massiva distribuição, que hoje equivale a cerca de 40% do valor de mercado da empresa, foi possibilitada em função de uma redução de capital. Ou seja, os proventos virão na forma de restituição de capital. 

A BR Properties vendeu 80% de seu portfólio para a Brookfield. Em maio, a gigante canadense fechou a compra de 12 prédios corporativos da BR Properties por R$ 5,92 bilhões. 

O valor de R$ 2,42 por ação deve ser pago até o dia 14 de outubro para investidores na base acionária até o dia 30 de setembro. Diferentemente dos dividendos, haverá tributação. A alíquota varia conforme a categoria do investidor e o recolhimento é de responsabilidade da pessoa física.

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Dividendos dos bancos espelham resultados do trimestre

Os proventos pagos pelas instituições financeiras no terceiro trimestre condiz com o balanço apresentado ao mercado referente ao trimestre imediatamente anterior.

No segundo trimestre deste ano, os destaques do setor ficaram inegavelmente com Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4), a depender do gosto do investidor. 

A estatal apresentou uma rentabilidade de nível privado, com baixíssima inadimplência, ao passo que o Itaú teve o maior lucro trimestral de sua história, além de reajustar a projeção de crescimento para concessão de crédito. 

De acordo com dados da plataforma TradeMap, o Banco do Brasil ainda negocia a múltiplos de valuation em cerca de metade da média dos últimos 36 meses. Considerando que a instituição deve continuar com boa remuneração aos investidores, trata-se de uma oportunidade de alto rendimento com dividendos. 

O Santander (SANB11), embora tenha reportado o maior ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) junto ao Itaú, de 20,8%, pagou menos proventos aos acionistas que por causa da alta da inadimplência, que exprime maior risco por conta da exposição às pessoas físicas.

Os três bancos somaram R$ 7,43 bilhões distribuídos no terceiro trimestre de 2022. O Bradesco (BBDC4) ficou de fora da relação das 15 maiores, ainda que tenha pago R$ 0,036 por ação preferencial e R$ 0,027 por papel ordinário no período. 

A holding Itaúsa (ITSA4), que detém uma participação de 37% no Itaú, pagou R$ 482 milhões em proventos durante o terceiro trimestre. A política da companhia é pagar tudo o que recebe do Itaú, e investir em novos negócios com o que sobrar e a política de alocação de capital permitir.

Em conversa recente com a Agência TradeMap, a Itaúsa disse enxergar grande potencial de pagamento de dividendos no futuro vindo das empresas em que investe, mas que não necessariamente esse resultado viria no curto prazo. 

Em 2019, quando o último ciclo de investimento ainda estava no início, o DY da Itaúsa era o dobro do atual. 

O BTG Pactual (BPAC11), por sua vez, atua com um viés diferente das grandes instituições comerciais. O banco de investimento bateu seu recorde de lucro no período entre abril e junho, em R$ R$ 2,2 bilhões e tem apostado suas fichas na proximidade com o varejo para diversificar os negócios e interceptar as demandas das pessoas jurídicas e físicas.

Indústria, frigoríficos, energia elétrica, telecomunicações e saúde

A lista das maiores pagadoras de proventos do trimestre também conta com empresas que representam seus setores de forma individual.

O setor de energia elétrica, tradicional segmento que transfere o fluxo de caixa com maior previsibilidade aos investidores, não teve relevância em termos de volume no terceiro trimestre.

A Engie (EGIE3) foi a representante do setor, ao distribuir R$ 578 milhões em dividendos intercalares, equivalentes a R$ 0,70 por ação. 

Trata-se de um case ainda de crescimento e de diversificação das operações, visto que recentemente a Engie vendeu sua última termelétrica por R$ 2,2 bilhões e quer ampliar sua exposição à transmissão de energia.

Em TradeLive realizada em agosto, a empresa disse que não abrirá mão do equilíbrio entre investimentos, controle do endividamento e dividendos – por mais que o payout, a proporção do lucro distribuído aos acionistas, tenha sido de 55% no primeiro semestre, sendo que em 2020 e 2021 havia sido de 100%. 

Weg (WEGE3) e TIM (TIMS3) representam a indústria e telecomunicações. A primeira ainda enfrenta os preços altos das commodities, tem baixo endividamento e deve continuar pagando dividendos sem deixar de aumentar sua operação.

A TIM, por sua vez, tem absorvido os impactos da contabilização da sua fatia adquirida da Oi Móvel em seu balanço. A declaração de JCP da empresa para o terceiro trimestre, inclusive, reduziu a base tributária gerando uma alíquota de imposto efetiva menor. 

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A Marfrig (MRFG3), líder global na produção de hambúrgueres, foi a 12ª empresa que mais pagou proventos durante o terceiro trimestre deste ano, ao distribuir meio bilhão de reais. Com base nos últimos 12 meses, o DY da empresa é de 26,22%, quase o dobro do atual CDI.

O resultado da empresa no segundo trimestre mostrou que as atividades nos Estados Unidos tiveram forte desaceleração. Mesmo com o fraco desempenho no maior mercado de atuação, o Ebitda em estabilidade mostra o mix de receitas da Marfrig e menor dependência exclusiva de uma região.

A Rede D’Or (RDOR3) pagou R$ 460 milhões em dividendos no último trimestre, mas manteve um pequeno rendimento de 1,2% nos últimos 12 meses. 

Já os meses que virão devem ser agitados na companhia, com pareceres de Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) acerca da aquisição da SulAmérica (SULA11).

Para além dos dividendos, na última quinta-feira (6), a empresa anunciou a emissão de R$ 600 milhões em debêntures que serão usados, principalmente, para o alongamento do perfil da dívida. Entre o segundo trimestre de 2021 e o mesmo período deste ano, a alavancagem financeira da empresa saltou 1,2 ponto percentual, para 2,9 vezes o Ebitda. 

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