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O que o BTG (BPAC11) quer com a compra de um banco que não opera há 27 anos

O Banco Econômico está em processo de liquidação extrajudicial desde 1996

Foto: Divulgação

(Esta matéria foi alterada às 10h do dia 01/04/2022 para corrigir a informação que indicava que o FGC, entidade privada sem fins lucrativos, se tratava de um órgão público.)

Em mais uma tacada para diversificar seu portfólio, o BTG Pactual (BPAC11) acertou a compra do Banco Econômico e suas subsidiárias, segundo comunicado ao mercado divulgado na manhã desta quarta-feira (30).

O Banco Econômico, fundado em 1834 e outrora sediado em Salvador, está em processo de liquidação extrajudicial desde 1996, quando sofreu intervenção do Banco Central (BC) e deixou de operar. O banco adquirido pelo BTG é uma das instituições que não conseguiram superar as mudanças trazidas pela implementação do Plano Real anos antes.

O banco também foi alvo de polêmicas no âmbito judicial. O dono do banco, Ângelo Calmon de Sá, chegou a ser sentenciado a 13 anos e quatro meses de prisão em regime fechado por crimes contra o sistema financeiro nacional, como alterações em balanços contábeis.

Os ativos, contudo, seguiram sendo alvo de aquisição décadas depois. Em setembro do ano passado, o BTG venceu um leilão realizado pelo BNDES e o FGC (Fundo Garantidor de Créditos), através do fundo FIDC NP Alternative Assets 1, e levou os créditos do Banco Econômico. 

O pacote, que era disputado por outros dois fundos, foi arrematado por R$ 937,75 milhões.

O banco de fomento e a entidade privada sem fins lucrativos visavam abrir mão dos créditos, que como eram reajustados pela Taxa Referencial, atualmente zerada, não mudaram de valor desde agosto de 2017. Não havia a perspectiva de reaver os valores antes de, ao menos, 2028. 

Os créditos devidos do Banco Econômico somam R$ 14,88 bilhões, sendo que R$ 12,02 bilhões referem-se a credores com direito a receber antes do BNDES e FGC.

Esses direitos foram adquiridos pelas partes após o BC intervir na instituição, época em que o Econômico possuía R$ 401 milhões em dívidas ligadas a repasses do Sistema BNDES e débitos com o FGDLI (Fundo de Garantia dos Depósitos e Letras Imobiliárias), que posteriormente foi extinto e abriu caminho para a criação do FGC. 

BTG Pactual aposta em recuperação de créditos

A operação do BTG foi liderada pelo seu time de situações especiais, que é focado na aquisição e recuperação de carteiras de crédito inadimplidos. 

A equipe também é responsável pela compra de ativos financeiros alternativos que, em tese, oferecem alta possibilidade de recuperação com o turnaround a ser praticado. 

Ao mesmo tempo, são operações de alto risco financeiro, já que a possibilidade de não concretização dos planos de retomada são relevantes. 

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De acordo com o BTG, o fechamento do negócio está condicionado a algumas situações. Entre elas, o fim do regime de liquidação extrajudicial do Econômico, que seria possibilitada pela liquidação dos passivos financeiros, além das aprovações regulatórias. 

Com uma operação multifacetada, a equipe de special situations do BTG possui forte conhecimento das estruturas jurídicas que permeiam disputas judiciais, com apreço pelo uso de tecnologia e foco na possibilidade de retorno ponderado ao risco das operações. 

Do ponto de vista consolidado, neste negócio a operação do BTG conta com a equipe para dar um gás ao seu ambiente de crédito, que está em um dos seus melhores momentos na história.

A área de special situations do BTG integra os números da carteira de Corporate e SME Lending, que oferece crédito para pequenas, médias e até grandes empresas. 

No quarto trimestre do ano passado, essa área teve uma receita de R$ 742,8 milhões, um avanço de 15,6% em comparação ao trimestre imediatamente anterior. Contra o quarto trimestre de 2020, a alta foi de 24,5%, e no acumulado do ano o avanço foi de 63,1% ante 2020.

De acordo com a companhia, em todos os períodos e bases comparativas, o time de situações especiais apresentou bom desempenho, ganhando cada vez mais relevância dentro da operação da empresa.

Fonte: BTG Pactual RI

Vale a pena investir?

O BTG está tendo um ano agitado. Assim como os últimos anos, que aqueceram a disputa com a XP Inc., a empresa já anunciou aquisições relevantes desde o início deste ano

O banco tem procurado acelerar a criação de novas soluções, aumentando sua percepção de valor ao mercado, que outrora parecia tão concorrido e hoje parece se concentrar entre os bancos de investimento de André Esteves e Guilherme Benchimol. 

Na visão de especialistas, a complementaridade dos serviços do BTG tem sido a tônica da construção do ecossistema econômico da empresa, ao mesmo tempo em que as atividades core do banco seguem sendo muito bem executadas. 

Mesmo com a forte alta das ações em 2022, ainda há espaço para mais.

De acordo com dados compilados pela Refinitiv, apresentados na plataforma do TradeMap,  o preço-alvo mediano de sete analistas que acompanham a empresa é de R$ 33,50. Seis profissionais recomendam a compra das units do BTG Pactual, enquanto apenas um indica a manutenção dos papéis em carteira.

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