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BTG (BPAC11) espera seguir crescendo em 2022, mas vê mudanças no mix de receitas

Expectativa do banco é que o retorno sobre o patrimônio se mantenha no patamar de 20% neste ano

Foto: Divulgação

Depois de registrar resultados acima do esperado pelo mercado no quarto trimestre de 2021, com lucro líquido de R$1,8 bilhão, ante R$ 1,2 bilhão no mesmo período de 2020, o time de gestão do BTG Pactual (BPAC11) espera continuar crescendo em 2022, mas ressalta que os desafios do ano devem vir acompanhados de mudanças no mix de receitas.

No quarto trimestre, as receitas do banco foram de R$ 3,5 bilhões, contra R$ 2,8 bilhões no mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2021, o faturamento cresceu 49% para R$ 13,9 bilhões. Em relação ao lucro, a alta anual foi de 60%, para R$ 6,5 bilhões.

Outro destaque do balanço do banco foi o retorno sobre o patrimônio (ROAE) ajustado, que fechou 2021 a 20,3%. O patarmar deve ser mantido daqui para frente, afirmou a administração da companhia durante a teleconferência de resultados, nesta quarta-feira (16). No trimestre, o ROAE foi de 19,4%.

Apesar de afirmar que o BTG Pactual foi construído para ser um “all weather story”, isto é, para navegar bem em qualquer cenário, o CEO do banco, Roberto Sallouti, reconheceu que o contexto macroeconômico, com elevação da taxa de juros, deve criar mudanças no mix de receitas do banco.

As perspectivas, porém, seguem positivas. Segundo Sallouti, a expectativa é que o BTG continue se beneficiando dos investimentos recentes e da escala que foi atingida, com expansão de receitas principalmente nos segmentos de asset e wealth management e nas margens de crédito.

Apesar de enxergar uma mudança na postura dos investidores, com mais dinheiro indo para a renda fixa – campo em que há grande concorrência com os grandes bancos –, o BTG acredita que ainda tem muito espaço para crescer a mantém sua perspectiva otimista. “Talvez haja uma pequena desaceleração do nível que vinha excepcional, mas esperamos um crescimento bastante forte”, disse Sallouti.

“Esperamos crescimento forte de lucro líquido e receita, resultando em um ROAE de mais de 20%, ao mesmo tempo em que devemos manter um balanço muito robusto”, completou.

Resultados fortes na maioria dos negócios

No braço de investment banking, o CFO do BTG, João Marcelo Dantas, ressaltou que o patamar de receita, que caiu ao longo do trimestre para R$ 415 milhões, reflete as condições do mercado, com redução na emissão de ações.

Para 2022, a expectativa é de desafios, mas Dantas prevê que o peso do segmento de emissão de dívidas dentro do mix de receitas pode servir como proteção. “Essas receitas são menos voláteis, porque as empresas continuam a renovar seus passivos, independente do cenário”, afirmou.

Além disso, o fato de o BTG vir trazendo mais empresas para o mercado aumenta sua base de companhias ativas no mercado de capital, o que pode impulsionar o negócio de investment banking independentemente dos ciclos da economia, segundo Dantas. O executivo ressaltou também que as atividades de M&A e dívida continuam ativas.

No segmento de crédito, o BTG atingiu um recorde histórico de receitas, com crescimento anual de 45% do portfólio, para R$ 107 bilhões – enquanto a média dos principais bancos brasileiros, segundo Dantas, é de expansão de 10% a 12%. Isso, de acordo com ele, se deve principalmente ao segmento de pequenas e médias empresas, que cresceu cerca de 80% ao ano, e à penetração do banco em outros países da América Latina, onde sua participação de mercado tem espaço para crescer mais rapidamente.

Por outro lado, os resultados não foram tão positivos para o segmento de sales and trading. Ainda que as receitas tenham caído em relação ao terceiro trimestre, para R$ 917 milhões, o CFO relembrou que os números de julho a setembro foram inflados pela venda da participação do banco da CredPago. Desconsiderando esse fator, a receita do quarto trimestre supera à dos três meses anteriores.

Parte dos recursos obtidos com a venda da fatia na CredPago ainda será reconhecida ao longo dos próximos dois anos, o que pode afetar resultados futuros.

O maior destaque nessa área, na visão do banco, é que, ao mesmo tempo em que as receitas vêm crescendo, o uso de capital está caindo. “Isso demonstra diversificação maior de receita, com boa parte crescendo sem dependência do uso de balanço”, disse Dantas, citando receitas de corretagem, seguros e flow como exemplos.

No braço de asset management, o grande destaque é o total de ativos sob gestão, que alcançou R$ 553 bilhões, impulsionado pela maior capacidade de atrair clientes, segundo Dantas, que menciona a forte contribuição do negócio de administração fiduciária e da captação para fundos alternativos e de América Latina.

O crescimento também foi forte no segmento de consumer banking, com expansão significativa dos ROAEs. “Ao mesmo tempo em que temos a expansão do total de ativos, temos crescimento da receita superior ao de ativos, o que demonstra que conseguimos entregar ROAs maiores”, explicou Dantas. “Significa que estamos expandindo para segmentos mais rentáveis.”

O ano de 2022 trará novidades para o segmento de varejo, com unificação das marcas. O processo, segundo Roberto Sallouti, deve ser finalizado entre março e abril e, além de melhorar a experiência do cliente, traz como benefício a redução das despesas com marketing.

“Chegamos em um momento em que percebemos que os clientes estavam um pouco confusos com BTG+, BTG Pactual Digital, BTG+ Busines… Então resolvemos consolidar as nossas marcas, com toda a oferta de produtos integrada”, afirmou o executivo.

A receita do segmento de principal investments e participations, por sua vez, foi impulsionada pela equivalência patrimonial das participações na Eneva e na Prime Oil, o que foi parcialmente compensado por um maior custo de funding interno.

Finalmente, em termos de despesas e eficiência operacional, o banco aponta que a expansão dos custos diz respeito ao aumento do número de funcionários, de despesas administrativas com consultorias e parcerias, o que, segundo o banco, está dentro do esperado.

Números surpreendem o mercado

De maneira geral, os números reportados pelo BTG para o quarto trimestre surpreenderam positivamente o mercado. O lucro ficou acima das expectativas dos analistas do UBS, que destacaram a performance dos negócios de empréstimos para empresas e asset e wealth management e o início da normalização dos braço de investimentos.

O Itaú BBA também reconhece resultados sólidos e mais fortes do que o esperado para o trimestre, ressaltando o fato de as receitas menores do segmento de banco de investimentos do BTG terem sido mais do que compensadas por crescimento em outras áreas.

Analistas da Safra Corretora, em análise um pouco menos otimista, classificaram os resultados de faturamento como mistos, com a receita consolidada abaixo das expectativas, mas afirmaram que o lucro superou as projeções, “fechando um forte ano”.

Em relatórios distribuídos depois da divulgação do balanço, os analistas do UBS-BB mantiveram a classificação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 29, o que representa alta de 17,1% em relação ao valor de fechamento, de R$ 24,77.

O Safra e o Itaú BBA, por sua vez, recomendam compra para o papel, com preços-alvo de, respectivamente, R$ 31 e R$ 32,73 – upsides de 25% e 32%.

De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, seis das sete casas de análise consultadas recomendam compra para a ação, enquanto uma indica a manutenção do ativo na carteira. A mediana de preços-alvo fixados por analistas é de R$ 34, potencial de alta de 37%.

Os investidores também pareceram responder bem ao balanço. Por volta das 14h desta quarta-feira, a ação era negociada em alta de 1,25%, a R$ 25,08.

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