Ibovespa segue pares estrangeiros e cai 0,89%; Petz (PETZ3) e Méliuz (CASH3) lideram as perdas

Em um cenário de aversão ao risco ao redor do mundo, o Ibovespa acompanhou seus pares estrangeiros e fechou o pregão desta segunda-feira (22) em baixa de 0,89%, aos 110.500 pontos, com R$ 17,71 bilhões em volume negociado.

Com a queda de hoje, o saldo do índice no mês de agosto passou para avanço de 7,11%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano é de 5,42%.

O cenário de cautela também deu o tom das Bolsas estrangeiras. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 2,13%, o Dow Jones caiu 1,91% e o Nasdaq recuou 2,55%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 1,93%.

Política monetária em foco

Os mercados operam em compasso de espera pelo discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Jerome Powell, no simpósio anual do órgão em Jackson Hole nesta sexta-feira (26). A expectativa é mais indícios do comprometimento do Fed em combater a inflação.

Do outro lado do mundo, o Banco Central da China (PBoC) cortou suas taxas básicas de juros de 1 e 5 anos, em busca de estimular a economia, impactada pela política de Covid-zero e pelo racionamento de energia.

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Esse foi o segundo corte de juros promovido na China em uma semana na tentativa de promover estímulos para recuperação da economia. No primeiro semestre, a economia chinesa cresceu 2,5% em relação ao ano anterior, bem abaixo da meta de crescimento para o ano, de 5,5%.

Na sequência da decisão o minério de ferro subiu 1,47% na Bolsa de Dalian, a US$ 100 por tonelada, mas não foi suficiente para impulsionar as ações de mineradoras e siderúrgicas brasileiras.

O petróleo Brent, por sua vez, fechou em baixa de 0,25%, a US$ 96,48 por barril, diante de temores envolvendo a demanda chinesa. Pesam também as conversas do presidente americano Joe Biden com líderes franceses, alemães e ingleses sobre a retomada do acordo nuclear com o Irã, o que poderia aumentar a oferta da commodity.

Já no cenário econômico brasileiro, analistas ouvidos pelo Boletim Focus voltaram a reduzir suas projeções para a inflação de 2022, em meio aos impactos da redução do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) de energia, combustíveis e telecomunicações e à redução dos preços dos combustíveis pela Petrobras (PETR4).

Agora, a mediana dos especialistas espera uma alta de 6,82% do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor amplo), contra 7,02% na pesquisa anterior. Para 2023, a projeção também foi reduzida, após um longo período de revisões para cima: a atual projeção é de aumento de 5,33%, contra 5,38% na semana passada.

As expectativas para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2022 tiveram uma leve alta, de 2% na semana anterior para 2,02%. Para 2023, as projeções se reduziram de 0,41% para 0,39%.

As projeções para a taxa básica de juros, a Selic, foram mantidas em 13,75% no final deste ano e em 11% no final do ano que vem. Analistas também mantiveram suas expectativas para o câmbio em R$ 5,20, tanto para 2022 como para 2023.

Altas e baixas do pregão

No cenário de aversão ao risco, as maiores prejudicadas foram as ações mais ligadas aos juros e as empresas focadas no minério de ferro. No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de Petz (PETZ3), Méliuz (CASH3) e Embraer (EMBR3), com recuos de 7,07%, 4,38% e 4,66%, respectivamente.

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Na outra ponta, os papéis que mais subiram foram os de Americanas (AMER3), Petrobras (PETR4) e Positivo (POSI3), com ganhos de 22,49%, 2,14% e 2,12%, nesta ordem.

O anúncio feito na sexta-feira (22), após o fechamento do mercado, de que Sergio Rial, ex-presidente do Santander Brasil, assumirá o cargo de CEO da Americanas, animou o mercado.

Na visão de Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap, a opção por Rial mostra a diligência do conselho de administração da varejista. “Em sete anos, o executivo tornou o Santander um dos grandes bancos do Brasil, e a mais rentável vertical da instituição espanhola.”

Em relatório, os analistas de varejo da XP, Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, avaliaram a troca no comando como positiva, destacando que Rial pode agregar a companhia em quatro pontos principais. O primeiro, na visão deles, seria uma gestão focada no controle de custos e retorno. O segundo, por sua vez, é o seu perfil de liderança motivacional e inspirador.

Já o Itaú BBA destacou que a mudança é um “passo na direção certa”, na tentativa de “trazer novas ideias para uma das histórias de maior sucesso do varejo brasileiro”, comentaram Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e Gabriela Moraes, analistas da instituição, em relatório.

Criptomoedas

O mercado cripto voltou a operar no campo negativo neste início da semana, apesar de a queda ser bem menos intensa do que a observada na sexta-feira (19), quando chegou a perder quase 10%.

O clima de cautela sobre os próximos passos da política monetária americana continua rondando o cenário macro e penalizando os ativos de risco.

Por volta das 16h50, o Bitcoin (BTC) registrava queda de 0,8% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 21.110, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

O Ethereum (ETH) também freou a queda, com sinais de que o mercado de criptoativos segue na expectativa pela atualização da rede, programada para ser concretizada em meados de setembro.

Na mesma hora, a segunda principal moeda do mercado registrava perda de 1%, negociada a US$ 1.564.