Na quinta alta seguida, Ibovespa resiste a tensões externas e avança 0,29%

Mais uma vez, fluxo externo a países emergentes sustentou Bolsa brasileira

Foto: Shutterstock

Apesar da tensão geopolítica no leste europeu, que pressionou as Bolsas ao redor do mundo, o Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (14) em alta de 0,29%, aos 113.899 pontos, sustentado pelo fluxo estrangeiro em países emergentes. O movimento marca o quinto avanço consecutivo do índice, período no qual acumulou valorização de 1,7%, e se consolidou mesmo com a queda das ações da Vale (VALE3) e da Petrobras (PETR4).

O volume negociado no Ibovespa chegou a R$ 20,14 bilhões. No ano até o momento, o índice sobe 8,66%, enquanto apenas em fevereiro, avança 1,78%.

Já as bolsas estrangeiras seguiram a tendência de queda iniciada na sexta-feira (11), quando foram derrubadas pela escalada das tensões geopolíticas no leste europeu.

Em Nova York, o S&P 500 teve queda de 0,42%, o Dow Jones perdeu 0,49% e o Nasdaq recuou 0,03%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 caiu 2,18%.

Na sexta, surgiu a informação de que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, já teria tomado a decisão de invadir a Ucrânia e comunicado essa resolução às Forças Armadas.

Hoje, a aversão ao risco continuou, após os Estados Unidos reiterarem no fim de semana que os russos podem invadir a Ucrânia a qualquer momento.

Durante a tarde, o portal de notícias CBS News informou que imagens de satélite mostram movimentação de tropas russas para posições de ataque, citando autoridades do governo americano como fontes.

Neste cenário de risco, commodities como o petróleo e o cobre operaram em alta. Apesar do avanço, com o Brent encerrando o dia com alta de 2,16%, a US$ 96,48, as ações de petroleiras figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa, sentindo o peso das incertezas sobre o patamar de preço da commodity, mais volátil devido às tensões geopolíticas.

“Do jeito que a tensão está, não parece que irá diminuir no curtíssimo prazo. Isso pode aumentar a volatilidade desses ativos nos próximos dias”, aponta o sócio da Legend Investimentos, José Simão.

A maior queda do Ibovespa partiu das ações ordinárias da Petrobras (PETR3), com recuo de 2,58%. Destaque negativo também para o papel preferencial da estatal (PETR4), que caiu 2,25%, e para a ação da 3R Petroleum (RRRP3), que recuou 1,32%.

A possibilidade de invasão da Ucrânia pela Rússia mantém os preços do petróleo perto do maior nível desde o fim de 2014 e norteia o mercado neste momento, mas a valorização estimula a retomada da produção nos Estados Unidos e aumenta a chance de um mercado com mais oferta do que demanda pela commodity no fim do ano, segundo o banco ING.

O minério de ferro, por sua vez, registrou queda em meio a notícias de investigações sobre a alta dos preços na China, derrubando os papéis da Vale, que fecharam em baixa de 0,44%.

Brasília segue no radar

Por aqui, as negociações em torno das propostas de desoneração dos combustíveis seguem no radar.

Às 19h desta segunda, autoridades do governo federal e os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, irão se reunir com ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir se é legal a aprovação de alguma proposta legislativa que reduza o preço dos combustíveis em um ano eleitoral.

Na terça-feira, o Senado deve votar dois projetos, um deles envolvendo a criação de uma conta de compensação com dividendos na Petrobras. No sábado, o presidente Jair Bolsonaro declarou que está trabalhando com a Petrobras para reduzir os preços dos combustíveis sem alterar a política de preços da estatal, sem dar mais detalhes.

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Nesta segunda, o presidente viaja para a Rússia, após convite de Vladimir Putin. Bolsonaro irá participar de encontro com empresários russos para tratar, principalmente, da compra de fertilizantes.

Os investidores também digeriram dados hoje do Boletim Focus, que mostraram um aumento das expectativas do mercado para o nível da taxa básica de juros ao fim de 2022. Os analistas elevaram a estimativa para a Selic de 11,75% para 12,25% neste ano, e também aumentaram a previsão de inflação em 2022 de 5,44% para 5,50%.

Além disso, para 2023, o mercado diminuiu a previsão de crescimento do PIB de 1,5% para 1,3%.

Na cena corporativa, investidores aguardam ainda a divulgação dos balanços de Banco do Brasil (BBAS3), Itaúsa (ITSA4) e Engie (EGIE3), depois do fechamento.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa partiram de Banco Inter (BIDI11), Petz (PETZ3) e Hypera (HYPE3), com ganhos de 7,84%, 6,59% e 4,35%, respectivamente. Na ponta oposta, além de Petrobras, Marfrig (MRFG3) e Via (VIIA3) lideraram as quedas, com perdas de 2,53% e 2,43%.

Ações ligadas ao consumo doméstico, como a Petz, também lideraram os destaques positivos, depois de forte queda no último pregão. Destaque também para Americanas (AMER3) e Raia Drogasil (RADL3), que avançaram 3,63% e 3,24%, nessa ordem.

Fora do Ibovespa, as ações preferenciais da Oi (OIBR4) tiveram forte queda de 3,11% depois de a Securitires and Exchange Commission (SEC, equivalente à CVM dos EUA) efetivar o cancelamento do registro da companhia, que não tem impacto sobre a listagem das ações no Brasil.

Também fora do índice, a Dommo Energia (DMMO3) caiu 8,99% depois de perder uma disputa contra a Petronas iniciada em 2019, relativa ao cancelamento da venda de uma fatia de 40% na concessão de blocos de exploração.

No exterior, além das questões geopolíticas, o mercado aguarda para amanhã a fala de Jerome Powell, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), antes da divulgação da ata do Comitê Federal do Mercado Aberto do banco (Fomc).

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