A possibilidade de invasão da Ucrânia pela Rússia mantém os preços do petróleo perto do maior nível desde o final de 2014 e norteia o mercado neste momento, mas esta valorização estimula a retomada da produção nos Estados Unidos e aumenta a chance de um mercado com mais oferta do que demanda pela commodity no final do ano, segundo o banco ING.
Desde o final do ano passado os especialistas preveem que em 2022 o mercado de petróleo passará de uma situação deficitária, com mais demanda do que oferta da commodity, para uma superavitária, com mais oferta que demanda — algo que poderia contribuir inclusive para enfraquecer a inflação em vários países, como o Brasil.
Segundo o ING, o ambiente de preços mais altos pode fortalecer este cenário ao aumentar a produção de petróleo nos Estados Unidos. Dados divulgados na sexta-feira (11) mostraram a maior elevação semanal no número de plataformas de petróleo em operação no país desde 2018. “Também foi a primeira vez desde abril de 2020 que a contagem de plataformas ativas passou de 500”, disse o ING.
Na semana passada, o Citi estimou que o ponto de inflexão do déficit para o superávit será a partir do segundo trimestre deste ano.
Demanda por petróleo ainda é maior que oferta
Por enquanto, o mercado ainda está consumindo mais petróleo do que produz.
A AIE (Agência Internacional de Energia) afirmou que em dezembro do ano passado os estoques de petróleo da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) estavam nos menores níveis em aproximadamente sete anos, refletindo o consumo destas reservas para compensar a oferta reduzida.
A agência espera que o mercado mundial volte a ter um excedente de petróleo neste ano, mas apontou que esta previsão vem acompanhada de algumas ressalvas e depende, em particular, do nível de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e países aliados — grupo conhecido como Opep+.
“Os países produtores que não são da Opep+ podem agregar 2,0 milhões de barris por dia à oferta, e se a Opep+ desfizesse inteiramente os cortes de produção, aumentaria a produção em 4,3 milhões de barris por dia”, disse a agência, acrescentando que a demanda mundial deve aumentar em 3,2 milhões de toneladas em 2022.
Rússia faz parte da Opep+
A Rússia, que está no centro das tensões geopolíticas atuais, é um grande produtor e exportador de petróleo e gás natural. O país está no grupo de nações da Opep+ e vem controlando sua própria oferta para ajudar no esforço do cartel de manter a oferta de petróleo em níveis limitados.
O receio do mercado é de que a oferta de petróleo russo possa diminuir ainda mais em caso de um conflito armado entre a Rússia e Ucrânia, em particular diante da chance de intervenção militar e econômica dos Estados Unidos e dos países europeus.