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Renda fixa: vale investir em prefixado ou Tesouro IPCA? Veja as sugestões de XP e Vitreo

Felipe Dexheimer, gestor da XP Investimentos, e Francisco Levy, estrategista-chefe da Vitreo Wealth Management, discutem as oportunidades em um cenário de juros elevados

Foto: Shutterstock

(Esta matéria foi alterada às 18h10 do dia 06/07/2022 para inserir as informações da live.)

A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,25% ao ano e deverá se manter em patamares elevados ao menos até meados de 2023. Inflação alta, temor de uma recessão global e risco fiscal no Brasil estão entre os fatores que justificam esses juros. Nesse cenário, quais são as melhores opções na renda fixa?

A busca por investimentos tidos como mais conservadores ganha ainda mais relevância em meio à queda da Bolsa brasileira, que chegou a 6% no primeiro semestre do ano.

Para falar sobre as oportunidades de investimentos nessa categoria e sobre os riscos no horizonte, a TradeLive conversou nesta terça-feira (5), com Felipe Dexheimer, gestor de fundos da XP Asset, e Francisco Levy, estrategista-chefe da Vitreo Wealth Management. Confira os principais trechos da live:

Os melhores investimentos na renda fixa

Embora a renda fixa esteja atrativa com o atual patamar de juros, investidores precisam ficar atento às características dos ativos e aos prazos de vencimento.

“CDI é uma delícia pagando 1% ao mês, mas pena que não dura muito. O importante é pensar em termos de portfólio e em como perpetuar bons ganhos”, diz Levy.

Como a expectativa é que a inflação comece a ceder, ficando mais próximo da meta a partir de 2023, a sugestão é ter uma parte da carteira em prefixados para garantir as taxas atuais. A meta para o ano que vem é de 3,25%, com o IPCA podendo variar entre 1,75% e 4,75%. A de 2024 é de 3% e, com a margem, pode ir de 1,5% a 4,5%.

“Prefiro prefixados de três ou quatro anos combinados com títulos de inflação de cinco anos e até um pouco mais longos”, conta.

Levy explica que, normalmente, considera uma alocação de 10% em papéis prefixados, 10% em papéis corrigidos pela inflação de curto prazo (até cinco anos) e 5% naqueles com prazo maior.

Com o bom momento da renda fixa, ele vê espaço para ter 20% em produtos com retornos prefixados, 20% em inflação (como Tesouro IPCA) de curto prazo e outros 7,5% em longo prazo (acima de cinco anos).

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O aumento dessa exposição em renda fixa partiu da redução dos investimentos no exterior.

Dexheimer, da XP Asset, afirma que é preciso pensar que há um risco de realocação, que foi o que ocorreu com os investidores que apostaram em papéis pós-fixados com vencimentos entre 2014 e 2016, quando a Selic estava em 14,25% ao ano, e que carregaram essa posição até 2018, quando a taxa básica chegou a 6,5%.

“Eu brinco que o CDI a 1% é o açúcar do investidor. Você sempre quer mais, mas pode ter uma consequência no futuro”, conta.

Para se proteger com renda fixa, o gestor recomenda os títulos corrigidos pela inflação.

Para ele, esses papéis funcionam como proteção em caso de um cenário em que um novo governo precise elevar os impostos. Nesse caso, a relação entre a dívida do país e PIB se estabilizaria e os juros cairiam, mas o investidor desse papel teria o ganho real inalterado.

Já em um cenário de um governo que acelere os gastos e volte a pressionar a inflação, o investidor estaria protegido.

O gestor da XP considera que é possível ter 20% do patrimônio em títulos corrigidos pela inflação, com um prazo médio de vencimento de seis anos. O papel mais longo que ele indica é o Tesouro IPCA+ 2035.

Vale aplicar no exterior?

Enquanto Levy indica a redução de posições em bolsas no exterior e a destinação desses recursos para aumentar os investimentos em renda fixa no Brasil, o gestor da XP prefere manter a exposição lá fora, mas com uma migração da classe de ativos.

Dexheimer afirma que está retirando recursos de bolsas americanas e alocando em renda fixa global – lembrando que as taxas de juros nas principais economias do mundo ainda estão no início do processo de alta.

O gestor da XP destaca que o fundo XP DNA Strategy tinha até o ano passado 2% em renda fixa global. No fim do semestre, essa fatia chegou a 4% e está caminhando para a faixa entre 7% e 8%.

Bolsa brasileira barata

Com uma avaliação unânime, os especialistas acreditam que a Bolsa está barata e que o investidor pode perder essa oportunidade ao buscar apenas os ganhos da renda fixa.

“A gente tem aumentado a exposição em Bolsa brasileira. Apesar de todas as críticas, o Ibovespa está em um patamar que a gente não via há 20 anos”, diz Dexheimer.

Segundo o gestor, a relação, ou múltiplo, entre o preço do Ibovespa e o lucro das empresas do índice está em pouco mais de cinco vezes. Isso significa que, em um prazo de cinco anos, só com a distribuição dos lucros, o investidor recuperaria o valor investidor na ação. A média histórica desse múltiplo é de mais de dez vezes.

Levy lembra que a Bolsa está mais barata que em 2008, quando eclodiu a crise financeira global e, ao ficar de fora da Bolsa agora, o investidor pode pagar preços mais caros quando a recuperação começar.

“Sair da Bolsa para ir para a renda fixa pode ser uma estratégia legal, mas o investidor precisa pensar que o investimento é algo dinâmico e é preciso pensar no reinvestimento”, assinala.

Apesar de a Bolsa estar nesse patamar considerado atrativo, no primeiro semestre do ano, os fundos de renda fixa captaram quase R$ 90 bilhões.

Perfil

Dexheimer está na XP desde 2019. Antes, foi sócio e responsável pela alocação das carteiras da BAWM Investimentos e também foi o responsável por alocação focada em Brasil na GPS Investimentos (atual Julius Baer). É formado em administração de empresas pela USP (Universidade de São Paulo) e é mestre em economia pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Já Levy entrou na Vitreo em fevereiro deste ano, na qual assumiu o cargo de estrategista-chefe. Anteriormente, ele estava na gestora Allea, que teve a carteira migrada para a Vitreo Wealth. Também teve passagens pelo Banco Itaú e UBS. É formado em engenharia pela Universidade Mackenzie e mestre em economia pela USP.

 

 

 

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