Ibovespa recua com incertezas externas e foco doméstico no IOF e dados do varejo

Foto: Shutterstock/KanawatTH

Nesta terça-feira (08), o Ibovespa abriu em queda de 0,12%, aos 139.323 pontos, refletindo o clima de cautela que domina os mercados diante da indefinição sobre as políticas tarifárias dos Estados Unidos. A prorrogação do prazo para a imposição das novas tarifas, sinalizada por Donald Trump, foi recebida com ambiguidade, mantendo os investidores na defensiva. No Brasil, o mercado acompanha com atenção a nova rodada de embates entre o Executivo e o Congresso em torno do decreto que elevou o IOF, além da divulgação de dados relevantes sobre o comércio varejista.

No cenário externo, Trump afirmou que as novas tarifas sobre produtos importados devem começar a valer em 1º de agosto, mas disse que essa data “não é 100% definitiva”, deixando a porta aberta para eventuais recuos. Na segunda-feira, o presidente enviou cartas a 14 países, entre eles Japão e Coreia do Sul, comunicando que bens oriundos desses locais estariam sujeitos a tarifas recíprocas que variam entre 25% e 36%. A medida adia a entrada em vigor de parte do tarifaço originalmente previsto para 9 de julho, ampliando o período de incerteza que paira sobre o comércio global.

A resposta internacional foi imediata. A diretora executiva do Centro Internacional de Comércio da ONU, Pamela Coke-Hamilton, declarou que a extensão do prazo agrava a instabilidade comercial, prejudicando investimentos de longo prazo e acordos multilaterais. Já a China reagiu de forma mais incisiva, ameaçando retaliar países que fecharem acordos comerciais com os Estados Unidos com o objetivo de fragilizá-la nas cadeias globais de suprimento.

Essa nova onda de incertezas afeta diretamente os ativos de países emergentes, como o Brasil, que na segunda-feira foi citado indiretamente como potencial alvo de sobretaxa por estar alinhado ao bloco do BRICS. A percepção de risco recuou nesta terça-feira, mas o mercado segue volátil, à espera de novos desdobramentos.

No front doméstico, o presidente Lula recebe o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, para uma série de eventos oficiais, com destaque para a declaração conjunta à imprensa às 12h30. A reunião faz parte das tratativas do BRICS e pode sinalizar alinhamentos estratégicos em meio ao novo cenário geopolítico. Paralelamente, o ministro Fernando Haddad concede entrevista ao jornal Metrópoles, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, voltou a defender publicamente o decreto que elevou o IOF, alegando que o Executivo está defendendo sua capacidade constitucional de governar. Para ele, a derrubada do decreto pelo Congresso compromete a autoridade do governo sobre instrumentos fiscais essenciais.

Do lado dos dados econômicos, o IBGE informou que as vendas do varejo caíram 0,2% em maio ante abril, influenciadas principalmente pela retração de 1,7% nas vendas de combustíveis e lubrificantes — a terceira queda seguida no segmento. Na comparação anual, houve crescimento de 2,1%. Já o varejo ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, teve alta de 0,3%, abaixo das expectativas de mercado.

Assim, em meio à volatilidade externa, indefinições fiscais internas e indicadores mistos, o Ibovespa segue operando de forma lateralizada, com os investidores atentos a qualquer sinal que possa redefinir o rumo da política monetária nos EUA ou do ajuste fiscal brasileiro.

Por volta das 10h37, as listas das maiores altas e baixas eram dominadas por:

 

Altas

 

  • Brava Energia (BRAV3): +2,71%

 

  • Cyrela (CYRE3): +1,33%

 

  • São Martinho (SMTO3): +1,32%

 

 

Baixas

 

  • Engie (EGIE3): -1,80%

 

  • Azzas (AZZA3): -1,81%

 

  • Sabesp (SBSP3): -1,63%

 

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