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Santander (SANB11) deve ter nova queda do lucro no 4º trimestre, com provisões em alta

Estimativas de lucro líquido recorrente vão de R$ 2,6 bilhões a R$ 2,89 bilhões para o período

Foto: Shutterstock/Brenda Rocha - Blossom

O Santander Brasil (SANB11) — um dos bancos que mais decepcionaram o mercado na temporada de balanços passada, referente ao terceiro trimestre — deve mais uma vez apresentar números nada animadores, com a divulgação dos resultados dos últimos três meses do ano passado, prevista para a manhã de quinta-feira (2), antes da abertura do pregão.

Segundo previsões de analistas consultados pela Agência TradeMap, a expectativa do mercado é que o Santander tenha mais um trimestre de retração no lucro, afetado principalmente por desembolsos maiores para se proteger de calotes e resultados negativos em operações de crédito com outras instituições financeiras.

As quatro projeções levantadas (UBS BB, BTG Pactual, XP e Genial) para o lucro líquido recorrente vão de R$ 2,6 bilhões a R$ 2,89 bilhões. O número mais pessimista, o calculado pela Genial, representa queda de 33,6% em relação a igual trimestre de 2021. Já a mais otimista, a do BTG, representa recuo de 25%.

Concessão de crédito

Na temporada passada, o Santander e o Bradesco foram os dois bancos, entre os grandes listados na Bolsa, que se mostraram mais expostos à piora do crédito para pessoa física. Com o aumento dos juros no Brasil, a inadimplência tem aumentado, e essas são as duas instituições financeiras que mais têm sofrido com o cenário.

Essa piora levou o Santander, além do Bradesco, a pisar no freio na concessão de crédito para pessoa física, em especial para linhas de maior risco. O banco tem preferido fazer empréstimos que possam contar com algum tipo de garantia em caso de calote, como o financiamento de veículos ou imóveis.

Embora busque diminuir riscos, essa política acaba gerando ganhos menores, uma vez que créditos mais “seguros” têm margens mais tímidas.

Na visão dos analistas da Genial, o balanço do Santander para o quarto trimestre deve mostrar que o banco continua cauteloso, com um crescimento contido para a carteira de crédito. A corretora estima avanço de apenas 2,7% em relação ao terceiro trimestre.

Além disso, a Genial acredita que o crédito para pessoa física no quarto trimestre foi afetado negativamente pela atenção voltada à Copa do Mundo e por um consumo mais fraco no Natal e nas festividades de fim de ano.

Para as carteiras de grandes empresas, a corretora também espera menor crescimento do crédito, “por conta de um cenário mais avesso ao risco.” Já nas pequenas e médias empresas, o avanço deve ser um pouco maior, em razão “da maior necessidade de capital de giro no final de ano.”

A Genial projeta também que o Santander vai novamente elevar as reservas contra calotes, chamadas pelo mercado de provisões para devedores duvidosos (PDDs), a um ritmo de 4,3% em relação ao trimestre anterior, impactadas principalmente por safras mais antigas de crédito que contam com uma taxa de inadimplência maior.

Vale ressaltar que a projeção da Genial não considera o efeito Americanas (AMER3), da qual o Santander é credor. A expectativa do mercado é que o banco aumente as provisões em algum momento para “cobrir” o risco da varejista, mas ainda não se sabe quando e qual será o tamanho do montante dedicado.

Os analistas da XP, por sua vez, esperam que a carteira de crédito do Santander acelere em relação ao terceiro trimestre, mas ainda em um ritmo mais lento do que seus pares, a 2,8% de alta, e atingindo uma expansão anual de 7,5% em 2022.

Isso deve levar a margem financeira bruta do Santander, diz a XP, a crescer 2,6% no quarto trimestre em relação ao terceiro, mas ainda com recuo de 8,7% na comparação com o mesmo período de 2021 “devido em grande parte a uma menor margem com o mercado”, que deve mais do que compensar o crescimento de 16,7% na margem com clientes no quarto trimestre, no mesmo tipo de comparação.

A margem com o mercado é como o setor chama o que um banco ganha em operações de crédito com outras instituições financeiras, que servem para captar recursos que serão direcionados a empréstimos aos clientes finais, pessoas físicas ou empresas que precisam de crédito.

Com a rápida alta da Selic ao longo dos últimos dois anos, a captação de dinheiro ficou mais cara para os bancos, que não conseguiram repassar esse aumento para os clientes na mesma velocidade, gerando perdas nas operações com outras instituições financeiras. O Santander e o Bradesco foram também os que mais sofreram com isso.

Inadimplência

Para a taxa de inadimplência do Santander, a XP prevê um nível um pouco maior no quarto trimestre, de 3,1%, contra 3% no trimestre anterior, “mas ainda em níveis controlados” e com um índice de cobertura que a corretora considera saudável, estimado em 225%. “Isso deve fazer com que seus resultados continuem pressionados no quarto trimestre”, afirma a XP, que prevê lucro líquido recorrente de R$ 2,7 bilhões e rentabilidade (ROE) de 17,2%.

Já a Genial e o UBS BB estimam ROEs menores, de 12,4% e 13,3% no quarto trimestre, respectivamente, abaixo do nível de quase 20% anotado em igual período do ano anterior.

 

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