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Como a Americanas (AMER3) vai impactar o lucro dos bancos, segundo a Moody’s

A agência espera que os bancos provisionem ao menos 30% da exposição que têm à varejista

Foto: Shutterstock/thiago bacelar

Após a divulgação da lista de credores e a dívida consolidada da Americanas (AMER3), o mercado avalia os próximos passos da recuperação judicial da varejista.

Do outro lado, porém, há impactos sobre a indústria dos bancos, que poderiam desencadear um aperto na concessão de crédito para o setor de varejo, além de a exposição à Americanas influenciar negativamente os resultados das instituições financeiras. 

Em relatório divulgado na última quinta-feira (26), a Moody’s, agência de classificação de risco, apontou que a exposição do setor bancário à dívida total da Americanas equivale a 70% de todos os compromissos da varejista.

Isto é, cerca de R$ 29 bilhões emprestados pelas instituições agora estão em compasso de espera, no aguardo do desenrolar do processo de recuperação judicial da companhia. 

Dentre os players brasileiros, os maiores credores são:

  • Bradesco: R$ 4,8 bilhões;
  • Santander: R$ 3,6 bilhões;
  • BTG Pactual: R$ 3,5 bilhões;
  • BV: R$ 3,2 bilhões;
  • Itaú: R$ 2,9 bilhões;
  • Safra: R$ 2,5 bilhões ;
  • Banco do Brasil: R$ 1,3 bilhão;
  • Caixa Econômica: R$ 501 milhões.

De acordo com a agência, em função da falta de regulação específica que rege o provisionamento para perdas em empréstimos para empresas em recuperação judicial, cada um dos bancos avaliará a forma de contenção de perdas – mas certamente, a avaliação de crédito da Americanas irá despencar.

A Moody’s espera que os bancos provisionem ao menos 30% da exposição que têm à Americanas. Contudo, baseado em recuperações judiciais passadas, as instituições podem ser mais conservadoras ainda e provisionarem entre 50% e 100% das exposições.

Quanto Americanas pode impactar no lucro dos bancos

As provisões são recursos destinados para perdas esperadas nas concessões de crédito, com base na classificação do risco do banco.

Se os calotes não forem efetivados, já que se tratam de estimativas, o banco pode reverter os recursos, como um estorno da despesa reconhecida, que se traduz em resultado futuro. Por outro lado, se os empréstimos forem classificados como perdas, as provisões servem como colchão.

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Essas provisões realizadas são tiradas do resultado do banco. Com isso, quanto maior a provisão, maior o impacto sobre o lucro.

Dada a perspectiva de provisões adicionais especificamente para o caso da Americanas, a Moody’s espera que os resultados do quarto trimestre já comecem a apresentar as provisões iniciais.

Como o pagamento das dívidas pela Americanas está suspenso pela Justiça, os dois primeiros trimestres de 2023 também devem apresentar provisões mais fortes.

De acordo com a agência, a exposição total do Bradesco à Americanas é equivalente a 21,2% do lucro dos 12 meses anteriores a setembro de 2022. A maior proporção é do Safra, com 114,8% do lucro no período.

Banco Exposição (R$ bilhões) Lucro UDM (R$ bilhões) % do lucro
Bradesco 4,80 22,70 21,2
Santander 3,65 17,12 21,3
BTG 3,51 9,86 35,6
Itaú 2,77 29,44 9,4
Safra 2,53 2,20 114,8
Banco do Brasil 0,13 33,60 4
Daycoval 0,51 1,28 39,9
Caixa 0,50 12,58 4
ABC Brasil 0,42 1 41,7
BNDES 0,28 41,25 0,7
BV 0,20 2,08 9,6

A Moody’s menciona que BTG Pactual e Banco ABC Brasil têm baixas provisões para além do obrigatório pela regulação, então o impacto no lucro pode ser maior. Por outro lado, Safra e Daycoval têm altas provisões para perdas esperadas, o que pode acomodar o impacto no resultado líquido.

Embora percentualmente a exposição do setor bancário à Americanas seja pequena em relação às carteiras de crédito das instituições, assim como em comparação aos seus patrimônios líquidos, as provisões podem ser o catalisador de balanços fracos ao longo dos próximos meses. 

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