A perspectiva mais positiva para o crescimento da economia neste ano e a aproximação do fim do ciclo de alta de juros no Brasil contribuíram para a terceira alta seguida do Ifix em maio, quando o índice que acompanha os fundos imobiliários na Bolsa registrou leve alta de 0,26%.
Em um cenário de retomada da economia, os fundos de tijolos ganham atratividade, uma vez que ainda estão com preços descontados em relação ao valor patrimonial. Além disso, a volta do crescimento do setor de serviços e notícias de fusões e aquisições (conhecidas pela sigla em inglês M&A) nos segmentos de lajes corporativas e shoppings podem gerar um retorno adicional para essas carteiras.
“Reiteramos que a recuperação esperada no setor de serviços e o retorno da mobilidade deverão contribuir para a maior rentabilidade dos aluguéis nos fundos de tijolo. Este movimento, aliado a discussões sobre o fim do ciclo de aperto monetário, devem contribuir para o retorno dos proventos a patamares competitivos para o mercado”, destacou o Inter Research, em relatório de junho.
No portfólio compilado pela Agência TradeMap a partir das indicações de 12 corretoras para junho, houve duas substituições: saíram os fundos RBR Rendimento High Grade (RBRR11) e Kinea Índices de Preços (KNIP11), de recebíveis, e entraram as carteiras BTG Pactual Logística (BTLG11), de logística, e CSHG Recebíveis Imobiliários (HGCR11), de recebíveis.
Confira a seguir os cinco fundos imobiliários mais recomendados para junho.
Fundos | Segmento | Número de indicações |
Fontes: BTG Pactual, Guide Investimentos, Genial Investimentos (Carteira Renda), Inter Invest, BB Investimentos (Carteira Renda), Mirae, Órama (Carteira Renda), Terra Investimentos, Ativa Investimentos, Levante, Santander e Itaú Unibanco. | ||
Bresco Logística (BRCO11) | Logística | 7 |
CSHG Real Estate (HGRE11) | Escritórios | 6 |
CSHG Recebíveis Imobiliários (HGCR11) | Recebíveis | 6 |
Vinci Shopping Centers (VISC11) | Shopping centers | 4 |
BTG Pactual Logística (BTLG11) | Logística | 4 |
M&As aumentam atratividade de lajes corporativas
A redução das taxas de vacância com a volta do trabalho híbrido nos escritórios e o aquecimento das operações de fusões e aquisições envolvendo imóveis corporativos têm aumentado a atratividade dos fundos imobiliários de lajes corporativas.
Em maio, a Brokefield comprou 12 torres corporativas da BR Properties (BRPR3) por R$ 5,92 bilhões. A gestora GTIS Parteners, por sua vez, vendeu sua participação no Infinity Tower, edifício que abriga as sedes do Credit Suisse, Goldman Sachs, Meta e Bloomberg na Faria Lima, por R$ 850 milhões, para as empresas do empresário Firmino Lúcio.
“Essas transações mostram que, para os ativos bem localizados e de qualidade, há demanda e isso pode trazer um potencial de ganho de capital para as carteiras”, diz Anna Clara Tenan, analista de research de FIIs/Fiagros da Órama.
Tenan afirma que a questão já está se refletindo nos fundos imobiliários e lembra que a gestão ativa dos ativos do fundo de lajes HGRE11, um dos listados na carteira recomendada de junho, tem permitido gerar ganho adicional para as cotas.
A venda do imóvel na Verbo Divino, na cidade de São Paulo, e a redução da taxa de vacância permitiram ao HGRE11 aumentar a distribuição de dividendos, que passou de R$ 0,69 por cota para R$ 0,78 por cota desde abril. “Para os próximos meses, o time de gestão entende que este será o patamar sustentável de distribuição por cota”, aponta a CSHG, gestora do fundo, em relatório gerencial.
“Incluímos o fundo HGRE11 na carteira recomendada de junho por conta do potencial de ganho de capital, uma vez que o fundo tem vendido os ativos menos atrativos e focado naqueles com menor potencial de vacância”, diz Gabriel Teixeira, analista de fundos imobiliários da Ativa Investimentos.
O fundo reduziu a taxa de vacância para 26% em abril e espera diminuir ainda mais nos próximos meses.
“Seguimos confiantes com a tese de investimento do HGRE11, pelo elevado desconto em relação ao seu valor patrimonial [negociando a 0,8 vez o preço/valor patrimonial] e pelo fato de acreditarmos que as locações dos ativos vagos tendem a destravar rendimentos interessantes para o fundo mais à frente”, diz o BTG, em relatório.
Melhora do setor de serviços beneficia shoppings
Outro segmento de tijolos que tem mostrado recuperação é o de shopping centers. O setor teve um crescimento de 34,8% nas vendas no primeiro trimestre de 2022, segundo dados da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers).
No caso do fundo VISC11, indicado para junho, o desempenho já voltou aos níveis pré-pandemia, com expansão das vendas totais/m² nas mesmas lojas de 17,2% em março em relação ao mesmo mês de 2019, segundo informações do último relatório gerencial do fundo.
O portfólio conta com patrimônio líquido de R$ 2 bilhões e é composto por 19 shoppings em 12 estados. “Os shoppings tiveram uma melhora da estrutura de custo, mas ainda operam abaixo do valor patrimonial”, diz Teixeira, da Ativa.
A Santander Corretora vê os FIIs de shopping centers como o segundo segmento mais atrativo entre os portfólios de tijolos, só atrás dos galpões logísticos. “Bons ativos, bem localizados, tendem a ter uma taxa de ocupação estável”, diz Flavio Pires, analista de fundos imobiliários.
Ele chama a atenção, no entanto, para a alta alavancagem financeira do setor, que representa, em média, um quarto do patrimônio líquido dos fundos, maior que o de outros segmentos.
CARE11 lidera ganhos no Ifix em maio
O fundo Brazilian GraveyardDeath Care (CARE11) teve o maior retorno entre os FIIs da carteira do Ifix em maio, segundo levantamento do TradeMap.
O portfólio tem como foco a consolidação do setor de cemitérios, jazigos e serviços funerários e possui patrimônio líquido de R$ 284 milhões.
Em maio, o fundo vendeu um imóvel por R$ 19 milhões, mas tem usado os recursos levantados com as vendas para financiar a consolidação do setor por meio de aquisições. “
O objetivo hoje é mais crescer do que distribuir rendimentos e vejo uma oportunidade de ganho de capital no médio prazo”, afirmou Francisco Garcia, diretor comercial da Zion, gestora do fundo em entrevista a Agência TradeMap em 11 de maio.
O fundo não distribui dividendos desde setembro de 2021 e espera retomar o pagamento só em 2023.
Veja os cincos fundos que lideraram os ganhos do Ifix em maio.
Fundo | Segmentos | Rentabilidade em maio* |
Brazilian GraveyardDeath Care (CARE11) | Cemitério | 22,25% |
Hectare Crédito Estruturado (HCTR11) | Recebíveis | 8,36% |
AF Invest Cri (AFHI11) | Recebíveis | 6,19% |
Urca Prime Renda (URPR) | Recebíveis | 5,77% |
Riza Akin (RZAK11) | Recebíveis | 4,36% |
Fonte: TradeMap. *Considera a variação da cota na Bolsa ajustada pelos eventos no período, inclusive a distribuição de dividendos. |
Com a inflação e a taxa de juros em alta, os fundos de recebíveis continuam liderando as altas na Bolsa, uma vez que compram papéis atrelados ao CDI e a índices de preços.
A analista da Órama destaca que é importante o investidor ter uma carteira diversificada de FIIs e vê os fundos de recebíveis ainda como atrativos por entregarem dividendos mais elevados, sendo ainda interessantes diante de um cenário de incertezas com eleições à frente.
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