Maiores altas e baixas do Ibovespa na semana

Shutterstock/Golden Dayz

A semana de 6 a 12 de julho de 2025 foi marcada por eventos econômicos e geopolíticos relevantes, que influenciaram diretamente o desempenho do Ibovespa. O destaque internacional ficou por conta da 17ª Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho. Durante o encontro, os líderes dos países membros defenderam o multilateralismo, criticaram políticas protecionistas e manifestaram apoio ao cessar-fogo em Gaza. O Brasil foi elogiado pelo seu potencial de protagonismo na transição energética global. Um dos pontos mais relevantes veio do primeiro-ministro da China, Li Qiang, que solicitou a reabertura do mercado chinês às exportações brasileiras de frango e reforçou o interesse em ampliar a cooperação bilateral em áreas como economia verde, digital, inovação e tecnologia aeroespacial. 

  

No cenário interno, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE, apresentou alta de 0,24% em junho. No acumulado de 12 meses, a inflação alcançou 5,35%, ultrapassando o teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, que permite uma variação de até 4,5% ao ano. O resultado confirma o descumprimento da meta e pressiona ainda mais o debate sobre a trajetória dos juros e o equilíbrio fiscal. 

  

O evento mais impactante da semana, no entanto, veio dos Estados Unidos. O presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras com vigência a partir de 1º de agosto. A medida foi recebida com preocupação por autoridades brasileiras e causou reações imediatas no mercado, com valorização do dólar e aumento da aversão ao risco. Analistas apontam que a decisão pode prejudicar diversos setores da economia nacional e enfraquecer as relações comerciais entre os dois países. 

Maiores variações: 



BRF (BRFS3) liderou as altas do Ibovespa, com valorização de 10,83%. O principal catalisador foi a combinação entre a desvalorização do real, que favorece suas exportações de proteína animal, e a expectativa de avanço nas negociações de fusão com a Marfrig. O anúncio do adiamento da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que votaria a união das companhias, gerou especulações de que os termos possam ser revistos, o que o mercado interpretou como positivo. Além disso, durante a Cúpula do BRICS, o premiê chinês Li Qiang reforçou o desejo de reabrir o mercado da China para o frango brasileiro, o que impacta diretamente a BRF, uma das maiores exportadoras do setor. 

  

Braskem (BRKM5) subiu 5,17% na semana, refletindo o otimismo em torno do Projeto de Lei 892/2025, aprovado em regime de urgência na Câmara dos Deputados. O projeto prevê a concessão de incentivos fiscais à indústria química e petroquímica, beneficiando diretamente a Braskem, maior empresa do setor no Brasil. A expectativa de desonerações e estímulos ao setor foi bem recebida pelo mercado, somando-se à estabilidade do petróleo no cenário internacional, o que tende a melhorar a margem de produção da companhia. 

  

Minerva (BEEF3) registrou valorização de 4,06%, impulsionada pelo cenário externo favorável à carne bovina brasileira. A desvalorização cambial elevou a competitividade das exportações, ao mesmo tempo em que a demanda da Ásia e do Oriente Médio segue aquecida. A companhia também é vista como uma das beneficiárias indiretas da fusão entre BRF e Marfrig, podendo consolidar sua posição no mercado internacional diante de uma eventual reorganização do setor de proteína animal no Brasil. 

Menores variações: 


 

Yduqs (YDUQ3) liderou as perdas da semana, com queda de 15,00%. O recuo foi motivado por preocupações com os resultados financeiros do 1º trimestre de 2025, que mostraram lucro líquido praticamente estável e margens pressionadas por despesas financeiras elevadas. Além disso, o setor educacional enfrenta uma combinação de fatores negativos, como o risco de novas regulamentações sobre ensino a distância (EaD) e a queda na capacidade de financiamento por parte dos alunos, diante do encarecimento do crédito. Esses elementos aumentaram a percepção de risco por parte dos investidores, resultando em uma forte saída do papel. 

  

Azzas (AZZA3) teve recuo de 13,17%, refletindo sua exposição direta ao mercado americano. A empresa atua nos segmentos de calçados e vestuário, com foco exportador, e deve ser fortemente impactada pela tarifa de 50% anunciada por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, afeta empresas com margens já comprimidas pela concorrência global, e a Azzas aparece entre as mais vulneráveis. A notícia gerou reprecificação imediata de seus ativos. 

  

Magazine Luiza (MGLU3) caiu 13,08%, pressionada pela piora no cenário para o varejo doméstico. A combinação entre juros elevados e a ameaça de barreiras tarifárias adicionais impôs novas incertezas sobre o consumo das famílias brasileiras. O anúncio das tarifas dos EUA também afetou o humor do mercado em relação ao setor varejista como um todo.  
 
A combinação entre inflação acima da meta, tensões geopolíticas, tarifas externas e juros elevados desenhou uma semana de forte volatilidade para os mercados. Empresas voltadas à exportação e ao agronegócio conseguiram se destacar. 



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