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Rouba monte: Assets independentes lideram aporte em fundos de previdência; veja as que mais captaram

Mudança na legislação permitiu a criação da versão previdência de renomados fundos multimercados como o Kappa, da Kapitalo, e o Legacy Capital, da Legacy

Foto: Shutterstock

Apesar da grande concentração dos fundos de previdência privada aberta em bancos e seguradoras, que respondiam por 86% do patrimônio sob gestão dessas carteiras, as gestoras de recursos independentes vêm ganhando terreno nesse mercado com a sofisticação dos produtos e o aumento da portabilidade.

Enquanto as carteiras geridas por instituições ligadas a bancos e seguradoras tiveram resgate líquido, entre entradas e saídas, de R$ 567 milhões no ano, até julho, os portfólios de gestoras independentes registraram captação líquida de R$ 3,8 bilhões, segundo levantamento do TradeMap com base nos dados do ranking de gestão da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Só os fundos geridos por Bradesco, Itaú e BBDTVM, do Banco do Brasil, somaram resgate líquido de R$ 22,5 bilhões no período.

Hoje os investidores já encontram a versão previdência de renomados fundos multimercados como o Verde, da Verde Asset, o Kappa, da Kapitalo Investimentos, e o Legacy Capital, da Legacy, que são destaques em termos de rentabilidade histórica.

Essa sofisticação da indústria foi possível graças às mudanças recentes na legislação dos fundos de previdência, que permitiram o aumento da alocação em ações, de 70% para investidores de varejo e 100% para investidores qualificados com mais de R$ 1 milhão, e também a possibilidade de investimento no exterior.

Essas mudanças devem permitir o crescimento da participação das gestoras independentes na indústria de previdência, hoje muito concentrada nas grandes instituições.

Segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados), a participação de mercado das cinco maiores companhias ligadas a grandes grupos econômicos era de 86% em 2021.

O patrimônio sob gestão em  fundos de previdência privada aberta somava R$ 1,110 trilhão em julho, de acordo com a Anbima, crescimento de 8,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Veja abaixo as gestoras que mais captaram neste ano.

tabela com a captação dos fundos de previdência

Possibilidade de investir no exterior abre espaço para assets independentes

A possibilidade dos fundos de previdência investirem em ativos no exterior permitiu a criação da versão previdência de renomados fundos multimercados.

No final de 2019, uma mudança na resolução nº 4.444 do Banco Central, permitiu que fundos abertos de previdência destinados ao público geral passassem a aplicar até 20% do patrimônio em ativos no exterior. Esse limite é maior, de 40%, para investidores qualificados.

Com a flexibilização das regras de investimento, a gestora Kapitalo lançou, em 2021, as carteiras de previdência dos renomados fundos da casa Kappa e K-10, que acumulam valorização de 16,98% e 12,28% no ano, até 5 de setembro, respectivamente, contra alta de 7,90% do CDI.

O Kappa Previdência é gerido pelos mesmos 12 gestores, cada um com seu mandato específico de gestão, do fundo Kappa, um dos multimercados mais antigos da casa que investe em renda fixa, câmbio, ações e commodities.

Por sua vez, o K-10 é a versão previdência do fundo de mesmo nome da gestora, gerido por Bruno Cordeiro, ex-BBM e BTG. O portfólio investe nos mercados de ações, commodities, juros e moedas, buscando oportunidades no mercado global.

A aposta na alta de juros, no Brasil e no exterior, e do petróleo, contribuiu para a boa performance dos fundos neste ano, diz João Carlos Pinho, sócio-diretor da Kapitalo, que está entre as 20 gestoras que mais captaram em 2022 nesse segmento.

A Kapitalo tem parceria para distribuição das carteiras com as seguradoras do Itaú, Icatu, XP, BTG, Banco do Brasil e Santander.

“Devemos ver uma mudança de uma concentração de investimentos em renda fixa para produtos mais sofisticados com maior risco e maior retorno”, afirma Pinho.

A gestora Legacy Capital também lançou, em 2020, a versão previdência do fundo multimercado carro-chefe da casa, o Legacy Capital. A carteira de previdência acumula alta de 14,27% no ano, até agosto, o equivalente a 184% do CDI.

A gestora tem parceria de distribuição do fundo com 12 seguradoras. “A proposta é tentar replicar ao máximo o nosso produto principal no fundo de previdência”, diz José Eduardo Araujo, sócio e executivo-chefe de operações da Legacy Capital.

O fundo segue 11 estratégias, olhando oportunidades no Brasil e no exterior, e teve ganho com a apostas em inflação alta e choque de preços de commodities. “Reduzimos o risco da carteira diante do risco de recessão e zeramos as posições em commodities“, afirma Araujo.

Demanda por crédito privado beneficia Capitânia

Com grande expertise em investimento em crédito privado e no mercado imobiliário, a Capitânia Investimentos buscou levar as mesmas estratégias de alocação para os seis fundos de previdência aberta geridos pela empresa, que estava entre as 20 que mais captaram neste ano.

“Os fundos seguem os quatro pilares em que a Capitânia é forte: crédito privado, infraestrutura, agronegócio e mercado imobiliário“, diz Flávia Krasupenhar, sócia da gestora.

Segundo a sócia da Capitânia, o fundo que mais cresceu foi o Capitânia Prev Advisory XP Seguros, que soma R$ 5,7 bilhões de patrimônio e investe em títulos de crédito privado como debêntures, CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), além de fundos de investimento imobiliários (FIIs). A carteira acumula ganho de 8,66% no ano, até de 5 de setembro, o equivalente a 110% do CDI. Desde o início, em 2019, o fundo entregou retorno de 138% do CDI.

Com o aumento da taxa básica de juros, houve aumento da procura por fundos de renda fixa. “Em janeiro e fevereiro vimos uma captação mais forte nesse fundo, que somou R$ 400 milhões em cada mês, mas depois esse movimento diminuiu um pouco”, afirma Krasupenhar.

A gestora tem parceria para distribuição dos fundos com a Icatu, XP, BTG e Itaú. “Os bancos perceberam a importância de ter fundos de gestoras independentes nas plataformas”, diz Krasupenhar.

XP se beneficia com aumento da portabilidade de fundos de previdência

A seguradora XP Seguros tem se beneficiado do aumento da portabilidade de recursos em fundos de previdência. Só em 2021, a seguradora captou R$ 18 bilhões, sendo R$ 16,9 bilhões vindos da portabilidade de recursos.

“Os fundos da indústria tradicional são extremamente conservadores e com custo fora do valor justo”, diz Rodrigo Saldanha, head de Previdência da XP.

Além da XP Seguros, a plataforma de fundos de previdência da XP distribui produtos de outras seguradoras como Icatu e SulAmérica.

De janeiro a maio, a portabilidade de recursos em fundos de previdência cresceu 22% em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo informou a Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida).

A XP Asset oferece hoje 21 fundos de previdência. Entre os produtos que mais captaram estão as carteiras de crédito privado, que responderam pelo aporte de R$ 2,5 bilhões.

Por meio da família XPCE, os investidores podem investir em fundos de crédito estruturado que oferecem exposição aos mercados de infraestrutura, imobiliário e renda fixa, que tinham retorno de 8,41% a 9,26% no ano, até 5 de setembro, contra alta de 7,90% do CDI.

Segundo Saldanha, a XP oferece desde fundos mais conservadores como da família Trend, que investe só em títulos do Tesouro IPCA+, até fundos de fundos como da família Selection, que buscam selecionar portfólios de outros gestores, e  da família DNA, que investem em diferentes classes de ativos de acordo com o perfil de risco do investidor.

Vantagens dos fundos de previdência

Uma das vantagens dos fundos de previdência é a possibilidade de migrar de um fundo para outro sem ter que fazer o resgate e o consequente pagamento do Imposto de Renda.

Para migração de portabilidade externa, ou seja, de uma seguradora para outra, o prazo de carência é de 60 dias úteis para investidores em geral e de 180 dias úteis para investidores qualificados, destaca Saldanha.

Além disso, quem contrata um plano de previdência privada da modalidade PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) consegue deduzir as contribuições feitas até o limite de 12% da renda bruta tributável ao ano da base de cálculo do Imposto de Renda.

Além disso, os fundos de previdência também são usados no planejamento sucessório, pois não entram na base tributável do imposto de transmissão de bens, o ITCMD, afirma.

Saldanha lembra, contudo, que o investimento em fundos de previdência deve ter horizonte de longo prazo, dada a tributação maior para o resgate dos recursos no curto prazo.

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