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Duelo de gigantes nos fundos multimercados: quem leva a melhor, Stuhlberger ou Xavier?

Em 2022, até junho, fundo Nimitz sobe 21,62%, contra alta de 7,59% do Verde; no longo prazo a história é diferente

Foto: Shutterstock

De um lado do ringue, Luis Stuhlberger, da Verde Asset. Do outro, Rogério Xavier, da SPX Capital. Em um primeiro semestre de derretimento do mercado, os dois gestores mais respeitados do Brasil entregaram resultados acima do Ibovespa e do CDI (Certificado de Depósitos Interbancários) nos seus fundos multimercado.

Mas qual se deu melhor em junho, em meio ao delicado cenário de risco fiscal trazido pela aproximação das eleições presidenciais, alta de juros pelo mundo e lockdowns na China?

Enquanto o fundo multimercado Verde, gerido por Stuhlberger, amargou uma perda de 1,86% no mês passado, o seu concorrente, o Nimitz, portfólio que tem à frente a gestão de Xavier, teve ganho de 2,4%, acima da alta de 1,01% do CDI (indicador que é o benchmark da renda fixa).

O resultado deste duelo de titãs também pende para o lado de Xavier em 2021 e 2022.

Nos primeiros seis meses deste ano, o fundo da SPX apresenta alta de 21,62%, contra ganhos de 7,59% do Verde e de avanço de 5,40% do CDI – no período, o Ibovespa apresenta queda de 5,99%. Já em 2021, o fundo Verde teve perda de 1,13%, a segunda da sua história, enquanto o Nimitz subiu 11,71%, batendo a alta de 4,4% do CDI.

Alocação em Bolsa explica diferença

A diferença de retorno entre os dois fundos mais famosos do Brasil é explicada, em grande parte, pelo tamanho da alocação na Bolsa brasileira.

Neste ano até junho, o fundo Verde, que completou 25 anos em 2022, acumula perda de 5,05% com sua posição em ações concentrada na Bolsa brasileira, cujo principal índice acumula queda de 5,99% no período. Só em junho o Ibovespa caiu 11,50%, registrando a maior queda desde março de 2020.

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Nesse cenário, a perda de 2,19% do Verde com alocação em ações e de 0,68% com sua posição em moedas mais do que compensou o ganho de 0,50% em renda fixa no mês passado.

O fundo liderado por Stuhlberger indicou em sua última carta que reduziu marginalmente sua alocação em papeis de empresas brasileiras entre abril e o mês passado, em meio ao aumento do risco fiscal e aproximação das eleições. A fatia diminuiu de 23% para 20% no período, de acordo com dados da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Já o fundo gerido por Xavier, da SPX, teve ganhos com suas posições em ações e moedas em junho.

Em moedas, o Nimitz está com posições compradas em dólar, isto é, apostando na alta da moeda americana. Só em junho, o dólar subiu mais de 10% frente ao real e teve alta de 2,65% contra uma cesta de moedas de países desenvolvidos que compõe o índice Dollar Index (DXY).

Em ações, a SPX está com posição vendida (apostando na queda) nas bolsas dos Estados Unidos, Europa e Brasil, ao mesmo tempo em que possui uma posição comprada (apostando na alta) em ações da China.

Neste ano, o fundo teve ganho com a queda das bolsas americanas e europeias. O índice S&P 500 acumulou perda de 21% no primeiro semestre, o pior desempenho desde 1970, enquanto que o Euro Stoxx 50, principal índice das bolsas da Europa, registrou perda de 8,10% no mesmo período.

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Ambos os fundos ganharam com a aposta na alta das taxas de juros globais, especialmente nos Estados Unidos, e no aumento das cotações das commodities.

O fundo Verde aumentou a aposta na alta das taxas de juros nos Estados Unidos em junho, enquanto o fundo Nimitz está com maior posição em juros de países emergentes específicos.

Ambos permanecem com as posições compradas (apostando na alta) em commodities.

Quem teve melhor desempenho olhando o histórico?

Apesar do fundo Nimitz apresentar uma performance superior ao fundo Verde nos últimos dois anos, quando se olha a performance histórica das carteiras, Stuhlberger leva a melhor.

Considerando a variação desde dezembro de 2010, data de início do Nimitz, até 30 de junho, o fundo Verde acumula uma alta de 382,79%, contra 341,66% do Nimitz. Ambos entregaram retorno bem acima do CDI do período, de 164,5%.

Desde seu início, em junho de 1997, o fundo Verde acumula alta de 19.795%, contra alta de 2.457% do CDI. Considerando o retorno desde 2010, o fundo Verde superou o retorno do Nimitz em oito anos, contra cinco anos em que o fundo de Xavier foi melhor.

Quando se olha o desempenho a partir de 2010, o fundo Verde não bateu o CDI em apenas três anos (2014, 2017 e 2021) e só teve retorno negativo em dois anos da história do portfólio: em 2008, em meio à crise financeira mundial, e em 2021.

Já o Nimitz não superou o CDI em apenas três anos de sua história (2011, 2014 e 2018) e não fechou nenhum ano com retorno negativo.

Ambos só não superaram o retorno do CDI em 2014, ano marcado pela grande volatilidade do mercado com a forte polarização das eleições presidenciais, que culminou com a reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Naquele ano, a desconfiança com a capacidade de governabilidade da ex-presidente e o aumento do risco fiscal levaram a uma alta dos prêmios de risco dos ativos locais, com os investidores exigindo retornos maiores para aplicar em Brasil.

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