Xavier, da SPX, vê dólar forte com alta de juros nos EUA e está pessimista com fintechs no Brasil

Fundo multimercado da gestora, Nimitz ganhou 11,71% em 2021, contra a variação de 4,4% do CDI

A gestora SPX Capital, que tinha R$ 42,3 bilhões sob gestão em novembro, vê a alta das taxas de juros nos mercados desenvolvidos, especialmente nos Estados Unidos, como o principal risco nos próximos anos.

Nesse cenário, a gestora mantém as apostas em um dólar forte, com posições compradas na moeda americana, enquanto, no mercado local, está mais pessimista com as ações de fintechs e do setor de mineração, com posições vendidas (com aposta na queda) nesses papéis.

Foi o que apontou Rogério Xavier, sócios-fundadores da SPX Capital, em carta aos investidores referente ao desempenho do multimercado Nimitz em dezembro e em 2o21.

Enquanto fundos da categoria de renomados gestores, como o Verde, sofreram no ano passado com a queda da bolsa, a carteira gerida por Xavier fechou o período com ganho de 11,71%, contra a variação de 4,4% do CDI. Apenas em dezembro, o fundo rendeu 1,78%, também bem acima do CDI (0,76%).

Para Xavier, a manutenção nos últimos anos de políticas monetárias e fiscal estimulativas gerou bolhas nos mercados, que agora precisam ser corrigidas diante da nova realidade de alta da taxa de juros nos Estados Unidos.

“Os ativos estão precificados supondo uma trajetória de juros que não nos parece realista. Os efeitos para determinadas classes de ativos serão muito severos”, diz.

Entre as classes de ativos que devem passar por essa correção, o gestor cita algumas ações do setor de tecnologia, títulos de empresas de alto risco de crédito, moedas de países emergentes com fundamentos ruins, mercados de títulos emitidos por governos que passaram anos se endividando com juros baixos ou mesmo negativos e certas commodities, como os metais preciosos.

Diante desse contexto, a gestora mantém uma posição comprada em dólar e continua apostando na alta das taxas de juros globais em meio ao patamar elevado de inflação. “Acho que o dólar americano continuará a ter uma boa performance diante deste cenário, não só contra as moedas de países emergentes, mas também contra as moedas de países desenvolvidos”, afirma a carta.

Mercado sem empolgação com candidato liberal no Brasil

No mercado local, o gestor afirma que não vê o mercado animado com a possibilidade de um candidato mais liberal engrenar na corrida eleitoral, o que poderia gerar, em sua visão, um avanço na agenda de reformas. Xavier enxerga maior chance de o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva ganhar a eleição. “Sem empolgar muito, a candidatura petista parece nos condenar a continuar sem grandes avanços ou reformas”, opina.

Na renda fixa, a gestora continua com posição comprada em inflação implícita, alocação dada pela diferença entre as taxas de juros prefixadas e a das NTN-Bs (titulos do Tesouro atrelados à inflação), vendo uma postura mais incisiva do Banco Central em trazer as expectativas de inflação para a meta.

No mercado de ações, a gestora mantém posições vendidas em ações de fintechs e do setor de mineração. De outro lado, a SPX continua com posições compradas na carteira em papéis dos segmentos de transporte e financeiro contra o índice Ibovespa, isto é, apostando que esses setores devem ter uma performance melhor que o principal referencial da Bolsa brasileira.

Na parte de commodities, a gestora está apostando nos ativos ligados a energia, metais industriais e crédito carbono.

O gestor da SPX não espera que a variante Ômicron do coronavírus possa atrapalhar a normalização da cadeia de suprimentos novamente, destacando a redução do tempo de entrega de insumos. “A nova variante Ômicron pode atrapalhar esse processo? Sim, pode, mas muito no curto prazo”, afirma.

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