Em meio ao cenário de incerteza no Brasil, com aumento do risco fiscal e aproximação das eleições, o fundo multimercado Verde, gerido pelo conhecido gestor Luis Stuhlberger, reduziu a alocação na Bolsa brasileira e aumentou em ações globais, conforme apontou na carta de junho.
O Verde encerrou junho com queda de 1,86%, o pior desempenho desde outubro de 2021. A perda foi liderada pela alocação no mercado acionário, com o Ibovespa registrando desvalorização de 11,5% no mês passado, o pior desempenho desde março de 2020.
O portfólio ainda teve perdas com a posição comprada (aposta na alta) no real, que recuou cerca de 10% no mês passado em relação ao dólar, e em commodities. Essa queda se sobrepôs ao ganho com a estratégia em inflação implícita, dada pela diferença entre as taxas dos títulos públicos atrelados à inflação (NTN-B) e as de juros prefixados.
No ano, a carteira do Verde, que completou 25 anos, rende 7,6%, acima da variação de 5,4% do CDI.
Aumento dos riscos de recessão global e fiscal no Brasil
A gestora de Stuhlberger aponta que o cenário global está mais complicado, com o pêndulo entre desaceleração do crescimento e inflação oscilando com frequência cada vez maior.
Na Europa, o medo da recessão começa a chegar com mais força, com a redução do fluxo de gás russo ao longo do mês causando problemas especialmente para a Alemanha, o que tem se refletido no euro, que começa a flertar com a paridade com o dólar.
Já no Brasil, a pressão por mais benefícios na ressuscitada PEC Kamikaze, prevista para ser votada nesta terça-feira (12) na Câmara, aumentou os prêmios de risco dos ativos locais, com o real se desvalorizando frente ao dólar e as taxas de juros se mantendo em patamar elevado, o que deve levar a mais inflação e menor crescimento.
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“Mas os políticos continuam numa espécie de metaverso brasiliense, onde o populismo é moeda corrente e a única coisa que importa é a eleição”, destacou a Verde, na carta.
Nesse cenário, o fundo aumentou posições tomadas em juros nos EUA (apostando na alta das taxas) e comprada em inflação implícita no Brasil, ouro, petróleo e no real.
No mercado acionário, o Verde voltou a alocar em ações globais e reduziu marginalmente a
posição de papéis brasileiros. “É bastante provável que iremos alocar capital incremental, especialmente fora do Brasil, ao longo dos próximos meses”, diz a gestora, na carta.
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