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Real é moeda que mais se valorizou neste ano – e pode subir mais -, diz Credit Suisse

Com alta de 15,6%, o real apresenta a maior valorização em relação ao dólar em 2022 entre um conjunto de 33 moedas

Com alta de 15,6%, o real apresenta a maior valorização em relação ao dólar em 2022 entre um conjunto de 33 moedas – e ainda pode subir mais no curto prazo -, aponta o Credit Suisse em relatório.

O banco ressalta, porém, que avanços adicionais do real dependerão de como o Brasil será afetado pelos riscos no cenário doméstico – relacionados à saúde das contas públicas e às eleições – e externo – como a alta de juros nos EUA.

Perto do horário de fechamento da Bolsa, o dólar subia 0,12%, para R$ 4,84, após seis dias consecutivos de queda. A moeda americana chegou a ser negociada a R$ 4,7675 na mínima do dia, menor patamar desde 12 de março de 2020.

O Credit Suisse permanece com uma recomendação neutra para o real, com leve viés positivo no curto prazo, mas projeta um retorno da taxa de câmbio para R$ 5 em 3 meses e para R$ 5,30 em 12 meses.

Parte da atual valorização da moeda brasileira é apenas uma reversão parcial da grande depreciação incorrida no últimos anos, diz o banco.

O real desvalorizou 40% em relação ao dólar entre início de 2020 e final de 2021, registrando a segunda maior depreciação entre as moedas analisadas pelo banco, só perdendo para a lira turca.

Fonte: Credit Suisse. *Até 23 de março
Variação do dólar frente a outras moedas
Moedas Variação em 2022* – Em %
 BRL (real – Brasil) -11,7
CLP (peso – Chile) -7,3
PEN (sol – Peru) -6,3
COP (peso – Colômbia) -4,5
ZAR (rand – África do Sul)) -3,7
AUD (dólar – Austrália) -2,5
MTL (lira – Malta) -2,3
CAD (dólar – Canadá) -1,5
NOK (coroa – Noruega) -1,4
NZD (dólar – Nova Zelândia) -1,2
MXN (peso – México) -1,1
THB (baht – Tailândia) -0,4
SGD (dólar – Cingapura) -0,3
CNY (renminbi – China) -0,1
MYR (ringgit – Malásia) 0
HKD (dólar – Honk Kong) 0,3
IDR (rúpia – Indonésia) 0,9
INR (rúpia – Índia) 1
GBP (libra esterlina – Reino Unido) 1,6
CZK (coroa – República Checa) 1,6
KRW (won – Coreia do Sul) 1,8
TWD (dólar – Taiwan) 2,2
EUR (euro – zona do euro) 2,3
RON (leu – Romênia) 2,3
BGN (lev – Bulgária) 2,4
DKK (coroa – Dinamarca) 2,4
SEK (coroa sueca – Suécia) 3
HUF (florim – Hungria) 4
JPY (iene- Japão) 4,2
PLN (zlot – Polônia) 4,2
PHP (peso – Filipinas) 4,6
TRY (lira – Turquia) 39,1

Contribuíram para a queda da moeda brasileira nos dois últimos anos o enfraquecimento do quadro fiscal no Brasil e a maior aversão a risco no mercado internacional.

Neste ano, alguns fatores provocaram a valorização do real. O primeiro deles é o diferencial da taxa de juros real do Brasil para os EUA, que está próxima de seu pico histórico, segundo o Credit Suisse.

A Selic, taxa básica de juros brasileira, está em 11,75% ao ano, enquanto a inflação por aqui atingiu 10,54% nos 12 meses até fevereiro. Isso significa que no Brasil os juros reais estão positivos, porque a Selic está acima da inflação.

Nos EUA, o banco central americano elevou a taxa básica para o intervalo entre 0,25% e 0,50% ao ano, enquanto a inflação nos 12 meses até fevereiro alcançou 7,9%. Ou seja, na economia americana, os juros reais são negativos.

Na prática, isso quer dizer que, na comparação entre os dois países, o retorno de renda fixa mais atrativo para os investidores estrangeiros está no Brasil.

Além disso, a Bolsa brasileira tem recebido mais investimentos do exterior, com os investidores buscando se posicionar em papéis relacionados ao setor de commodities. Isso tem ajudado na valorização do real.

Nesse sentido, o Credit Suisse destaca que os termos do comércio do Brasil melhoraram ainda mais devido aos preços atualmente altos das commodities, que representam 70% do total exportado pelo Brasil. Ou seja, os produtos que o Brasil mais exporta tiveram valorização. Com mais dólares entrando no País, a oferta da moeda americana aumenta e seu preço em reais cai.

Entre os riscos de depreciação do real estão:  a incerteza em relação às eleições  deste ano, a política econômica do novo governo e as contas fiscais ainda frágeis do governo brasileiro.

Além disso, o adiamento da discussão sobre as reformas fiscais – por exemplo, a Reforma Administrativa que foi adiada para 2023 – e um aperto maior que o esperado da política monetária nos mercados desenvolvidos poderiam ser negativos para o real

Impacto do câmbio na meta de inflação

O Credit Suisse afirma que se o real continuar se valorizando consistentemente, o viés é de queda na projeção do banco para a inflação em 2023, de 4%, acima da meta de 3,25%.

“Tal valorização dependeria da redução da incerteza política e fiscal nos próximos meses, razão pela qual temos defendido que o Conselho Monetário Nacional não abandone sua meta de inflação para 2022 nem aumente sua meta de inflação para 2023” , aponta o banco em relatório.

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