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Quais os melhores fundos de investimento para 2023? Multimercados lideram preferências

Com juros alto e cenário externo incerto, fundos multimercados e de crédito privado devem ter melhor retorno no próximo ano, segundo analistas

Foto: Shutterstock/Thapana_Studio

Em um cenário de taxa Selic alta no Brasil, de incerteza sobre a política fiscal e um contexto ainda incerto no mercado internacional, em meio à alta de juros e a um risco de recessão nos Estados Unidos e na Europa, os fundos multimercados e de renda fixa de crédito privado são vistos pelos analistas como os produtos que vão conseguir entregar os melhores retornos em 2023. 

“Vamos ter um ambiente de volatilidade que deve trazer boas oportunidades para esses fundos, que têm um papel importante na diversificação de portfólio dos investidores”, diz Julio Ferreira, diretor de alocação da Julius Baer Family Office. 

Apesar do bom retorno de muitos fundos multimercados em 2022, a categoria foi a que mais sofreu resgates, registrando saída líquida de R$ 83,7 bilhões até novembro. 

gráfico da captação de fundos de investimento

Em quais fundos multimercado investir? 

Com a taxa Selic em 13,75%, muitos investidores acabaram migrando as alocações para títulos de renda fixa com o objetivo de buscar um ganho mais próximo de 100% do CDI. 

Contudo, a categoria de fundos multimercados macro, que inclui portfólios renomados do mercado, como o fundo Verde, o Raptor, da SPX Capital, o ASA Hedge, da Asa Investments, e o Vinland Macro, da Vinland Capital, bateu com folga o CDI, acumulando retorno de 15,94% no ano, até novembro, contra a variação de 11,12% do benchmark. 

A aposta na alta dos juros nos EUA e na queda das bolsas americanas rendeu bons frutos a esses gestores, mas o cenário incerto em 2023 deve trazer um maior desafio para esses fundos entregarem a mesma performance, afirma Bruno Mérola, analista de fundos da Empiricus Research. 

“Em 2023, os gestores de multimercados devem tomar menos riscos, já que eles não veem uma oportunidade tão clara de ganho lá fora”, diz. 

Quanto investir nos multimercados? 

O analista da Empiricus recomenda a alocação de 20% a 30% em fundos multimercados para um investidor moderado. 

Lá fora, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) iniciou a desaceleração do processo de alta de juros, mas ainda não está claro por quanto tempo a taxa básica deve permanecer em patamar elevado para levar a inflação de volta para a meta de 2%. 

Há muitas dúvidas também sobre a intensidade da recessão econômica que deve acontecer nos EUA e na Europa e seu impacto sobre o lucro das empresas, o que deve determinar o comportamento da bolsa americana. 

No Brasil, a incerteza sobre qual será a nova âncora fiscal trouxe maior cautela para as apostas no corte da taxa Selic em 2023. 

O sócio e analista de fundos da Nord Research, Luiz Felippo, aponta que os fundos multimercados têm mandato de alocação mais flexível e não têm a obrigatoriedade de estarem expostos a determinadas classes de ativos.  

Esses produtos podem alocar os ativos em diferentes mercados, não só no Brasil, o que deve permitir que naveguem melhor no cenário projetado para o próximo ano. 

“Em um país volátil como o Brasil, o caminho para performar bem é ter um portfólio diversificado entre classes de ativos e gestores”, diz Felippo. 

É preciso, contudo, separar o joio do trigo e buscar bons gestores. Uma opção para os investidores que querem investir em fundos renomados que estão fechados para aplicação ou são voltados apenas para investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em investimentos) é alocar em fundos que investem em portfólios renomados. 

A carteira do Nord Melhores fundos, por exemplo, reúne cinco multimercados o Radar, da Genoa Capital, que está fechado para captação; o Vértix, da Absolute Investimentos; o Zeta, da Kapitalo, que é voltado apenas para investidores qualificados; o Atlas, da Kinea Investimentos; e o Legacy B, da Legacy Capital. 

Todos esses fundos bateram com folga o CDI em 2022. 

A taxa de administração do fundo de fundos da Nord é de 0,50% ao ano e o custo total do portfólio é de 2,03%. “Na Nord, devolvemos a taxa de rebate (comissão para quem oferece o ativo) para o fundo”, diz Felippo. 

Alta de juros favorece fundos de crédito 

Para o investidor que quer buscar um retorno acima do CDI sem correr o risco de Bolsa, os fundos de crédito livre podem ser uma boa pedida. 

Em 2022, a categoria acumulou ganho médio de 12,36% até novembro, acima da variação de 11,12% do CDI. 

tabela rentabilidade fundos 2022

O sócio da Nexgen Capital, Luiz Carlos Corrêa, vê uma demanda ainda forte por produtos dessa categoria em 2023. “São fundos atrativos, que conseguem entregar retorno de 120% a 130% do CDI”, diz. 

Os fundos de renda fixa que compram papéis de crédito privado se beneficiam tanto da alta de juros quanto do spread (prêmio) cobrado pelos investidores nas emissões de títulos de dívida de projetos e empresas. 

“Em 2022, não vimos uma grande alta dos spreads, que estão, na média 1,60 ponto percentual acima do CDI; mas caso o risco de inadimplência aumente, esse spread deve subir”, ressalta Mérola. 

O analista da Empiricus vê um cenário de aumento de empresas com problema de crédito, o que deve levar os gestores a se concentrar em companhias menos arriscadas e diversificar mais a carteira entre diversos emissores. 

Nesse sentido, Mérola destaca que é importante ficar atento para o risco de liquidez desses fundos. Carteiras com prazos de resgate menores que cinco dias podem ter problemas de liquidez, uma vez que, se houver um aumento de pedidos de resgate, o gestor será obrigado a vender os papéis em carteira por qualquer preço, o que penaliza o valor da cota, como aconteceu em 2020 durante a pandemia. 

Entre os fundos de renda fixa que tiveram bons desempenhos em 2022, Mérola destaca o SPX Seahaw, gerido pela SPX Capital, que rendeu 13,63% em 2022, até 21 de dezembro, acima do CDI, que acumulou variação de 11,97% no período. 

O analista da Empiricus recomenda a alocação de 15% a 20% em fundos de crédito para um investidor moderado, não ultrapassando a concentração de 5% da carteira em cada gestor. 

Manutenção de juros altos adia retorno para fundos de ações 

Com os juros brasileiros devendo permanecer em dois dígitos no ano que vem, Mérola acredita que ainda vai demorar para os investidores voltarem para os fundos de ações. 

Isso só deve acontecer, segundo o analista da Empiricus, quando a Bolsa começar a subir e o Banco Central iniciar o corte de juros. “Mas mesmo assim, não acho que uma queda da Selic para 11% seja suficiente para levar a pessoa física de volta para a Bolsa.” 

Para o investidor com um horizonte de dois a quatro anos, Corrêa, da Nexgen, acredita que os fundos de ações estão em um patamar interessante para entrar. “Mas o cenário será bem desafiador para a Bolsa no primeiro semestre de 2023”, ressalva. 

Para quem já tem investimentos nesses fundos, também não é o momento de sair, alerta Corrêa. “O fluxo de resgate de fundos de ações deve continuar até pelo menos o governo sinalizar o que ele vai fazer.” 

O analista da Empiricus recomenda a alocação de 15% em Bolsa para um investidor moderado. 

Vale a pena investir no exterior? 

O investimento em fundos internacionais é uma boa forma, segundo os gestores, de diversificar o risco Brasil.  

Apesar de fundos de gestores renomados como Pimco Income, All Weather, da Brigdewater de Ray Dalio, e Oaktree Global Credit, da gestora de Howard Marks, terem sofrido neste ano, essas carteiras têm um bom histórico de performance. E podem ser opções interessantes de investimentos, ao estarem disponíveis em algumas plataformas a investidores no Brasil, destaca Corrêa.  

“Se o objetivo é diversificar a carteira, faz sentido alocar em hedge funds internacionais que tenham exposição cambial”, diz. 

A Empiricus recomenda alocação de 20% a 25% da carteira em ativos internacionais para o investidor com perfil moderado. 

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