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Pressionado por commodities, Ibovespa perde os 110 mil pontos em sexto pregão seguido de queda

Sentimento de aversão ao risco voltou a dar o tom na Bolsa após fechar a última semana com a maior desvalorização de 2022

Foto: Shutterstock

Após fechar a última semana com a maior desvalorização semanal desde o início de 2022 — queda de 4,59% –, o Ibovespa volta a refletir um sentimento de aversão ao risco global, e caminha para a sexta sessão seguida em retração.

Pressionado principalmente por empresas ligadas a commodities, o índice mais importante da Bolsa brasileira recuava 1,47% às 13h10, operando aos 109.443 pontos. Companhias mineradoras e siderúrgias figuravam dentre as maiores baixas e, lideradas pelo peso que a Vale (VALE3) tem no índice, contribuíam para a performance negativa da Bolsa.

No mesmo horário, a maior mineradora do Brasil tinha uma desvalorização de 3,17%. Além dela, estavam próximas da ponta negativa do índice as ações da CSN (CSNA3), com uma queda de 5,09%, e Gerdau (GGBR4) com baixa de 4,60%. Além disso, as empresas de petróleo também caíam em bloco, com Petrobras (PETR4) recuando 2,88% e PetroRio (PRIO3) tendo desvalorização de 2,82%.

Para Nicolas Farto, especialista em renda varíavel da Renova Invest, a baixa desses setores é acompanhada pelas notícias recentes de lockdowns na China, um dos principais compradores dessas matérias-primas.

O gigante asiático enfrenta uma alta de casos e mortes por Covid-19 em Xangai, o que acendeu um alerta para possíveis restrições de mobilidade também em Pequim, capital chinesa. Se isso acontecer, Farto acredita que pode haver um “impacto ainda maior na cadeia de suprimentos”.

Como resultado, tanto o preço do minério quanto do petróleo recuam no dia, na expectativa de a China desacelerar as importações para as commodities. Em relação ao primeiro, na Bolsa de Dalian os contratos futuros para o produto despencaram 10,73% na sessão da manhã, sendo negociados por 794,5 iuanes por tonelada, ou US$ 121,10.

Apesar disso, Farto, da Renova Invest, considera “exagerado” esse recuo no preço. “Apesar de expectativa de queda na demanda na China, as empresas do setor conseguem atuar de forma positiva com o minério na casa dos US$ 100. Vejo nessa queda uma oportunidade para quem não tem esses papéis na carteira entrar nessas posições”, avalia o especialista. 

Já o preço do petróleo caía 5,92% na comparação intradia da ICE nesta segunda, sendo negociado por US$ 100. Além da questão chinesa, a perspectiva de um aumento de juros maior nos EUA ajuda a derrubar os preços da commodity.

No final da semana passada, o presidente do banco central americano, Jerome Powell, indicou que a instituição pode acelerar o aumento de juros nos EUA para conter a aceleração da inflação. O mercado já esperava algo nessa linha, mas passou a se preparar para juros ainda maiores nos próximos meses.

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Petróleo cai mais de 4% após mercado refazer contas sobre atividade econômica

O aumento dos juros, na prática, equivale a uma elevação no custo do dinheiro. Quando as taxas sobem, a tendência é de diminuição da atividade econômica. Na sexta, dia após as falas de Powell, os mercados pelo mundo refletiram um sentimento de aversão ao risco, vislumbrando uma desaceleração econômica global.

Além disso, o Banco Mundial diminuiu sua expectativa para o crescimento no mundo de 4,1% para 3,2% em 2022. Para Nicolas Farto, tanto as declarações sobre os juros quanto a diminuição da perspectiva de melhora econômica contribuem para a queda nos mercados globais.

Além das mineradoras e petroleiras, estavam nas maiores quedas do índice o Grupo Soma (SOMA3), que caía 5,05%, Iguatemi (IGTI11), que recuava 4,21%, e BRF (BRFS3), com uma desvalorização de 4,34%.

Subidas do pregão

Dentre as poucas altas do dia, Ambev (ABEV3) liderava a lista, subindo 2,24%. Na sequência vinham Petz (PETZ3), com uma valorização de 2,07%, e Hapvida (HAPV3), que apontava em 1,58% para cima.

Farto, da Renova Invest, acredita que as altas do dia ficam por conta de papéis que se desvalorizaram mais nos últimos pregões, refletindo interesse de alguns investidores que estão os considerando essas ações “baratas” no momento.

Outra empresa que estava entre as principais altas do dia era a TIM (TIMS3), que subia 0,52% no pregão. A empresa anunciou nesta segunda que espera criar até R$ 19 bilhões em valor para seus acionistas até 2030 com a compra dos ativos da Oi Móvel. Esse valor viria a partir de sinergias comerciais e de infraestrutura.

Em documento enviado à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) na noite do último domingo (24), a TIM detalhou que espera receber cerca de 16,4 milhões de novos clientes após a compra de ativos da concorrente, sendo 56% com linhas pré-pagas e o restante pós-pagas.

A operadora também espera que a transação traga um “crescimento imediato” na receita líquida e no Ebitda (o lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação). De maio até dezembro, a empresa estima um aumento de R$ 1,8 bilhão na receita líquida e de R$ 1,1 bilhão no Ebitda.

Mercados internacionais

Os mercados globais amanhecem negativos à medida que o avanço dos casos de Covid-19 e as perspectivas mais contracionistas do Federal Reserve contribuem para um movimento de aversão ao risco dos investidores.

Nos Estados Unidos, os investidores continuam a acompanhar a temporada de resultados do primeiro trimestre deste ano, com várias big techs divulgando seus números — Apple, Meta, Amazon, Google e Microsoft.

Veja como performavam os principais índices acionários de Wall Street nesta segunda às 13h10:

Dow Jones: -1,37%

S&P 500: -1,61%

Nasdaq Composto: -0,80%

Na Europa, o destaque macroeconômico fica por conta da reeleição do presidente da França, Emmanuel Macron. “O presidente deverá continuar exercendo pressão para um embargo europeu sobre o petróleo e gás russos, o que impactará a economia local, ao menos no curto prazo”, argumentou a XP Investimentos, em Morning call.

Veja como performavam os principais índices acionários Europeus nesta segunda às 13h10:

Euro Stoxx 50 (Zona do Euro): -1,81%

DAX (Alemanha): -1,54%

FTSE 100 (Reino Unido): -1,88%

CAC 40 (França): -2%

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