Após ter abocanhado metade do espectro de cobertura e 40% dos clientes de telefonia móvel da Oi (OIBR3), a TIM (TIMS3) espera criar até R$ 19 bilhões em valor para seus acionistas até 2030. Esse valor viria a partir de sinergias comerciais e de infraestrutura.
Em documento enviado à CVM (Comissão de Valores Imobiliários) na noite do último domingo (24), a TIM detalhou que espera receber cerca de 16,4 milhões de novos clientes de telefonia móvel após a compra de ativos da Oi, sendo 56% com linhas pré-pagas e o restante pós-pagas.
“A base de clientes incorporada complementa estrategicamente a presença da TIM em regiões com menor participação de mercado, melhorando nossa competitividade nesses mercados”, disse a compradora no comunicado.
Em termos nacionais, a TIM espera que sua participação no mercado brasileiro de telecomunicações passe de 20% para 27% com a nova base.
A operadora também espera que a transação traga um “crescimento imediato” na receita líquida e no Ebitda (o lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação). De maio até dezembro, a empresa estima um aumento de R$ 1,8 bilhão na receita líquida e de R$ 1,1 bilhão no Ebitda.
Segundo a agência de classificação de risco Fitch Ratings, a venda dos ativos de telefonia móvel da Oi para as três grandes empresas de telecomunicações do Brasil deve melhorar a lucratividade do setor como um todo, ao reduzir a concorrência e cortar despesas com campanhas para captar clientes.
Contudo, a grande vencedora dentre as compradoras deve ser a TIM. “O perfil de negócios da TIM vai ser mais beneficiado que o da Telefônica Brasil (VIVT3) e o da América Móvil, porque a aquisição vai elevar a sua capacidade de espectro e a parcela de assinantes em relação às concorrentes”, disse a Fitch em relatório publicado em fevereiro deste ano.
Com a conclusão da transação, a TIM afirmou na semana passada que “ficará definido um novo equilíbrio de infraestrutura entre as três principais concorrentes do setor, mantendo um alto grau de rivalidade setorial, trazendo benefícios amplos aos consumidores”.
Sobreposição de clientes ainda está em análise pela TIM
Após a divulgação do comunicado com os dados relacionados à transação, a companhia realizou uma teleconferência com analistas do mercado para explicar os números na manhã desta segunda-feira.
De acordo com o CEO da TIM Brasil, Alberto Griselli, ainda não há uma análise interna sobre a sobreposição de clientes que virão com a fatia comprada da Oi Móvel.
O consórcio definiu que 29 DDDs passarão da Oi para a TIM. São eles: 11, 16, 19, 21, 22, 24, 32, 51, 53, 54, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69, 73, 75, 89, 93, 94, 95, 96, 98 e 99.
Contudo, o presidente da empresa garantiu que o ARPU (Average Revenue Per User), métrica que mensura o consumo dos clientes em determinado período de tempo, será elevado com o novo negócio.
Um ponto importante para os investidores, levantado durante a sessão de perguntas e respostas, diz respeito ao incremento em termos de resultado. A contribuição de R$ 1,1 bilhão em Ebitda para o balanço de 2022 já será livre das despesas e encargos relacionados exclusivamente à transação, dando um gás à geração de caixa da TIM.
A previsão para a distribuição desse resultado, por meio de dividendos ou JCP (juros sobre capital próprio) ainda não está no radar da TIM.