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Com desvalorização de 4,6%, Ibovespa fecha sua pior semana no ano, refletindo aumento de juros global

Falas de Powell indicando um aumento mais rápido de juros nos EUA pesaram nos mercados

Em um dia de queda generalizada nos mercados acionários globais, refletindo os temores de juros mais altos do que o previsto nos Estados Unidos, o Ibovespa fechou em baixa de 2,86%, aos 111.077 pontos, com R$ 21,89 bilhões em volume negociado.

Com isso, o índice fechou a semana com queda de 4,59% -, a maior desvalorização semanal desde o início de 2022. Em abril, o saldo é de baixa de 7,43%, enquanto a valorização desde o início do ano soma 5,97%.

A derrapada da Bolsa brasileira acompanhou o exterior. Em Nova York, o S&P 500 teve baixa de 2,77%, o Dow Jones caiu 2,82% e o Nasdaq recuou 2,55%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve perdas de 2,24%.

Falas de Powell derrubam os mercados

A sangria das Bolsas globais teve início com falas do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), Jerome Powell, durante um evento organizado pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).

Powell admitiu que a inflação americana está mais alta do que o previsto e que a elevação mais rápida nas taxas de juros pode ser a medida mais adequada, chegando a destacar que a possibilidade de um aumento de 0,5 ponto percentual na próxima reunião está sobre a mesa.

Esse cenário tende a afetar o mercado brasileiro porque juros mais elevados nos EUA reduzem a atratividade de investimentos mais arriscados, como os ativos de países emergentes, como o Brasil. Em meio à aversão ao risco e à busca por ativos mais seguros para se proteger das altas de juros, o dólar disparou e fechou em alta de 4%, a R$ 4,8051.

Apesar de Powell ter dado o tom dos mercados nesta sexta-feira, os investidores também permanecem atentos à guerra na Ucrânia. De acordo com informações da agência de notícias Reuters, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que o país assumiu o controle da cidade de Mauripol, exceto por uma siderúrgica em que milhares de ucranianos estão abrigados. As autoridades da Ucrânia, por sua vez, pediram um corredor humanitário para evacuar os feridos.

A situação do mercado brasileiro foi agravada por falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Também no evento do FMI, Campos Neto afirmou que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deverá elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual na reunião de maio.

A tensão no ambiente político também contribuiu. No final da tarde de ontem, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um decreto concedendo a graça ao deputado Daniel Silveira, medida que equivale a um indulto. Silveira é acusado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de crimes contra a democracia e ameaça às instituições, ao Estado de Direito e à própria Corte. A medida amplia a tensão entre o poder executivo e o judiciário.

Maiores quedas

No fechamento do pregão, as únicas ações que registravam alta eram as de Copel (CPLE6), Raia Drogasil (RADL3) e Ambev (ABEV3), com ganhos de 1,63%, 0,22% e 0,14%, respectivamente. Na outra ponta, as maiores perdas eram de CSN (CSNA3), Locaweb (LWSA3) e Vale (VALE3), com quedas de 7,68%, 6,29% e 5,8%, nesta ordem.

O setor de mineração caiu em bloco, acompanhando a notícia de uma possível desaceleração econômica da China, país que importa muitas matérias-primas para impulsionar seu desenvolvimento.

“Com esse movimento chinês, o mundo como um todo tende a crescer menos e, com isso, os mercados precisam ‘reprecificar’ as ações”, avalia Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed.

A queda do setor também é acompanhada por um recuo no preço do minério de ferro na bolsa de Dalian, que fechou a sessão em queda.

Para a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, esse sinal da China juntamente com a nova onda de lockdowns no país pode prejudicar a onda positiva de commodities surfada nos últimos meses por aqui. “Seguiremos vivendo um ano desafiador, marcado por preços mais altos e crescimento mais baixo”, acrescenta.

Além da Vale, que ajuda a pressionar o índice pelo seu peso de cerca de 15% no Ibovespa, a Petrobras via suas ações ordinárias (PETR3) e as preferenciais (PETR4), que juntas correspondem a 10% do índice, caírem 4,98% e 3,9%, respectivamente.

Outros destaques do pregão

O grande assunto do dia entre as empresas listadas foi a Eletrobras, após o TCU (Tribunal de Contas da União) ter suspendido por 20 dias a análise da privatização da empresa. Depois da suspensão, os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e da Economia, Paulo Guedes, afirmaram esperar que a capitalização ocorra ainda neste ano.

Entretanto, nem todos estão otimistas como os ministros. Analistas da Ativa Investimentos, em comentários ao mercado, afirmaram que “a execução do processo em agosto é possível, porém possibilidade de não aprovação no TCU, proximidade com eleições no Brasil e período de férias para investidores estrangeiros podem se tornar entraves para a execução do processo”.

Diante disso, as ações ordinárias da estatal (ELET3) tiveram baixa de 4,95%, e as preferenciais (PNB), de 3,97%.

Depois de despencar 15,58% na quarta-feira em meio a rumores de um suposto vazamento dos resultados do primeiro trimestre, as ações da Natura (NTCO3) reduziram as perdas para 3,35% no pregão de hoje, após a empresa divulgar dados não auditados indicando que registrou queda tanto na receita quanto na margem de lucro do período.

Em comunicado, a Natura disse que na quarta-feira (20) fez uma reunião com analistas para explicar os negócios e as perspectivas da empresa, e acrescentou que o suposto vazamento dos resultados do primeiro trimestre na verdade reflete “as inferências e projeções dos próprios analistas de mercado” a respeito dos dados apresentados durante o encontro.

Fora do Ibovespa, a Neoenergia (NEOE3) subiu 2,32% depois de seu conselho de administração ter aprovado a OPA (oferta pública de aquisição) das ações da Celpe. De acordo com uma reportagem do portal Brazil Journal, o Citi afirmou em relatório que a controladora da elétrica, a Iberdrola, deveria fechar o capital da companhia.

Na outra ponta, também fora do Ibovespa, a Infracommerce (IFCM3) despencou 14,23%. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, a companhia começou a entrar em contato com bancos, fundos e investidores para testar a demanda por um possível levantamento de capital.

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