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Interessado em dividendos? Veja as ações e os FIIs mais recomendados por gestoras e corretoras

Ações de empresas de commodities e fundos imobiliários de papel atrelados ao CDI estão entre os mais recomendados para quem busca renda

Ana Julia Mezzadri

Ana Julia Mezzadri

Foto: Shutterstock

Com a desaceleração da inflação e a taxa básica de juros ainda em patamar elevado, de 13,75% ao ano, os fundos imobiliários que investem em ativos atrelados ao CDI e as ações de empresas dos setores de energia elétrica, commodities e finanças são os mais recomendados para os investidores com foco em renda.

Ao escolher ações com foco em dividendos, o movimento natural, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência TradeMap, é focar em empresas mais consolidadas, que precisam de menos investimentos e, por isso, podem distribuir uma parcela maior de seu caixa na forma de dividendos ou JCP (juros sobre capital próprio).

No caso dos fundos imobiliários, a perspectiva de que a taxa de juros deve permanecer em patamar elevado por um bom tempo, em pelo menos dois dígitos até o fim de 2023, deve beneficiar os portfólios de quem investe em títulos de dívida do setor atrelados ao CDI, segundo os analistas.

Veja a seguir os cinco fundos mais recomendados nas carteiras com foco em renda de cinco corretoras:

Tabela FIIs mais recomendados para carteiras com foco em renda

KNCR11 lidera recomendações entre FIIs

Com 95,9% da carteira investida em papéis indexados ao CDI, como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários), o fundo  KNCR11, gerido pela Kinea, ficou na liderança entre as carteiras recomendadas das corretoras com foco em renda.

O portfólio pagou rendimento de R$ 1,30 por cota em setembro, relativo a agosto, o que equivale a um retorno de 107% do CDI.

“Entendemos que os fundos indexados ao CDI tendem a pagar maior rendimento nos próximos meses”, diz Flavio Pires, analista de fundos imobiliários da Santander Corretora.

O analista do Santander estima um retorno com dividendos (dividend yield) para o FII KNCR11 de 12,5% nos próximos 12 meses.

Já o FII RZAK11, que tem 60% da carteira aplicada em ativos atrelados ao CDI, pagou o maior dividend yield anualizado entre os fundos imobiliários com foco em renda, de 16,10%.

Segundo Anna Clara Tenan, analista de FIIs e Fiagros da Órama, o fato de o fundo ter uma parcela (40%) dos ativos pagando um retorno de IPCA mais uma taxa média de 10% também é importante para proteger o portfólio do risco de uma nova alta dos preços. “Existem riscos fiscais para o ano que vem que precisamos ficar atentos.”

Em setembro, o fundo distribuiu R$ 1,66 por cota, relativo a agosto. Tenan explica ainda que a carteira possui ativos com risco moderado.

A analista da Órama ainda chama a atenção para a gestão ativa do portfólio, que busca identificar oportunidades no mercado secundário para vender os títulos em carteira antecipadamente e, assim, gerar retornos adicionais ao fundo.

“Os fundos de recebíveis fazem mais sentido para os investidores que buscam renda do que os de tijolos, que têm foco mais na valorização dos imóveis”, diz Tenan.

Contratos de longo prazo garantem previsibilidade dos rendimentos de BRCO11 e HGRU11

Com contratos de locação de longo prazo e taxa de vacância zero, o FII BRCO11, que investe em galpões logísticos, consegue oferecer estabilidade de rendimentos aos cotistas. O fundo pagou neste ano, até setembro, um rendimento médio de R$ 0,67 por cota, o que equivale a um dividend yield anualizado de 7,23%.

O fundo possui 11 propriedades, a maioria localizada próxima de grandes centros, o chamado last mile, que possuem maior demanda por parte das empresas.

“O fundo tem uma carteira diversificada, com locatários de baixo risco de crédito, que estão expostos a setores resilientes”, aponta o Itaú Unibanco, em relatório.

A predominância de contratos de aluguel atípicos – de longo prazo e que permitem o repasse da inflação – também garante maior previsibilidade de receita para o FII HGRU11, o que torna o fundo atrativo para o investidor que busca receber pagamento mensal com dividendos.

Em agosto, esses contratos respondiam por 82% da carteira do fundo, sendo que a maioria (92,3%) está atrelada ao IPCA.

O fundo investe em imóveis comerciais, concentrados no Estado de São Paulo, e pagou dividendo de R$ 0,82 por cota, relativo a agosto, o que equivale a um dividend yield anualizado de 7,66%.

“Acreditamos que o HGRU11 é um veículo interessante para geração de renda previsível e recorrente, visto a quantidade de contratos atípicos, a localização de seus ativos e o vencimento alongado de seus contratos [a partir de 2026]”, aponta o Itaú Unibanco.

As melhores pagadoras de dividendos

Veja abaixo as seis ações mais recomendadas nas carteiras com foco em renda de cinco gestoras e corretoras.

Energia elétrica

Quando se pensa em ações que pagam bons dividendos, o primeiro setor que vem à cabeça, na avaliação de Matheus Spiess, analista da Empiricus, é o de energia elétrica. “O setor de energia é mais previsível, tem receita contratada, normalmente tem ajuste de sua receita alinhado com a inflação e paga bons dividendos”, explica.

Giuliano Dedini, portfolio manager da 4UM Investimentos, aponta ainda que o setor de energia elétrica, assim como o setor de serviços públicos de uma maneira geral, que compreende também empresas de saneamento básico, traz a segurança de operar com contratos de longo prazo e geração de caixa consistente.

Apesar de não dar indicação de compra de ações, Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator Administração de Recursos, também aponta o setor de energia elétrica como uma aposta tradicional de quem busca dividendos. Na sua avaliação, isso se deve principalmente à previsibilidade de geração de caixa.

Além dos papéis que compõem o ranking elaborado pela Agência TradeMap, Spiess indica ainda o investimento em EDP Brasil (ENBR3). Dedini, por sua vez, menciona Copel (CPLE6) e Taesa (TAEE11).

Financeiras

As ações do setor financeiro, por sua vez, têm como pontos positivos para uma estratégia de dividendos o fato de serem empresas maduras e que vêm apresentando recuperação de rentabilidade trimestre após trimestre, de acordo com Dedini.

No setor, Spiess também recomenda que quem investe em dividendos considere Itaú (ITUB4) e BB Seguridade (BBSE3). Dedini adiciona à lista BR Partners (BRBI11).

Commodities

Ainda que o cenário seja um pouco mais nebuloso para as ações ligadas a commodities, devido ao ambiente de incerteza em relação aos preços do petróleo e do minério de ferro, os especialistas acreditam que algumas empresas do setor devam continuar a pagar bons dividendos.

Ao longo deste ano, com o preço das commodities em patamares elevados, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) distribuíram dividendos altos – e, na visão de Spiess, devem continuar remunerando bem os seus acionistas.

“Ainda somos construtivos com o pagamento de dividendos destas companhias. Elas ainda estão muito baratas, estão gerando muito caixa e apresentando bons resultados”, afirma o analista da Empiricus.

Dividendos fora do radar

Werner Roger, sócio e CIO da Trígono Capital, foge do padrão ao realizar suas indicações. Na percepção do gestor, ao montar uma estratégia com foco em dividendos, é mais importante olhar para a situação atual das companhias e garantir uma visibilidade de fluxo futuro de dividendos do que se basear no histórico de distribuição de retorno das companhias.

Isso porque, de acordo com o Roger, a situação das empresas e setores muda. “A situação vai mudando. As empresas do setor elétrico agora têm muitos investimentos para fazer. Os bancos estão enfrentando competição, tributação e fintechs, com exigências de capital mais apertadas. Petrobras e Vale são empresas de commodities e, com o minério e o petróleo caindo de preço, não sabemos como vai ser o futuro”.

Diante disso, o sócio e CIO da Trígono Capital afirma preferir o investimento em mid e small caps (empresas de pequena e média valorização) que, por serem negociadas a múltiplos menores, conseguem atingir dividend yields mais altos. O dividend yield, vale ressaltar, é uma métrica usada para medir a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações

Lemos, da Fator Administração de Recursos, defende a mesma análise: “Tem que olhar o preço da empresa. Vamos supor que o valor de uma empresa suba 30%: seu resultado operacional vai continuar o mesmo. Se as ações subirem, o que acontece? O yield, que poderia ser de 8%, com a ação subindo cai para 6%”, explica.

Assim, Roger indica o investimento em Unipar (UNIP6), que tem forte geração de caixa e boas condições de pagar dividendos; Ferbasa (FESA4), que tem R$ 1 bilhão em caixa e vem antecipando dividendos regularmente; Kepler Weber (KEPL3), que está em um bom momento operacional e deve seguir distribuindo bons dividendos e JCP; e Tupy (TUPY3) que, apesar de ainda não pagar bons dividendos, deve começar a gerar retornos mais elevados depois da conclusão de duas aquisições.

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