Com o aumento da aversão a risco nos mercados desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia e a preocupação com seu impacto na inflação, os títulos públicos Tesouro IPCA+ ganham atratividade e são recomendados por especialistas como uma opção de proteção da carteira nesses momentos de maior instabilidade.
O aumento da volatilidade aumenta ainda mais a demanda por investimentos em renda fixa, que já vinha crescendo na carteira dos brasileiros com a taxa básica de juros (Selic) voltando para dois dígitos.
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“Já vínhamos apontando para a boa relação risco retorno da renda fixa. Nesses momentos adversos fica ainda mais evidente a importância da diversificação das carteiras e das proteções”, aponta a Órama em relatório.
Em fevereiro, os papéis do Tesouro indexados ao IGP-M com vencimento em 2031 lideraram os ganhos, com valorização de 1,24%, seguidos pelos títulos Tesouro Selic com vencimento em 2027, que tiveram alta de 1,10%.
Confira a seguir o desempenho de todos os títulos públicos, disponíveis ou não para compra, no Tesouro Direto, em fevereiro.
Fonte: Tesouro Direto | ||
Título | Vencimento | Retorno em fevereiro (em %) |
Tesouro IGPM+ com Juros Semestrais | 01/01/2031 | 1,24 |
Tesouro Selic | 01/03/2027 | 1,1 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2027 | 1,06 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2029 | 0,96 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2024 | 0,9 |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2024 | 0,88 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2025 | 0,86 |
Tesouro Selic | 01/03/2025 | 0,86 |
Tesouro Selic | 01/09/2024 | 0,82 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2026 | 0,78 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2025 | 0,77 |
Tesouro Selic | 01/03/2023 | 0,75 |
Tesouro Prefixado | 01/07/2024 | 0,73 |
Tesouro Prefixado | 01/01/2023 | 0,72 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2023 | 0,71 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais | 01/01/2031 | 0,61 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2026 | 0,47 |
Tesouro IPCA+ | 15/08/2026 | 0,33 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2030 | 0,09 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2045 | -0,18 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2035 | -0,24 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2050 | -0,29 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/08/2040 | -0,33 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais | 15/05/2055 | -0,54 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2035 | -0,71 |
Tesouro IPCA+ | 15/05/2045 | -2,11 |
Títulos atrelados à inflação são vistos como proteção
Com a perspectiva de alta da inflação diante do impacto do conflito sobre o preço das commodities, principalmente do petróleo, ter uma posição em títulos públicos indexados ao IPCA faz sentido como proteção da carteira, avalia Tomás Awad, sócio-fundador da 3R Investimentos.
Esses papéis estão pagando uma taxa de juros real acima de 5,4%. Mas é importante lembrar que os títulos com vencimentos mais longos são mais suscetíveis a movimentos de volatilidade.
Os papéis Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045 lideraram as perdas em fevereiro, acumulando queda de 2,11%. Mas o investidor só vai ter perda se vender nesses momentos de queda, antes do vencimento.
A alta do preço do petróleo traz uma preocupação com relação à alta da taxa básica de juros nos Estados Unidos. O presidente do Federal Reserve (banco central americano), Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que está inclinado a defender uma alta de 0,25 ponto da taxa básica americana, o que trouxe um alívio para os mercados.
O preço do barril tipo Brent já subiu 16,04% desde o início do conflito, em 24 de fevereiro, e era negociado a US$ 111,07 às 14h55, alta de 5,81% e maior nível desde 2014.
A alta do petróleo e do dólar devem tornar ainda mais difícil o desafio do Banco Central de trazer as expectativas de inflação para a meta.
A média das projeções para o IPCA ao fim desde ano e em 2023 era de 5,60% e 3,51%, segundo o último Boletim Focus divulgado hoje, ambos acima do centro da meta de inflação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado prévia da inflação oficial, ficou em 0,99% em fevereiro, acima da alta de 0,58% de janeiro e a maior variação para o mês de fevereiro desde 2016 (1,42%). No ano, o IPCA-15 acumula alta de 1,58% e, em 12 meses, de 10,76%.
Selic mais alta
A alta do índice acima do esperado levou alguns bancos a revisarem o cenário para a taxa Selic , prevendo um aperto monetário maior por parte do Banco Central em 2022.
O Credit Suisse elevou a projeção para taxa Selic de 12,25% para 12,75%, prevendo a extensão do ciclo de aperto monetário até junho.
Já o Santander espera que a taxa básica encerre o ciclo de aperto monetário em 12,50%, ante 12,25% da projeção anterior, com uma alta de um ponto percentual na reunião do Banco Central em março e outra de 0,25 ponto em junho. “Projetamos cortes de juros apenas no primeiro trimestre de 2023, condicionados a sinais de política econômica”, apontou o banco em relatório.
Nesse cenário, o BTG Pactual continua com a preferência para títulos pós-fixados Tesouro Selic para alocações com horizonte de até três anos. Para quem tem um horizonte de investimento um pouco maior, de três a cinco anos, o banco vê os papéis atrelados à inflação de curto e médio prazos como mais interessantes. “O prêmio relativamente baixo dos títulos longos versus curtos ainda reforça nossa visão de alocação em papéis curtos e intermediários”, destacou o banco em relatório.
A alta do preço dos combustíveis aumenta a preocupação com o quadro fiscal. O Santander destacou, em relatório, que continua vendo riscos no quadro fiscal e na estabilização da dívida pública no longo prazo, principalmente após as recentes mudanças, que incluem a flexibilização do teto de gastos.
Existem dois projetos de lei sobre o assunto no Senado, cuja tramitação deve ser retomada na semana que vem.
O PLP 11/2020, que determina alíquota unificada e em valor fixo para o ICMS sobre combustíveis em todo o país, e o PL 1472/2021, que cria uma conta para financiar a estabilização dos preços dos combustíveis.
Tesouro passa a oferecer novos títulos em fevereiro
Em 21 de fevereiro, o Tesouro Direto passou a disponibilizar novos títulos para os investidores.
Os novos papéis têm vencimentos mais longos do que aqueles que cujas vendas foram descontinuadas.
Fonte: Tesouro Direto | |||
Novos títulos do Tesouro | Vencimento | Títulos Descontinuados | Vencimento |
Tesouro Prefixado | 2025 | Tesouro Prefixado | 2024 |
Tesouro Prefixado | 2029 | Tesouro Prefixado | 2026 |
Tesouro Prefixado | 2033 | Tesouro Prefixado | 2031 |
Tesouro Selic | 2025 | Tesouro Selic | 2024 |
Tesouro IPCA com juros semestrais | 2032 | Tesouro IPCA com juros semestrais | 2031 |