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Petróleo passa de US$ 111 por conflito na Ucrânia; ações também sobem no exterior

Receio de problemas no fornecimento de petróleo da Rússia empurram os preços do petróleo para níveis vistos pela última vez em 2014

Foto: Shutterstock

Os preços dos contratos futuros do petróleo passaram de US$ 110 por barril, por receios de que a oferta da commodity possa ser prejudicada pelo confronto militar entre a Ucrânia e a Rússia.

Por volta das 9h25 (de Brasília), o preço do petróleo tipo Brent no mercado futuro da ICE subia 5,9%, para US$ 111,13 o barril. De madrugada, a commodity chegou a ser cotada a US$ 112,98 por barril – maior preço desde meados de 2014.

Os preços do petróleo estão subindo há semanas por receios de que uma ação militar da Rússia contra a Ucrânia pudesse tirar barris do mercado. O movimento de alta ganhou fôlego na semana passada, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, enviou tropas ao território ucraniano.

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De lá para cá, Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido adotaram uma série de sanções econômicas contra a Rússia, nenhuma delas diretamente relacionada ao petróleo. No entanto, os primeiros efeitos colaterais destas medidas sobre o mercado da commodity começam a aparecer.

“O Ocidente não sancionou diretamente o petróleo russo. Mas remover o país do Swift e outras medidas aplicadas no sistema financeiro significam que os pagamentos, o financiamento e os seguros para as exportações russas – entre elas as de petróleo – estão ficando cada vez mais problemáticos”, disse Fiona Cincotta, analista de mercados financeiros da corretora britânica City Index UK.

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A Rússia fornece cerca de 10% do petróleo consumido no mundo. No momento, o mercado de petróleo está com demanda superior à oferta, e uma redução no fornecimento por parte dos russos pode agravar este quadro, resultando em aumentos ainda mais significativos nos preços.

Isso, em contrapartida, pode impedir a desaceleração da inflação – que está em níveis historicamente altos em vários países do mundo, inclusive no Brasil – e forçar os bancos centrais a aumentarem os juros com mais vigor. Em tese, isso seria negativo para a economia e para os preços das ações, dado que a renda fixa passaria a oferecer retornos maiores e menos voláteis do que a renda variável.

No entanto, alguns especialistas sugerem que, desta vez, pode valer mais a pena apostar nas ações do que em títulos de dívida.

Inflação pode prejudicar renda fixa

Em relatório semanal, o BlackRock Investment Institute (BII), braço de análise de uma das principais gestoras de ativos do mundo, destacou que os preços mais altos do petróleo vão deixar a inflação mais forte, mas que o conflito na Ucrânia vai remover a pressão para que os bancos centrais tentem corrigir isso com um aumento acelerado das taxas de juros.

“Os mercados vão começar a perceber que os bancos centrais não terão outra escolha a não ser conviver com a inflação. Preferimos ações com este pano de fundo inflacionário de forte retomada econômica e taxas de retorno baixas [na renda fixa] quando ajustas pela inflação”, disse o BII.

Outros especialistas, porém, apontam que é melhor esperar antes de entrar no mercado. Lisa Shalett, executiva-chefe de investimentos da área de gestão de patrimônio do Morgan Stanley, está no grupo dos mais cautelosos.

“Aconselhamos os investidores a não pularem no mercado [de ações], mesmo que as quedas de preços recentes tenham tornado os valores mais atraentes. Os investidores devem monitorar as tendências de revisão nos balanços e a dinâmica do mercado de dívida até terem convicção de que foi atingido um piso” para os preços.

Hoje, o mercado parece estar mais alinhado com o BII, depois das quedas registradas nas bolsas internacionais na segunda e na terça-feira.

Nos Estados Unidos, os contratos futuros dos principais índices do mercado de ações – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq Composto – subiam 0,7%, enquanto na Europa o Stoxx 600, índice que reúne grandes empresas da zona do euro, avançava 0,6%.

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