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Ibovespa resiste a exterior e sobe com ações de commodities e varejo

Guerra na Ucrânia e pressões inflacionárias seguem os principais tópicos nos mercados

Foto: João Tessari/TradeMap

Apesar do tom negativo dos mercados no exterior, o Ibovespa conseguiu se manter no verde e fechou em alta pelo sexto pregão consecutivo, impulsionado por ações ligadas a commodities e varejo.

O principal índice da Bolsa de valores brasileira teve avanço de 0,16%, aos 117.457 pontos. No ano até aqui, o saldo é de alta de 12,05%, enquanto a valorização desde o início de março é de 3,81%.

O movimento do Ibovespa contrariou a tendência das Bolsas do exterior. Em Nova York, o Nasdaq teve baixa de 1,32%, o S&P 500 caiu 1,26% e o Dow Jones recuou 1,29%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 registrou perdas de 1,45%.

Guerra segue sendo tópico principal

Os acontecimentos na Ucrânia seguem no radar. Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, foi para a Bruxelas para participar de uma cúpula de emergência da Otan, de uma reunião com líderes da G-7 e de uma reunião do Conselho Europeu. A expectativa é que sejam anunciadas novas sanções contra a Rússia.

Diante deste cenário, com a notícia de que um oleoduto que passa pela Rússia foi danificado e com a declaração do American Petroleum Institute (API) de que os estoques da commodity caíram no país, os preços do petróleo voltaram a subir no pregão de hoje. O Brent fechou as negociações com avanço de 5,30%, a US$ 121,60.

A expectativa é de que os problemas com o oleoduto reduzam ainda mais a quantidade de petróleo disponível no mercado, que já sofria com a redução na oferta de barris provocada pelas sanções econômicas impostas aos russos.

Com isso, as ações das petroleiras brasileiras tiveram um dia positivo: 3R Petroleum (RRRP3) teve alta de 2,95%; PetroRio (PRIO3), de 2,94%; e Petrobras (PETR4), de 1,36%.

O preço do minério de ferro também voltou a subir nesta quarta, após cair na terça. Na bolsa de commodities de Dalian, na China, a matéria-prima apresentou alta de 0,43%, sendo negociada a US$ 129. Apesar da alta do minério, a Vale (VALE3) teve queda de 0,22%, impactada pela baixa do dólar. A moeda americana encerrou o pregão com recuo de 1,44%, a R$ 4,8442.

Inflação também continua em foco

Com a alta das commodities, os tópicos inflação e combustíveis seguem dando o que falar. Os mercados globais continuaram a se ajustar a declarações mais agressivas de membros do Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos). O presidente da instituição, Jerome Powell, disse no início da semana que o banco está preparado para tomar medidas mais duras conta a inflação.

Neste tema, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou, em evento organizado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que o pico da inflação em 12 meses deverá ocorrer em abril desde ano, com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) voltando a recuar a partir de então.

Campos Neto declarou ainda que a polarização do pós-conflito entre Rússia e Ucrânia redesenha as cadeias globais e pode criar oportunidades para o Brasil, como no mercado de minerais e na comercialização de alimentos.

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Na seara política, o acontecimento mais relevante foi a assinatura, pelo ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de filiação ao PSB, abrindo caminho para se tornar vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidência.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Grupo Soma (SOMA3), Lojas Renner (LREN3) e CVC (CVCB3), com ganhos de 7,15%, 5,57% e 4,52%, respectivamente. Estas altas, que vêm depois de dois meses de queda, são motivadas pelo fluxo estrangeiro e por um movimento de rotação de carteira, isto é, troca de papéis mais valorizados por ações mais baratas em busca de oportunidades.

A alta das empresas do setor varejista vem no mesmo dia em que o Índice Antecedente de Vendas do Instituto para Desenvolvimento do Varejo apontou que as empresas do setor esperam crescimento das vendas nos meses de março e abril na comparação com igual período do ano passado.

De acordo com o IDV, alguns fatores econômicos e estratégias comerciais explicam a expansão esperada para este mês e o próximo. Entre eles estão a redução de casos de Covid-19 e o avanço contínuo da vacinação, o aumento da renda e a diminuição do desemprego.

Ainda sobre o varejo, um grupo de empresários do setor tem pressionado o governo contra a importação de produtos da China por pessoas físicas, segundo notícia do jornal O Estado de S. Paulo.

“Mudanças nas normas tributárias para produtos importados por pessoas físicas seriam positivas para Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3), uma vez que retirariam, ou reduziriam, uma das principais vantagens competitivas do segmento cross-border”, disseram analistas da Ativa Investimentos em comentários ao mercado.

Na direção oposta, as maiores baixas do Ibovespa no fechamento eram de Fleury (FLRY3), BRF (BRFS3) e Copel (CPLE6), que recuaram 4,2%, 3,83% e 3,44%, nesta ordem.

As empresas de frigoríficos caíram em bloco: além de BRF, Minerva (BEEF3) teve baixa de 3,27%; JBS (JBSS3), de 1,6%; e Marfrig (MRFG3), de 1,05%. “As empresas de frigorífico que têm grande parte de sua receita dolarizada vêm sendo negativamente impactadas pela valorização cambial do real frente à moeda americana”, segundo analistas da Ativa.

Em notícias do setor, o governo chinês suspendeu a importação de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO) a partir de quinta-feira, sem informar o motivo da decisão.

A Copel caiu depois de registrar lucro líquido de R$ 396 milhões no quarto trimestre de 2021, queda de 64% em relação a igual período do ano anterior. A margem líquida foi de 6% no último trimestre do ano passado, um recuo grande em relação aos 19,9% dos mesmos meses de 2020. A Copel atribui a queda na margem à crise hídrica do período e a diminuição dos lucros à queda no resultado da Usina Termelétrica de Araucária e da Copel GeT.

A Ambev (ABEV3) também teve queda, de 1,32%. Segundo infomações divulgadas pelo jornal Valor Econômico, a concorrente Heineken protocolou uma petição no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acusando a Ambev de controle de mercado.

Em outra importante notícia corporativa, a Itaúsa (ITSA4) se desfez do equivalente a R$ 1,8 bilhão de ações da XP Investimentos, como já havia sido antecipado, e sinalizou que as vendas devem continuar. Assim, os BDRs da corretora (XPBR31) fecharam em baixa de 7,48%.

Não bastasse isso, a corretora tem apanhado nas redes sociais depois de uma reportagem do portal GE, da Rede Globo, apontar fragilidades no contrato de venda do Cruzeiro para o ex-jogador de futebol Ronaldo. A XP foi contratada pelo Cruzeiro para assessorá-lo na negociação.

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