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Ibovespa resiste a exterior e fecha em alta, ajudado por commodities

Índice encerrou o pregão em alta de 0,28%, aos 106.668 pontos

Foto: Divulgação

O Ibovespa resistiu à pressão das Bolsas do exterior e, depois de um dia de sobe e desce, fechou o pregão desta terça-feira, dia 18, em alta, ajudado por ações ligadas a commodities.

O principal índice da bolsa de valores brasileira encerrou o dia em com avanço de 0,28%, aos 106.668 pontos, com R$ 20,26 bilhões em volume negociado. No ano até aqui, o Ibovespa acumula alta de 1,76%.

Com a alta nos preços do petróleo, as empresas do setor ajudaram a evitar a queda do Ibovespa. O barril do petróleo tipo Brent atingiu uma máxima em mais de sete anos ao longo do dia e fechou o pregão com avanço de 1,19%, a US$ 87,51, em meio a preocupações com a oferta depois de ataques a cargueiros de combustíveis nos Emirados Árabes por um grupo terrorista alinhado ao Irã.

Com isso, a Petrobras (PETR4) fechou em alta de 0,44%. Do lado negativo, porém, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) irá investigar um “possível abuso de posição dominante, por parte da Petrobras, no mercado de combustíveis”, segundo comentário da assessoria do órgão à agência de notícias Reuters.

Em resposta, a Petrobras afirmou à agência que “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato, para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

A Vale (VALE3) também registrou fortes altas, fechando com avanço de 2,45%, depois de um salto nos preços do minério de ferro. Além disso, a China – um grande consumidor de minério de ferro e de commodities em geral – parece estar impulsionando sua economia.

O operador de renda variável da B.Side Investimentos, Lucas Mastromonico apontou que o gigante asiático tem baixado os juros e incentivado a produção, na contramão da política monetária americana. “Isso é bom para as commodities e reaquece a economia. Como resultado, vimos o minério subindo forte”, avaliou.

Na direção oposta, um fator interno que prejudicou os mercados hoje foi o risco fiscal, ampliado pelas paralisações de mais de quarenta categorias de servidores federais, que protestam por reajustes salariais a quatro dias da data limite para sanção da lei orçamentária do ano pelo presidente Jair Bolsonaro.

Mais duas paralisações estão marcadas para os dias 25 e 26.  Se a demanda por reajuste não for atendida, os servidores entrarão em greve a partir de março.

O governo resiste às pressões dos servidores públicos porque, para cada ponto porcentual de reajuste salarial, estima-se um gasto de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões. O presidente Jair Bolsonaro chegou a cogitar anteriormente elevação de 5% nos salários, o que geraria até R$ 20 bilhões a mais em gastos permanentes por ano, segundo cálculo do diretor-executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente do Senado), Felipe Salto.

Essa possibilidade preocupa o mercado financeiro e afeta os preços dos ativos negociados, elevando os juros futuros e pressionando ainda mais o dólar.

Alta de juros derruba bolsas do exterior

No exterior, o dia foi de recuos generalizados, em meio a preocupações com a inflação e com a alta de juros nos Estados Unidos. A expectativa é que o Fed comece o aperto monetário em março, com possibilidade de outras três altas de juros neste ano, além da redução do balanço patrimonial – o que na prática significaria menos dólares circulando no mercado.

Isso provocou um aumento da aversão a ativos de risco nos mercados internacionais, levando ao avanço do dólar frente às principais moedas e queda das bolsas na volta do feriado no país. Por aqui, a moeda americana terminou o dia em alta de 0,61%, a R$ 5,5603.

“A parte curta da curva de juros americana está precificando uma alta de juros exagerada pelo Fed e boa parte disso é reflexo do aumento do preço do petróleo”, diz Gustavo Medeiros, chefe de pesquisa global macro na gestora britânica Ashmore.

A Ashmore espera entre três a quatro elevações da taxa básica de juros nos Estados Unidos neste ano. “Mais de quatro altas acho difícil entregarem. Acho que o Fed não se importa se houver uma correção saudável nos mercados, a não ser que a volatilidade aumente bastante e o mercado acionário caía bastante, ele pode começar a se preocupar, porque isso impacta o sentimento e o consumo na margem”, diz Medeiros.

Em Nova York, o Nasdaq teve baixa de 2,6%, o S&P 500 recuou 1,74% e o Dow Jones caiu 1,51%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve perdas de 1,03%.

Destaques do pregão

No fechamento da sessão, as maiores altas do Ibovespa eram de PetroRio (PRIO3), Cogna (COGN3) e Gerdau (GGBR4), com ganhos de 4,82%, 3,69% e 3,4%, respectivamente. As quedas, por outro lado, eram lideradas por Locaweb (LSWA3), Banco Inter (BIDI11) e Alpargatas (ALPA4), que perderam 10,61%, 10,43% e 7,88%.

As altas da PetroRio e da Gerdau seguem a escalada nos preços das commodities. No setor, depois de Vale e Usiminas, foi a vez de a CSN Mineração (CMIN3) e a CSN (CSNA3) retomarem suas atividades na região sudeste, após uma semana de paralisação devido às grandes chuvas. As ações da CSN Mineração tiveram alta de 2,27%, enquanto as da CSN subiram 2,59%.

Foram retomadas atividades de extração e movimentação na mina Casa de Pedra e na planta de beneficiamento do Pires, em Minas Gerais. No Rio de Janeiro, as operações portuárias de carregamento de minério no Terminal de Carvão (TECAR) no porto de Itaguaí foram retomadas de forma parcial e gradativa.

O avanço da Cogna segue uma tendência do setor de educação como um todo, que é beneficiado pela perspectiva de retomada diante do avanço da vacinação no país. Destaque também para Yduqs (YDUQ3), com avanço de 2,94%.

A Cogna também foi ajudada pela notícia de que gestora Alaska aumentou sua posição na companhia para 15,23%, de 10,05%. Segundo Mastronomico, da B.Side, a Alaska tem um histórico de valorizar as ações das companhias quando compra suas ações, como já ocorreu com Magazine Luiza (MGLU3) e Log-in (LOGN3). Ele também atribui a alta da Cogna ao valor baixo dos papéis.

Os grandes bancos subiram em bloco, diante da perspectiva de subida dos juros. Bradesco (BBDC4) avançou 1,81%; Itaú (ITUB4), 0,60%; e Banco do Brasil (BBAS3), 0,89%. A queda do Banco Inter, por outro lado, vem depois de a Ponta Sul Investimentos ter diminuído ainda mais sua participação no capital social da companhia, para 3,94%.

Além disso, as ações de tecnologia sentem os impactos das perspectivas de alta nas taxas de juros americanas. Mastromonico também atribuiu a queda nos preços das ações da Locaweb ao fato de ela ser relativamente nova na Bolsa.

“Os investidores tem saído de empresas com pouca liquidez, as novatas da B3. Quando a bolsa começou a dar um ‘susto’, acabaram se desfazendo das ações. Vemos esse movimento de muita gente vendendo esses papéis”, afirmou.

A forte queda da Alpargatas, segundo analistas ouvidos pela Agência TradeMap, se deve principalmente às perspectivas de alta de juros e manutenção dos patamares elevados de inflação. Os juros mais altos prejudicam a empresa em duas frentes: encarecem o custeio da dívida e o crédito à pessoa física, o que reduz o poder de compra da população.

A BRF (BRFS3) fechou em baixa de 5,78% após divulgar mais informações sobre sua oferta subsequente de ações (follow-on), que é bem vista pelo mercado. Segundo a empresa, a oferta prevê um aumento de capital de R$ 6,68 bilhões e poderá ser ampliada e chegar a R$ 8,019 bilhões caso a empresa julgue necessário lançar uma quantidade adicional de ações ao mercado, a depender da demanda.

Fora do Ibovespa, a ClearSale (CLSA3) despencou 13,65%, um dia depois de anunciar a aquisição da Beta Learning, especializada em desenvolvimento de softwares, por R$ 52,5 milhões. “Em um cenário de escassez de mão de obra técnica, a transação contribui com o incremento do time técnico da ClearSale”, afirmou a companhia em comunicado.

As ações da Oi (OIBR3), por outro lado, fecharam em alta de 12,99%, após subirem 15% ao longo do dia, enquanto investidores aguardam os desdobramentos da venda da Oi Móvel, um dos eventos previstos em seu plano de recuperação judicial.

No fim da tarde desta terça, o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Cordeiro Macedo, se encontrou de forma virtual com o time jurídico da Oi e com o CEO Rodrigo Abreu, entre outros diretores.

O encontro entre a tele e a autarquia acontece logo após o Conselho de Administração da Oi aprovar a convocação de assembleia geral extraordinária para o dia 27 de janeiro. O intuito é deliberar acerca da proposta de incorporação das sobras da Oi Móvel, promovendo mais eficiência tributária sobre os ativos do grupo.

Concidentemente, um dia antes, em 26 da janeiro, o Cade realizará uma sessão extraordinária de julgamento. Segundo uma fonte do Broadcast, porém, o processo de compra da Oi Móvel não deve ser analisado nesta sessão.

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