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Ibovespa fecha último pregão de 2021 no positivo, mas perde 11,9% no ano

Índice sobe ajudado por dados de arrecadação federal e pela Vale

Foto: Estadão

Apesar de fechar o último pregão do ano em território positivo, com ganhos de 0,69%, aos 104.822 pontos, o Ibovespa não foi capaz de reverter as perdas de meses anteriores e fechou 2021 no negativo, em baixa de 11,9%, na primeira queda anual desde 2015.

O índice subiu a despeito do mercado externo. Em Wall Street, o S&P 500 fechou em baixa de 0,27%, o Dow Jones caiu 0,25%, e o Nasdaq teve recuo de 0,16%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 subiu 0,5%; o DAX, da Alemanha, ganhou 0,21%; e o FTSE 100, de Londres, teve queda de 0,24%.

A sensação geral do mercado é que os impactos da variante Ômicron do coronavírus sobre a economia não serão tão fortes quanto se temia. As notícias em torno da disseminação do vírus, no entanto, não são animadoras. Nos EUA, o número de novos casos subiu para uma média de 265 mil por dia, muito devido à disseminação da variante Ômicron.

Na ponta positiva, alguns países que haviam imposto novas medidas de restrição para combater a disseminação estão voltando atrás, devido à taxa reduzida de óbitos diante do grande número de novos casos.

No Brasil, em meio à redução de gastos com a pandemia e arrecadação recorde, as contas do setor público tiveram um superávit primário (receitas menos despesas antes do pagamento dos juros da dívida pública) de R$ 15 bilhões em novembro, segundo o Banco Central (BC). No mesmo mês do ano passado, o resultado havia ficado negativo em R$ 18,1 bilhões.

Foi o melhor mês de novembro para as contas públicas desde 2013, e o cenário reforça a chance de o setor público encerrar o ano no azul pela primeira vez desde o mesmo ano.

Na avaliação de analistas, porém, esse bom desempenho não deve se manter daqui para frente. “Este cenário deve ser revertido no próximo ano com o aumento dos gastos com programas sociais, a mudança no teto de gastos e a normalização do superávit dos governos subnacionais”, afirmou a equipe de análise de macroeconomia do BTG Pactual Digital.

Outro fator que ajudou o Ibovespa a fechar no verde foi a alta nas ações da Vale (VALE3), “muito por conta da alta do minério e da China, que vem sinalizando que vai manter os estímulos da economia através de um recolhimento menor de empréstimo compulsório”, explica Alexandre Achui, head da mesa private de ações e sócio da BRA. A mineradora teve alta de 0,92%, a R$ 77,96.

Do lado negativo, o embate em torno do reajuste dos servidores federais reforça a noção de desafios para o avanço do Orçamento de 2022, que pode acabar encontrando dificuldades no Legislativo.

As paralisações anunciadas por diversas categorias do funcionalismo e o aceno do governo de prorrogar o aumento temporário do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para financiar a desoneração da folha de pagamentos também limitam as altas do índice, com investidores preocupados com o cenário fiscal do país.

As maiores altas do Ibovespa foram de Méliuz (CASH3), SulAmérica (SULA11) e Magazine Luiza (MGLU3), que subiram 7,64%, 6,84% e 6,81%, respectivamente. Na ponta oposta, Marfrig (MRFG3), Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) lideraram as baixas, com quedas de 3,71%, 1,64% e 1,35%.

As ações de varejo subiram porque “são ações mais sensíveis à curva de juros”, que hoje operaram em baixa, explica Achui. Além de Magalu, Via (VIIA3) subiu 4,58%, a R$ 5,25; Lojas Americanas (LAME4) 0,68%, a R$ 5,89; Americanas (AMER3) 1,81%, a R$ 31,58; e Lojas Renner (LREN3), 2,26%, a R$ 24,44.

Os papéis do setor de tecnologia também tiveram fortes altas, beneficiados pela queda dos juros. Além de Méliuz, Locaweb (LWSA3) subiu 5,2%, a R$ 13,16; Banco Inter (BIDI11) avançou 3,59%, a R$ 28,57; Banco Pan (BPAN4) ganhou 0,95%, a R$ 10,68, enquanto Totvs (TOTS3) teve alta de 2,69%, a R$ 28,64.

A SulAmérica (SULA11), por sua vez, despontou depois de anunciar a compra da Sompo Saúde, subsidiária de uma das maiores seguradoras do Japão, por R$ 230 milhões.

“A transação reforçará ainda mais a posição de relevância da SulAmérica na cidade de São Paulo e região metropolitana, reafirmando a estratégia de crescimento no segmento de Saúde e Odonto, adicionando cerca de R$ 650 milhões anuais em receitas e contribuindo de forma relevante para os resultados da companhia, inclusive por meio das sinergias operacionais que serão viabilizadas”, disse a empresa em fato relevante.

Entre as quedas, destaque para as ações dos grandes bancos, que reagem à possibilidade de o governo manter mais alta a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrada dos bancos e prorrogar a sobretaxa do IOF até 2023, com o objetivo de financiar a desoneração da folha de pagamento para alguns setores.

As medidas, se confirmadas, podem pressionar os balanços dos bancos. Com isso, além de Itaú e Santander, Bradesco (BBDC4) teve perdas de 0,47%, a R$ 19,21, e Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,38%, a R$ 28,85.

Destaques do pregão

Um destaque negativo foi Neoenergia (NEOE3), que caiu 5,04%, a R$ 16,20, depois de a companhia informar, com meses de atraso, que passará a pagar royalties à sua controladora espanhola Iberdrola.

A informação não foi divulgada por meio de um fato relevante, como usual, mas sim em um documento sobre transação entre partes relacionadas. Além disso, a decisão foi tomada em março, mas apresentada somente agora.

Conforme o documento, a empresa terá de pagar 0,9% da receita operacional líquida (ROL) ajustada, descontados os custos de energia e combustível. O Santander estima o montante em R$ 160 milhões anuais.

Os investidores agora fazem as contas. O novo acordo com a controladora pode substituir antigos contratos entre as partes, que atualmente custam R$ 130 milhões anuais à empresa. A diferença seria compensada por benefícios fiscais, mas ainda assim o negócio é indigesto, segundo Jader Lazarini, analista CNPI da Agência TradeMap.

“Fato é que mesmo que a operação traga benefícios fiscais, coloca um ponto de interrogação na governança da empresa, em função da falta de transparência. O mercado avalia que os princípios ESG, tão destacados pela Neoenergia, foram feridos com o episódio”, escreve o analista.

A MRV (MRVE3) teve alta de 2,22%, a R$ 12, depois de anunciar que fechou um acordo para as primeiras vendas, a um investidor, de empreendimentos da Luggo, uma startup de locação de imóveis que a construtora fundou em 2018. A construtora venderá os empreendimentos da startup para uma gestora, a Brookfield Asset Management, por R$ 1,26 bilhão, em um negócio dividido em três fases e que envolve 5,1 mil apartamentos.

A Alupar, por sua vez, informou que a Transmissora Serra da Mantiqueira, empresa na qual tem 51% de participação, recebeu do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) um termo que autoriza o recebimento de receita a partir de 23 de dezembro de 2021, antecipando em cerca de oito meses sua energização.

Com a liberação, a companhia destaca que será adicionada uma receita anual permitida de R$ 120 milhões para o ciclo de 2021 e 2022. Com isso, as ações da Alupar (ALUP11) tiveram alta de 0,54%, a R$ 24,10.

A Positivo Tecnologia (POSI3) firmou contrato de fornecimento com prestação de serviços com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A companhia venceu o processo de licitação para a produção de até 176 mil urnas eletrônicas, na segunda-feira desta semana. As ações caíram 2,24%, a R$ 10,90, após ganhos nos últimos dias.

A Petrobras (PETR4), por sua vez, informou que adotará medidas judiciais nos casos que determinaram a suspensão do reajuste do gás fornecido pela estatal a distribuidoras dos estados de Rio de Janeiro, Ceará, Sergipe e Alagoas.

Segundo a empresa, as decisões “abalam a segurança jurídica do ambiente de negócios, interferindo na livre formação de preço, colocando em risco a implementação da própria abertura do mercado de gás natural no Brasil e a atração de investimento no país”. A R$ 28,45, o papel teve baixa de 0,32%.

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