Ibovespa cai pelo quinto pregão consecutivo após China isolar população e pressionar mineradoras

Principal índice da B3 encerrou a sessão em queda de 1,18%, aos 107.093 pontos

Foto: Shutterstock

O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (9) em baixa pela quinta sessão consecutiva, refletindo a queda das mineradoras após a China anunciar novas medidas de restrição em Xangai. O movimento acompanha a queda generalizada nos mercados globais com os investidores analisando o anúncio de alta dos juros na zona do euro e à espera de dados da inflação americana.

O principal índice da B3 fechou queda de 1,18%, aos 107.093 pontos e R$ 19,57 bilhões em volume negociado. Com isso, o Ibovespa acumula um recuo de 3,82% no mês. Desde o início do ano, porém, o índice soma alta de 2,17%, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O mercado brasileiro foi penalizado pela retomada de lockdowns em Xangai, o maior centro comercial da China, após novos surtos de Covid-19. O governo de Pequim anunciou nesta quinta-feira (9) que vai isolar uma área com 2,7 milhões de habitantes para a testagem em massa.

O anúncio ocorre semanas depois de os chineses começarem a reverter políticas de restrições, que trouxe certo alívio aos mercados de forma momentânea. O novo temor de desaceleração da segunda maior economia do mundo fez pressão sobre o minério de ferro negociado no porto de Dalian, que fechou em baixa de 0,38%, a US$ 138,59 por tonelada.

A expectativa de desaceleração das atividades na China impactou as empresas brasileiras expostas à commodity. A CSN (CSNA3) liderou as quedas, com recuo de 6,65%, enquanto a Usiminas (USIM5) tombou 4,80%, e a Gerdau (GOAU4), caiu 4,60%.

Ligadas a economia doméstica, a Magazine Luiza (MGLU3) também teve forte queda de 6,52%, enquanto a Azul (AZUL4) perdeu 5,35%.

Eletrobras se destaca

Um dos destaques do dia foram as ações da Eletrobras, que fecharam em alta de 2,14% os papéis ordinários e as ações preferenciais que subiram 2,09%, com o investidor no aguardado da precificação da oferta.

O preço da oferta de ações, que vai permitir a privatização da estatal, será definido nesta quinta-feira e a operação pode movimentar até R$ 35 bilhões.

A oferta atraiu até o momento 368.833 investidores que autorizaram o uso dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) para o investimento nas ações da estatal de energia via Fundos Mútuos de Privatização – FGTS, segundo informou uma fonte com conhecimento da oferta à Agência Trademap.

⇨ Quer conferir quais são as recomendações de analistas para as empresas da Bolsa? Inscreva-se no TradeMap!

Foram criados 21 fundos dessa categoria para participar da capitalização da Eletrobras, cujas taxas de administração variam de zero a 0,40% ao ano. Essas carteiras atraíram cerca de R$ 9 bilhões de demanda.

Segundo Charo Alves, especialista em renda variável da Valor Investimentos, a tendência é de manutenção da valorização dos papéis nos próximos dias.

“Houve uma busca muito forte de investidores institucionais nos papéis, e muitos devem buscar completar a sua posição e comprar mais ações”, explica.

Inflação vem abaixo do esperado

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) registrou, em maio, avanço de 0,47% na comparação mensal, abaixo do esperado pelos analistas e menos da metade do 1,06% observado em abril.

Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 11,73%, abaixo dos 12,13% registrados em abril, conforme dados divulgados nesta manhã pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

As surpresas positivas deram gás aos setores mais expostos à economia doméstica, como o varejo e a construção civil. Entre as maiores altas, destaque para o avanço de 2,98% da Hapvida (HAPV3), que foi beneficiada com a decisão da véspera do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) sobre a mudança de regras nos planos de saúde, e os papéis da SulAmérica (SULA11) e CCR (CCRO3), com altas de 2,69% e 2,24%, respectivamente.

Apesar dos dados abaixo do esperado, analistas do mercado preferem cautela ao tratar dos próximos rumos da inflação e os impactos na decisão da alta dos juros pelo Banco Central (BC).

“A inflação veio um pouco melhor do que esperávamos, e houve algumas surpresas positivas em alimentação. Mas são surpresas pontuais. O qualitativo do IPCA segue bastante ruim”, disse o economista Luis Menon, da Garde Asset Management.

O Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne na próxima semana para definir novo aumento da Selic, atualmente a 12,75% ao ano. O consenso do mercado é para o acréscimo de 50 pontos-base, elevando a taxa para 13,25%.

Há expectativa de novo aumento no encontro marcado para agosto, também de 50 pontos-base, encerrando o ciclo de alta em 13,75% ao ano.

Cenário internacional

Nos mercados internacionais, o cenário também foi de queda com investidores repercutindo o anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de alta dos juros em julho e em setembro, conforme nota divulgada nesta manhã

A alta prometida para julho será de 25 pontos-base. Atualmente, a taxa está em zero. Em setembro, virá outra, que pode ser da mesma magnitude ou maior, e a partir daí são esperados mais aumentos.

“Após setembro, com base em sua avaliação atual, o Conselho do BCE antecipa que um caminho gradual, mas sustentado, de novos aumentos nas taxas de juros será apropriado”, afirmou a entidade.

Será o primeiro aumento nos juros da zona do euro desde 2011. Assim como o resto do mundo, os países do velho continente sofrem com o aumento generalizado da inflação, que em maio bateu a casa de 8,1%, o sétimo recorde seguido e o maior patamar desde 1979.

O clima de cautela internacional é reforçado pela expectativa dos dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês), que serão anunciados na manhã desta sexta-feira (10).

Em abril, o indicador bateu 8,3% na comparação anual, o maior valor desde o fim dos anos 1980.

O dado é fundamental para o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) calibrar a alta dos juros esperada para os próximos meses. Em maio, a autoridade monetária subiu os juros em 50 pontos-base e encomendou nova alta de mesma magnitude para o encontro na semana que vem.

Em Wall Street, o Dow Jones recuou 1,94%, o S&P 500 perdeu 2,38% e a Nasdaq caiu 2,75%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 perdeu 1,70%, o DAX desvalorizou 1,71% e o FTSE 100 apontou em 1,54% para baixo.

Bitcoin

O mercado de criptoativos teve mais um dia de lado, sem grandes variações nas cotações em comparação as últimas 24 horas.

Por volta de 17h05, o Bitcoin (BTC) registrava queda de 0,13%, a US$ 30.444, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

As altcoins seguiam na mesma direção. O Ethereum (ETH) caia 0,5%, enquanto a Cardano (ADA) perdia 2,7%, segundo informações da CoinGecko.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Destaques econômicos – 20 de maio

Nesta terça-feira (20) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: Terça-feira

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.