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IPCA surpreende e reduz chance de alta de juros em agosto, mas receio com inflação continua

Alimentos e combustíveis tiveram desaceleração, mas alta de preços ainda está espalhada pela economia

Foto: Shutterstock

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio, que subiu 0,47% na comparação mensal, veio abaixo do esperado, o que retira parte da pressão sobre o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) para continuar aumentando a taxa básica de juros (Selic). A próxima decisão do colegiado será anunciada na quarta-feira (15).

Por outro lado, a abertura dos dados revela uma inflação ainda bastante disseminada, com os núcleos (ou seja, a variação de preços somente dos itens menos voláteis do índice) acelerando quando se olha os números em 12 meses. O índice de difusão, que mede o percentual dos itens que tiveram aumento de preços no mês, ainda está acima de 70%.

“A inflação veio um pouco melhor do que esperávamos, e houve algumas surpresas positivas em alimentação. Mas são surpresas pontuais. O qualitativo do IPCA segue bastante ruim”, afirma o economista Luis Menon, da Garde Asset Management. “No acumulado em 12 meses, a média dos núcleos avançou de 9,69% em abril para 10,11% em maio”.

Na avaliação de Menon, o Copom deve elevar a Selic, hoje em 12,75% ao ano, em 0,50 ponto percentual na próxima reunião, e deixará a porta aberta para mais uma elevação de 0,50 ponto em agosto.

“O cenário é de incerteza, com a inflação de 2023 cada vez mais pressionada e a proposta do governo federal de ressarcimento dos estados por zerarem o ICMS de combustíveis representando um risco fiscal maior”, diz, referindo-se à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que garantiria essa compensação até o final de 2022.

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Após considerar a possibilidade de interromper o processo de aperto monetário, o BC reconheceu no mês passado pressões inflacionárias maiores do que previa e sinalizou que a alta de juros continua, em menor grau, na próxima reunião.

Analistas ouvidos pelo Boletim Focus esperam que o IPCA alcance 8,89% em 2022 e 4,39% para 2023 – mesmo para o ano que vem, as expectativas já estão próximas do teto da meta para o ano, que é de 3,25% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

“Quando estudamos os núcleos de inflação, que são os preços menos voláteis e excluem itens como alimentos e combustível, ainda notamos a inflação bastante pressionada”, avalia Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital. “Estamos num processo inflacionário ainda bastante duro e sem sinais de que se resolverá no curto prazo.”

Combustíveis e alimentos

Após altas expressivas em março e abril, o ritmo de alta do preço dos combustíveis perdeu fôlego, mostrando aumento de 1% (em abril, o avanço havia sido de 3,20%). Outro destaque foi o segmento de alimentos e bebidas, que teve expansão de 0,48% após crescer 2,06% em abril.

“O resultado corrobora a leitura de que alguns grupos atingiram um certo teto, uma vez que já subiram de maneira relevante”, avaliou André Perfeito, economista-chefe da Necton. “O resultado de hoje do IPCA sugere fortemente que o Banco Central deve fazer apenas mais uma alta de 50 pontos-base na sua taxa básica, levando-a para 13,25% ao ano e parando neste patamar”.

É a mesma visão da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, que acredita que o Copom deve subir os juros a 13,25% ao ano e deixar a taxa nesse patamar por um bom tempo.

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“Não víamos há um bom tempo o IPCA surpreendendo para baixo. Um dos dados positivos foi a desaceleração dos preços dos bens em geral. Parte deles, como bens para residências, podem já estar sofrendo algum impacto da política monetária”, avaliou.

A economista acredita que o BC deve indicar que deixará a taxa básica de juros em um patamar elevado por um bom tempo, até que as expectativas para a inflação de 2023 voltem a ficar ancoradas.

“Se houver uma reversão de cenário, com o petróleo ainda subindo e mais altas de combustíveis, acredito que o BC pode retomar o ciclo de alta ainda no segundo semestre”.

Para o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, a inflação não dá sinais de desaceleração na margem. “Esse resultado de maio sinaliza apenas que a alta inflação começa a perder fôlego”, disse ele, que aposta em uma nova e última alta de 0,50 ponto na taxa básica na semana que vem.

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