Ibovespa acompanha exterior e engata sétima alta seguida; IRB (IRB3) lidera os ganhos

Principal índice da B3 subiu 1,46%, aos 110.235 pontos

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Refletindo dados de inflação melhores do que o esperado nos Estados Unidos, as Bolsas ao redor do mundo tiveram um dia positivo nesta quarta-feira (10). Em sua sétima alta consecutiva, o Ibovespa somou ganhos de 1,46%, fechando aos 110.235 pontos.

Com o avanço de hoje, dia com R$ 21,98 bilhões em volume negociado, o saldo do índice no mês de agosto passou para alta de 6,85%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano é de 5,16%.

Em Nova York, o S&P 500 subiu 2,13%, o Dow Jones avançou 1,63% e o Nasdaq teve alta de 2,89%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com ganhos de 0,91%.

Alívio na inflação americana

Apesar do mercado de trabalho estar bastante aquecido, como mostraram os dados divulgados no final da semana passada, a inflação nos EUA começa a dar sinais de arrefecimento, o que elevou as apostas em um aumento menor de juros pelo Federal Reserve (banco central americano) e animou os mercados nesta quarta-feira.

Segundo dados de hoje, CPI (índice de preços ao consumidor) ficou estável em julho, cenário melhor que o esperado pelo mercado, que apostava em leve alta de 0,2%.

A economista Claudia Rodrigues, do C6 Bank, recomenda “cautela” com o desempenho da inflação em julho. “De certa forma, o número de hoje mostra uma desaceleração da inflação, mas o núcleo segue elevado e bem acima da meta de 2%. Até a próxima decisão do Fed, em setembro, temos mais divulgações de emprego e inflação que podem ajudar a prever o movimento do banco central”, pondera.

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Na última sexta-feira (5), o payroll, relatório sobre o mercado de trabalho americano, mostrou o dobro da criação de vagas esperada pelos investidores, sugerindo que a maior economia do mundo ainda está muito aquecida e longe de uma recessão.

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus, um dos setores que mais se beneficia dessa sinalização de arrefecimento na inflação e, consequentemente na alta de juros, é o setor de incorporação imobiliária, com a Eztec (EZTC3) figurando entre as maiores altas do pregão, e outros papéis mais ligados aos juros também subindo com intensidade.

Entre as ações do Ibovespa, as maiores altas foram de IRB (IRBR3), Banco Pan (BPAN4) e Eztec, com ganhos de 8,93%, 8,15% e 8,09%, respectivamente.

Fora do Ibovespa, a Cury (CURY3) subiu 8,82%. Por meio de uma política de precificação eficiente, a companhia foi capaz de elevar o preço médio de venda de suas unidades e manter sua margem bruta em 35,9% no segundo trimestre, queda de apenas 0,3 p.p (ponto percentual) na comparação com o mesmo período do ano passado, mesmo com a pressão da inflação de custos.

Resultado de tudo isso e ajudado por resultados financeiros estáveis, o lucro líquido reportado pela Cury foi de R$ 86,3 milhões, alta anual de 9,8% – 7% acima das projeções do Santander e do BBA, e 9% acima da XP Investimentos.

Ponta negativa

Do lado oposto do índice, as maiores baixas do pregão foram de Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET6) e Energisa (ENGI11), com perdas de 1,92%, 1,85% e 1,46%, nesta ordem.

A Copel surpreendeu o mercado de forma negativa ao reconhecer no segundo trimestre uma provisão para alocação dos créditos de PIS/Cofins no valor de R$ 1,2 bilhão, de acordo com a lei 14.385/2022, que estabelece a utilização dos impostos para redução tarifária.

No segundo trimestre, a Copel reverteu o lucro líquido de R$ 1 bilhão, apresentado no intervalo de abril a junho de 2021, em prejuízo líquido de R$ 522,4 milhões no mesmo período deste ano. Se não houvesse a provisão para o pagamento, que custou R$ 1,2 bilhão à empresa, a lucratividade da Copel no período teria sido de R$ 666,6 milhões, destacou a empresa.

Também do lado negativo, as petroleiras caíram em bloco, ignorando a alta de 1,13% do petróleo Brent, para US$ 97,40 por barril. A PRIO (PRIO3) caiu 1%, a 3R Petroleum (RRRP3) recuou 0,17%, a Petrobras ON (PETR3) perdeu 0,35% e a Petrobras PN (PETR4) teve baixa de 0,32%.

Agora, as atenções estão voltadas para uma bateria de balanços, com empresas como BRF (BRFS3), Taesa (TAEE11), Braskem (BRKM5), 3R Petroleum (RRRP3), Minerva (BEEF3), Equatrial (EQTL3), Positivo (POSI3), SulAmérica (SULA11), MRV (MRVE3), Banco do Brasil (BBAS3), Aliansce Sonae (ALSO3), Grupo Soma (SOMA3) e Petz (PETZ3) divulgando seus números após o fechamento.

Mais dados econômicos

Na China, o índice de preços ao consumidor avançou 2,7 em junho, na comparação anual. O resultado representa aceleração em relação à alta de 2,5% registrada em junho, mas ficou abaixo da projeção de 2,9% compilada pelo Wall Street Journal.

Por aqui, as vendas do comércio varejista caíram 1,4% em junho na comparação com maio, segundo dados divulgados nesta quarta (10) pelo IBGE, a maior queda mensal desde dezembro do ano passado e pior do que o 1% de recuo projetado pela média dos analistas de mercado.

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A trajetória descendente e o resultado frustrante em junho acendem um sinal de alerta entre os analistas, que esperam mais quedas para o setor ao longo do terceiro trimestre. A partir de outubro, com a entrada do período de festas e datas comemorativas, a tendência é de recuperação.

Para Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas Investimentos, o desempenho negativo de segmentos que vinham mostrando resiliência a despeito da queda do setor, como supermercados e vestuário, reforçam os desafios para o segmento nos próximos meses.

Criptomoedas

Os criptoativos reagiram de forma positiva e firmaram um viés de alta após a divulgação de dados da inflação americana em julho abaixo do esperado pelos analistas.

A leitura dos indicadores trouxe alívio ao mercado depois que os números do mercado de trabalho, apresentados na semana passada, ainda indicarem uma economia bastante aquecida, o que poderia reforçar a aceleração dos juros pelo Fed.

A resposta dos critpoativos está em linha com a reação das principais Bolsas globais, sobretudo a Nasdaq, que concentra as ações das principais empresas de tecnologia.

O Bitcoin (BTC) chegou a romper a barreira dos US$ 24 mil após a divulgação da inflação, mas perdeu fôlego ao longo do dia e, por volta das 16h55, era negociado em alta de 2,6%, a US$ 23.928.

O mesmo movimento foi visto em algumas altcoins, como são chamados os ativos além do BTC. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) tinha alta de 8,3 %, vendido US$ 1.835.

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