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Guerra na Ucrânia acelera transição energética; saiba como ganhar com esse movimento

Fundos que investem em fontes de energia limpa chegam a render até 20,21% em 12 meses

Foto: Shutterstock

A guerra na Ucrânia, as sanções à Rússia e o aumento do preço do petróleo devem acelerar os investimentos na transição da matriz energética de fontes de combustíveis fósseis para renováveis, o que deve impulsionar ainda mais os preços de commodities como urânio, lítio e paládio e das ações de empresas ligadas a esses metais.

Uma forma do investidor buscar ganhar com essa tendência é tendo uma exposição a fundos que investem nesses ativos.

Gestoras como a Grimper e a Vista Capital têm investido em empresas ligadas à produção de urânio, principal matéria-prima da energia nuclear. E há no Brasil fundos dedicados a energia limpa que investem em urânio e hidrogênio, acumulando retorno de até 20,21% em 12 meses.

As sanções anunciadas pela União Europeia à Rússia na semana passada, que incluem a proibição de importação de carvão e redução do fornecimento de gás até 2024, devem acelerar o investimento do bloco europeu em fontes de energia alternativa, como a nuclear.

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A Rússia é responsável por quase 40% do gás importado pela União Europeia e por 30% das compras de petróleo do bloco.

A dependência maior da importação de combustíveis da Rússia é da Alemanha. No ano passado, os russos forneceram mais da metade do gás natural e um terço de todo o petróleo que a Alemanha importa.

Mas reduzir essa dependência não será fácil. As fontes de combustíveis fósseis, como carvão, gás e petróleo, representaram 44% do total de energia produzida pela Alemanha em 2021. Para reduzir a dependência, o país terá que ampliar o investimento em energia renovável e nuclear.

Na Europa como um todo, quase metade da energia elétrica é gerada a partir de gás, carvão ou petróleo. A União Europeia tem uma meta de aumentar a participação de fontes de energia renovável para 32% do total até 2030.

gráfico fontes de energia renovável

 

De olho no urânio

Nesse cenário, investimentos ligados ao urânio, principal matéria-prima da energia nuclear, ganham ainda maior atratividade.

A Vitreo, por exemplo, tem um fundo, o Vitreo Urânio, que subiu 5,27% em março e acumula alta de 20,21% em 12 meses e de 34,49% desde seu início em 26 de janeiro de 2021. A carteira conta com exposição à variação cambial.

O portfólio investe em empresas como mineradoras relacionadas à extração do metal como a Kazatomprom e Cameco. O investimento é feito por meio de ETFs (Exchange-Traded Funds, na sigla em inglês), usando contratos de derivativos.

“No curto prazo, o urânio deve ser o mais beneficiado com essa discussão, pois, com o preço do barril de petróleo acima de US$ 100, será inevitável o aumento da construção de usinas nucleares na Europa”, avalia Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.

A Warren também tem um fundo de ações sistemático, o Warren Green, que investe em empresas com foco em urânio. O portfólio segue duas estratégias: Valor e Momentum, em que busca investir em ações de empresas com preços descontados em relação aos fundamentos e naquelas que estão em momento interessante dada a tendência do mercado.

“A gente já via diversos movimentos pró-energia nuclear antes da guerra na Ucrânia, com China investindo na construção de novas usinas, que em termos de fonte de energia de baixa emissão [de gases poluentes] é de longe a mais eficiente quando comparada à solar e eólica”, diz Eduardo Grübler, gestor de renda variável da Warren.

O gestor vê potencial para triplicar o uso de energia nuclear, que representa hoje 10% do total de geração de energia no mundo.

O fundo investe em ETFs que seguem índices compostos por mineradoras de urânio, como o North Shore Global Uranium Mining ETF (URNM)  e o VanEck Vectors Uranium+Nuclear Energy (NLR), de energia nuclear.

O portfólio teve alta de 3,55% em março e acumula ganho de 55,85% desde seu início, em outubro de 2019, e não tem exposição cambial.

Veja a lista de investimentos relacionados à transição energética disponíveis no mercado local. Cadastra-se na plataforma do TradeMap aqui e tenha acesso gratuito a mais informações sobre os fundos.

Ativo Aplicação mínima Variação em março Variação no ano
Fonte: Gestoras. *Até 6/04/2022. **Valor do BDR negociado na B3
Vitreo Urânio R$ 100 5,27% -6,15%
Vitreo Energia Limpa R$ 100 2,48% -12,11%*
Warren Green R$ 1,00 3,55 -2,94%
XP Trend Energias Renováveis FIM (segue ETF iShares Global Clean Energy) R$ 100 11,22% 4,60%
ETF YDRO11 R$ 100 0,98% -18,55%
BDR BICL39 (segue ETF iShares Global Clean Energy) R$ 50,92** 4,74% -14,36%

Hidrogênio, energia do futuro

Os investimentos em fontes de energia menos poluentes já vinham crescendo antes do conflito na Ucrânia, com os países reconhecendo na COP26 (Conferência do Clima das Nações Unidas) de 2021 a necessidade de redução das emissões globais de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010. O objetivo é evitar um aumento do aquecimento global de 1,5°C em relação ao século 19.

Buscando ter uma exposição a essa tendência, a Vitreo lançou em agosto do ano passado um fundo focado em energia limpa. O portfólio investe, por meio de contratos de derivativos de ETFs e ações, em empresas globais que desenvolvem tecnologias ligadas a fontes de energia limpa, como solar, ou que usam como base o hidrogênio, lítio e urânio.

A carteira apresentou alta de 2,48% em março e acumula queda de 11,24% desde o início.

O fundo deve incorporar a carteira da Vitreo dedicada ao investimento em ações com exposição a energia derivada do hidrogênio, afirma Knudsen.

O fundo de hidrogênio da Vitreo registrou alta de 6,12% em março e acumula desvalorização de 25,92% desde seu início em agosto de 2021. Esse portfólio investe em empresas ligadas a essa tecnologia, por meio de ETFs e diretamente em ações dessas empresas como a Plug Power. “O hidrogênio é a energia do futuro, mas estamos falando de um investimento para o longo prazo”, diz Knudsen.

Assim como as ações de tecnologia, os papéis dessas empresas sofreram com a alta da taxa de juros nos EUA, que elevou o custo dos financiamentos dos investimentos, explica o gestor da Vitreo.

As células de combustível que funcionam a partir de hidrogênio são utilizadas para armazenamento de energia e começam a ser usadas em carros elétricos. Montadoras como a Renault Peugeot e Citroën já anunciaram o investimento em carros com bateria de hidrogênio.

O Bank of America estima que esse mercado deve atingir US$ 11 trilhões nas próximas três décadas, o que tem atraído nomes como Bill Gates. Cerca de US$ 300 bilhões em projetos relacionados a hidrogênio estão em andamento ou em fase de planejamento pelo setor privado, de acordo com a Energy World.

ETFs ligados à transição energética

Uma das opções para os investidores são os fundos passivos que seguem índices de empresas lá fora ligados à transição energética .

O Itaú lançou um ETF , It Now S&P Kensho Hydrogen (YDRO11), que acompanha o índice S&P Kensho Hydrogen Economy, composto por companhias relacionadas ao mercado de hidrogênio.

O investidor ainda encontra na B3 o BDR (Brazilian Depositary Receipts, que são recibos de ativos negociados no exterior) BICL39, que tem como lastro o ETF iShares Global Clean Energy , que segue o índice S&P Global Clean Energy Index, índice de empresas de energia limpa.

Há ainda o BDR Q2SC34, da ação da empresa americana QuantumScape, de bateria de lítio usada em carros elétricos, e o A1LB34, da Albemarle, maior produtora mundial de lítio.

O estrategista-chefe da Avenue Securities, William Castro Alves, destaca que os investidores também podem investir diretamente em ETFs ligados a energia limpa lá fora, como o iShares Global Clean Energy ETF (ICLN) e o Global X Lithium & Battery Tech, de empresas de lítio, que têm maior liquidez.

“Muitas dessas empresas atreladas a novas fontes de geração de energia têm grande volatilidade, porque são mais afetadas pela alta de juros e são de setores muito regulados. Então, o ETF permite diversificar melhor esse risco”, diz Castro.

Outro ponto a ser considerado é que a guerra da Ucrânia intensificou ainda mais a alta das commodities metálicas essenciais para a transição energética, já que a Rússia é um dos grandes exportadores de metais como níquel e paládio, usados na fabricação de carros elétricos, que já vinham subindo desde a pandemia.

Mineradoras como a Vale (VALE3) também são produtoras de níquel. “É difícil achar uma empresa puro sangue, que seja dedicada só à exploração de níquel ou lítio”, pondera Knudsen, da Vitreo.

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