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Governo eleito vence batalha política, mas sofre para conquistar o mercado – o que marcou a semana

Congresso autorizou gasto adicional em 2023, embora com mais limites do que o governo eleito pretendia

Foto: Shutterstock/Wagner Vilas

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai terminar 2023 com uma vitória política relevante, mas ainda está longe de conquistar a simpatia do mercado financeiro.

Na última terça-feira, o Congresso promulgou a emenda constitucional que permitirá ao próximo governo gastar mais que o inicialmente previsto em 2023.

A medida era importante para que Lula começasse o mandato cumprindo uma promessa de campanha direcionada à sua base eleitoral: a manutenção do valor do Auxílio Brasil (ou Bolsa Família) em R$ 600 mensais.

A vitória política veio pelo caminho mais tortuoso – negociações com deputados e senadores -, mesmo sem haver necessidade disso.

Dias antes da promulgação, uma decisão do ministro Gilmar Mendes já garantia, na prática, os recursos extras para o programa social no ano que vem.

A estratégia do governo eleito, porém, foi demonstrar que é capaz de negociar com o Legislativo para chegar a um meio-termo aceitável – o Congresso, afinal de contas, diminuiu tanto o valor do gasto extra quanto o prazo de tolerância a essas despesas adicionais, exercendo o papel esperado pelo mercado.

Os investidores, porém, ainda estão cautelosos. Ao longo da última semana, foram revelados os nomes de mais alguns ministros e integrantes da equipe econômica, e nenhum deles surpreendeu positivamente a Bolsa.

As nomeações de Rogério Ceron para a Secretaria do Tesouro Nacional e de Robinson Barreirinhas para a Receita Federal foram recebidas com frieza. Na visão de gestores, as escolhas mostram que a pluralidade de visões prometida para o Ministério da Fazenda ficará em falta.

Outro exemplo de como tem sido difícil o diálogo entre o próximo governo e o setor privado foi a nomeação de Geraldo Alckmin (PSB), vice-presidente eleito, para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Ela veio após empresários sondados para o cargo rejeitarem o convite.

Um dos fatores que pode acalmar os ânimos do mercado é a apresentação de um novo modelo de controle das contas públicas, dado que o aumento da dívida federal é a maior preocupação dos investidores.

O próximo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já prometeu uma proposta a respeito disso, mas o prazo é longo: a previsão é que venha somente na metade do ano que vem.

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Veja os destaques da Agência TradeMap na semana

Fundos imobiliários com um descontão

A desvalorização das cotas dos FIIs (fundos de investimento imobiliário) de tijolo nos últimos três meses, dada a perspectiva de manutenção de juros altos no ano que vem, trouxe uma oportunidade de investimento: fundos que negociavam com ágio na Bolsa agora estão com desconto, com valor da cota abaixo do valor patrimonial.

Tacada da Squadra

O Grupo Mateus (GMAT3) — rede de atacarejo fundada nos anos 1980 no Maranhão e que abriu capital em 2020 — é uma das principais altas da Bolsa nesta semana e subiu em quase todos os pregões desta semana, com valorização de quase 20% em relação à sexta-feira passada.

Quem está particularmente feliz com esse movimento é a Squadra, gestora de ações carioca que investe no Grupo Mateus desde o primeiro ano da empresa na Bolsa, mas que decidiu elevar a posição antes do início desta semana.

Rede D’Or e SulAmérica juntas, Qualicorp feliz

Finalmente o que o mercado esperava aconteceu. A SulAmérica (SULA11) e a Rede D’Or (RDOR3) vão se juntar, após receberem aprovação das autoridades reguladoras. A operação é vista como positiva para as duas companhias, mas o desfecho foi ainda melhor para a Qualicorp (QUAL3).

Uma das exigências para a combinação de negócios ir adiante é que a Qualicorp – empresa na qual a Rede D’Or possui participação – possa continuar vendendo outros planos de saúde além da Sul América.

Sanepar vai dobrar de preço?

A expectativa de privatização da Sanepar (SAPR11) deixou alguns analistas otimistas em relação ao potencial de valorização da ação da companhia. A Genial, por exemplo, acha que o preço do papel pode dobrar se isso acontecer, mas pode ser que esta projeção esteja positiva demais.

Mercado de olho na Eletrobras

2023 será o primeiro ano completo da Eletrobras (ELET3) como empresa privada, e a expectativa é que a companhia demonstre que está mais ágil e rentável do que antes da desestatização. Mas por mais que as perspectivas sejam positivas, o setor de energia elétrica como um todo vive sob expectativas pessimistas para 2023.

Agenda

A próxima semana, a última deste ano, terá poucos eventos e indicadores capazes de mexer com o mercado.

Vale lembrar que a B3 permanecerá fechada na sexta-feira (30). No exterior, as bolsas da Europa e dos Estados Unidos permanecerão fechadas na segunda-feira (26) em função do feriado de Natal.

No Brasil, são esperados dois dados relevantes – o número de empregos criados pela economia em novembro, na quarta-feira (28), e o IGP-M referente a dezembro, na quinta-feira (29).

O saldo de criação de empregos no Brasil tem sido positivo ao longo de todo este ano, mas em outubro ficou abaixo do esperado. Historicamente, novembro tende a ser um mês com aumento nas contratações por causa de empregos temporários de fim de ano.

Em relação ao IGP-M, o indicador registrou quatro meses seguidos de deflação – ou seja, de queda nos preços -, mas a previsão do mercado é de que, em dezembro, ele volte a subir, apontando inflação de 0,42%, segundo dados colhidos pelo sistema de expectativas do Banco Central.

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