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Gestora compra ações do Grupo Mateus (GMAT3) “na baixa” e papel sobe 18% em dois dias

Squadra elevou participação na empresa para 5,16%; em apenas dois dias, gestora acumula ganho de mais de R$ 100 milhões com o papel

Foto: Shutterstock/non c

O Grupo Mateus (GMAT3) — rede de atacarejo fundada nos anos 1980 no Maranhão e que abriu capital em 2020 — é uma das principais altas da Bolsa nesta semana.

O papel, que já havia encerrado o pregão de segunda-feira (19) com valorização de 6,33%, dá sequência ao movimento positivo nesta terça-feira (20). Por volta das 13h, operava com ganhos de 11,19%, a R$ 6,16. Entre ontem e hoje, a alta acumulada chega a 18%.

Quem está particularmente feliz com esse movimento é a Squadra, gestora de ações carioca que investe no Grupo Mateus desde o primeiro ano da empresa na Bolsa, mas que decidiu elevar a posição antes do início desta semana.

No domingo (18), a gestora carioca enviou uma correspondência ao Grupo Mateus na qual informava que havia comprado novas ações da companhia, de modo que a participação da instituição no negócio passou a ser de 5,16%, o equivalente a 114 milhões de ações ordinárias.

Em cálculo que considera o valor da ação do Grupo Mateus na sexta-feira passada (16), último dia de pregão antes da correspondência, a Squadra tinha, portanto, R$ 594,3 milhões em ações da companhia no domingo. Após o fechamento de segunda, esse montante se valorizou para R$ 631 milhões. Com a cotação desta terça, já vale R$ 702,7 milhões.

Em resumo, em apenas dois dias, a Squadra acumula um ganho de mais de R$ 100 milhões com o papel do Grupo Mateus, empresa avaliada em R$ 13,61 bilhões.

É possível dizer, portanto, que a Squadra comprou a ação da empresa “na baixa”, não só pela valorização de ontem e hoje, mas também porque o ativo estava em queda desde novembro.

A máxima atingida pelo Grupo Mateus se deu no dia 4 de novembro, quando a ação chegou a valer R$ 7,70. Até sexta passada, o papel acumulava uma desvalorização de 48% desde então.

A queda da ação, vale lembrar, ocorreu depois de uma impressionante valorização ao longo dos quatro meses anteriores, quando a empresa tornou-se umas das queridinhas do mercado, com um empurrão de Brasília, da inflação e de promessas e campanhas feitas pelos candidatos.

PEC Emergencia, inflação e eleições

O primeiro impulso ocorreu em julho, quando o Congresso Nacional aprovou a PEC Emergencial, que viabilizou a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 até o fim do ano, o que gerou a expectativa de mais consumo por parte dos brasileiros de menor renda, que fazem parte do público do Grupo Mateus, uma rede de atacarejo que tem suas lojas concentradas nas regiões Norte e Nordeste.

O segundo impulso saiu das promessas dos candidatos presidenciais, que disseram em campanha que iriam manter o Auxílio Brasil em R$ 600 também em 2023, entre eles o candidato eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem se articulado em Brasília para que o benefício turbinado esteja previsto no Orçamento do ano que vem, por meio da PEC da Transição.

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Além disso, o Brasil tem vivido um período de inflação elevada desde o ano passado, o que favorece as redes de atacarejo, que conseguem oferecer opções mais baratas aos consumidores.

Não por acaso, o Grupo Mateus tornou-se uma queridinha entre analistas que acompanham o varejo. Em agosto, por exemplo, os analistas do Itaú BBA elegeram a empresa como a ação preferida entre as companhias do setor do varejo de alimentos, à frente de negócios como Carrefour Brasil (CRFB3), GPA (PCAR11) e até o Assaí (ASAI3), também uma rede de atacarejo.

Do dia 12 de julho, último dia antes de a PEC Emergencial ser aprovada no Congresso, até o dia 30 de setembro, último dia antes do primeiro turno da eleição, a ação do Grupo Mateus acumulou uma valorização de 72%.

À época, após esses ganhos, a Squadra até decidiu vender parte das suas ações. No dia 3 de outubro, dia seguinte à eleição, que levou Lula e o presidente Jair Bolsonaro para o segundo turno, a gestora informou à companhia que estava reduzindo sua participação para 4,93%.

A ação do Grupo Mateus, porém, continuou em alta e atingiu o pico de R$ 7,70 em novembro, mas entrou novamente em queda desde então, o suficiente para que a Squadra decidisse se mexer e fazer uma nova compra de papéis.

Segundo levantamento feito pela Refinitv e disponível na plataforma do TradeMap, cinco de oito analistas que acompanham o Grupo Mateus recomendam a compra da ação. Os outros três têm uma visão neutra. A mediana das estimativas de preço-alvo é de R$ 8, uma valorização potencial de 29,8%.

 

A Squadra, não custa lembrar, é a gestora que ganhou notoriedade no início de 2020 após publicar uma carta na qual expunha irregularidades contábeis no balanço do IRB Brasil, uma gigante de resseguros.

O caso ganhou repercussão e derrubou as ações da companhia, que se viu forçada a trocar de comando e dar início a uma reestruturação. A empresa, no entanto, nunca mais recuperou o grau de confiança que tinha entre os investidores.

Antes da carta, a ação do IRB (IRB3) valia algo em torno de R$ 32. Nesta terça, opera cotada a R$ 0,82.

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