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Eletrobras sai da tutela estatal e mercado prevê juros maiores – o que marcou a semana

Melhoraria da governança e aumento de recursos para investimentos na operação levam o mercado à convicção de que privatização será positiva

Lorena Vieira

Lorena Vieira

Foto: Shutterstock

Depois de 60 anos nas mãos do governo federal, a Eletrobras soltou das mãos do antigo controlador. Numa oferta de ações que movimentou quase R$ 34 bilhões, a empresa conseguiu diluir a fatia da União de 60% para cerca de 40% das ações ordinárias, abrindo espaço para que outros acionistas influenciem o funcionamento da companhia.

A oferta da Eletrobras contou com a participação de 12 bancos coordenadores, que viram a demanda pela operação chegar perto de R$ 70 bilhões. A demanda também foi grande entre os 370 mil investidores que decidiram participar da oferta usando recursos do (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço): foram R$ 9 bilhões em reservas, ante um teto de R$ 6 bilhões.

Os defensores da privatização acham que a Eletrobras tem a ganhar com a operação, primeiro em termos de governança e depois com a injeção de recursos para fazer investimentos. Os críticos, porém, acreditam que a empresa deixou de ser estatal por um preço baixo demais.

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A única certeza neste momento é que a desestatização da companhia é uma vitória clara do governo Jair Bolsonaro. Ao levar a operação adiante, o presidente cumpre uma promessa de campanha e afasta parcialmente as críticas de que nenhuma grande privatização ocorreu ao longo de seu mandato.

A venda de ações da Eletrobras também é marcante do ponto de vista histórico. Foi a segunda maior oferta deste tipo, perdendo apenas para a capitalização da Petrobras, realizada em 2010, que chegou a R$ 120,4 bilhões.

Vale lembrar que, mesmo perdendo o status de controlador, o governo federal ainda terá poder de veto sobre algumas decisões da Eletrobras, impedindo, por exemplo, que um agente privado tome conta por completo da empresa.

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Veja os destaques que marcaram a Agência TradeMap na semana:

Alavancagem alta

A alavancagem das companhias da Bolsa atingiu o menor nível dos últimos dez anos, mas há algumas que foram na direção contrária e vão precisar de mais tempo para pagar suas dívidas. A Via Varejo (VIIA3), por exemplo, apresentou maior alavancagem do setor varejista, considerando dados do primeiro trimestre. A companhia reportou de 11 vezes frente a uma taxa de 3 vezes em igual período de 2021. Ou seja, antes a Via demandava três anos para honrar as dívidas, se mantido o Ebitda, passa a exigir 11 anos.

Mais resgates que aplicações

Os fundos brasileiros fecharam o mês de maio com mais resgates do que investimentos, algo que não acontecia desde novembro do ano passado, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). Praticamente todas as classes de fundos tiveram retiradas líquidas. A exceção foram os FIPs (Fundos de Investimento em Participações).

Itaú vende outra fatia da XP

O Itaú informou quarta-feira (8) que se desfez de mais uma parte da XP. Desta vez, o banco vendeu cerca de 1,21% do capital social da corretora por um montante de US$ 153,7 milhões, o equivalente a R$ 748,67 milhões. Além disso, celebrou um acordo de compra e venda de ações com a XP com o objetivo de alienar mais 0,19% do capital social total da companhia.

Verde aposta no real

O fundo multimercado Verde iniciou, em maio, a aposta na alta do real contra o dólar por meio de contratos de opções, informou a gestora na carta do mês. Segundo a Verde Asset, que geria R$ 46,4 bilhões em ativos em abril, o Brasil tem se beneficiado do aumento dos preços da commodities e do ciclo mais adiantado de aumento de juros.

Mais fortes que a inflação

Levantamento do TradeMap mostra que apenas 27 FIIs de um total de 267 devolveram aos cotistas um retorno acima do IGP-M no período de 12 meses até abril. A maioria dos que bateram o índice é de fundos de papel (recebíveis), que investem em títulos de dívida do setor imobiliário indexados a índices de inflação ou ao CDI.

Inadimplência no varejo

As varejistas de moda, como Lojas Renner (LREN3), C&A (CEAB3), vêm lidando com o aumento de atrasos e calotes em seus cartões de crédito. As próprias varejistas de moda já vêm dando indícios de que a situação pode se agravar e que precisem colocar o pé no freio na concessão de crédito nos próximos meses. Por enquanto, porém, na visão de especialistas consultados pela Agência TradeMap, até o momento, a elevação não chegou a níveis preocupantes.

Confira os destaques da agenda

Apesar do feriado de Corpus Christi, na próxima quinta-feira (16), no Brasil, a agenda econômica brasileira está movimentada.

Na próxima quarta-feira (15), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciará o novo patamar para a taxa básica de juros, a Selic.

A expectativa é a de que ela suba de 11,75% para 12,25% ao ano. Essa alta deve vir mesmo após o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) desacelerar em maio na comparação com abril, um movimento que sugere arrefecimento da inflação.

No mesmo dia, mas um pouco mais cedo, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, também divulgará sua decisão sobre os juros do país.

Assim como aqui, a expectativa majoritária é de um aumento de 0,50 ponto porcentual nas taxas, embora dados divulgados nesta sexta-feira (10) que mostraram aceleração da inflação na economia americana tenham elevado as apostas em um ajuste de 0,75 ponto porcentual, segundo dados divulgados pela CME.

Vale ressaltar que os aumentos de juros no Brasil e nos EUA têm impactado o mercado financeiro e exercido pressão negativa sobre os preços das ações. Os investidores temem que juros mais altos resultem numa recessão, com efeitos negativos sobre o lucro e a receita das companhias.

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