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Os BDRs que devem surfar as principais tendências do mundo em 2022

Entre dezembro de 2020 e o mesmo mês em 2021, o número de investidores em BDRs saltou 151%, para 306 mil

Foto: Pixabay

Ano novo, tendências nem tão novas assim. O ano de 2022 chegou com muitas incertezas nos âmbitos econômico, ambiental, social e corporativo, que remetem a problemas de tempos passados ou temas que podem se concretizar. Alguns Brazilian Depositary Receipts (BDRs) negociados na B3 devem surfar tais mudanças. 

Entre dezembro de 2020, meses após a Comissão de Valores Imobiliários (CVM) alterar a legislação para investimento em BDRs, e o mesmo mês em 2021, o número de participantes saltou 151%, para mais de 306 mil, segundo o último boletim da B3.

Assim como o mercado acionário local, os papéis de players estrangeiros representam o desempenho das corporações na vida real – só que de forma mais ampla. 

Os hoje mais de 700 BDRs levam o investidor a ter contato com tendências pouco exploradas nos últimos anos. Não somente pela exclusividade que investidores qualificados tinham, mas também pela extensão que o mercado internacional oferece com ativos das mais variadas características.

Com riscos e oportunidades cada vez mais claros em 2022, nada melhor do que estar munido das melhores empresas em cada uma das principais tendências. Confira alguns dos temas latentes para este ano e como aproveitar a exposição por meio dos BDRs. 

Metaverso

O tema do metaverso foi um dos grandes destaques em 2021. Trata-se da expectativa pela constituição de uma realidade alternativa, onde será possível realizar qualquer tipo de atividade: jogar, trabalhar, fazer compras, conviver e tudo o que há no mundo de “carne e osso”.

Em tese, o metaverso consiste na criação de um mundo virtual onde as pessoas serão representadas por avatares digitais e o contexto será criado de forma virtual com base em tecnologia.

O termo surgiu em 1992 no livro Snow Crash, de Neal Stephenson. Nele, os personagens fictícios recorrem à realidade virtual para fugir do contexto opressor e totalitário. A ideia do metaverso também é retratada na franquia de filmes Matrix

O tema chama atenção das big techs em função da criação de uma nova economia daqui a décadas. O metaverso pode trazer eficiência a uma série de atividades corporativas por conta da inexistência de espaços físicos “reais” e velocidade de processos, já que tudo poderá ser realizado à distância.

O metaverso tem sido apontado como carro-chefe da web 3.0, contexto que trará mais imersão e profundidade à internet que conhecemos hoje.

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Segundo a Bloomberg Intelligence, esse mercado atrairá interessados e consistirá em uma economia de US$ 800 bilhões (R$ 44,6 bilhões) até 2024. 

Em meio ao aquecimento do tema, o Facebook  (FBOK34) mudou de nome e passou a se chamar Meta. A holding agora controla a própria rede social, Instagram e WhatsApp e o negócio que talvez tenha mais potencial daqui para frente: Oculus. 

A marca, adquirida há oito anos pela gigante das redes sociais por US$ 2 bilhões, é responsável pela criação de headsets de realidade artificial e terá grande participação neste processo. Inclusive, mudará de nome neste ano, passando a se chamar Meta Quest.

Além da Meta, existem outras empresas consideradas promissoras para o futuro da internet e do metaverso, capazes de surfar a tendência. Uma delas é a Microsoft (MSFT34), que já tirou do papel o Mesh, plataforma que possibilita a realização de reuniões com hologramas, apostando no mundo corporativo.

ESG

Popular no Brasil há menos tempo que no exterior, as premissas ligadas aos temas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) chegaram para ficar nos últimos anos. 

As preocupações com cada um dos extremos e a relação das empresas com os assuntos adjacentes aos objetivos estritamente operacionais e corporativos se tornam cada vez mais integrantes das análises no mercado financeiro.

Com a difusão das informações de forma mais acelerada do que nunca, mudanças climáticas que assolam o planeta e a falta de transparência à frente de companhias mundo afora terão muita atenção daqui para frente.

Setores como o químico e de óleo e gás, na mira das autoridades e ativistas financeiros, devem dar mais atenção ao tema – até para a sua própria sobrevivência. 

Mas, em momentos de pandemia, empresas ligadas à área da saúde têm um destaque relevante. A AstraZeneca (A1ZN34) é o maior exemplo disso.

A companhia, fruto da fusão de uma empresa sueca e outra britânica há mais de 20 anos, destacou-se desde a chegada do coronavírus ao exportar para o mundo inteiro suas doses de vacinas.

Nos primeiros nove meses do ano passado, a maior empresa farmacêutica do Reino Unido vendeu US$ 2,2 bilhões com o imunizante que combate a Covid-19. Vale ressaltar, contudo, que a margem de lucro com a confecção das doses é baixa, em acordo firmado entre a empresa e a Universidade de Oxford.

De acordo com dados da companhia, já foram entregues mais de 1,5 bilhão de doses da vacina, em mais de 170 países. Ou seja, praticamente 90% de todo o planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). 

Esse é apenas um dos destaques. Além disso, a AstraZeneca também se orgulha de:

  • Atingir mais de 25 milhões de pessoas por meio de programas de acesso à saúde;
  • Redução de 60% nas emissões de gases de efeito estufa dos Escopos 1 e 2 entre 2015 e 2020;
  • Quase metade dos cargos de gerência sênior ou mais elevados são ocupados por mulheres.

E quem disse que ESG serve apenas para “inglês ver”? Nos últimos 12 meses, os BDRs da farmacêutica subiram 20%.

Eletrificação

No contexto das mudanças climáticas e metas para se cumprir, encaixam-se as empresas ligadas à eletrificação. Entre esses, chamam atenção as companhias ligadas ao mercado de veículos elétricos. 

Ao passo que os modelos de veículos tradicionais dependem de combustíveis fósseis para funcionar, o que em maior ou menor grau são degradáveis ao meio ambiente, os elétricos funcionam a partir de baterias recarregáveis.

Segundo estudos, a geração de CO₂ é cortada em cerca de 33% durante a vida útil do carro. Além disso, por mais que a confecção deste tipo de carro seja mais técnica e custosa, o que eleva os preços das unidades, ele sairá mais barato ao longo de sua trajetória.

Por razões diversas, o mercado já está aquecido, sobretudo na Europa. Na Noruega, mais de 80% dos carros já são elétricos. Setembro do ano passado, inclusive, marcou o primeiro mês em que o veículo mais vendido no Velho Continente foi um elétrico.

De quebra, também foi a primeira vez que um modelo produzido fora da Europa alcançou a posição. O feito foi conquistado pelo Model 3, da Tesla (TSLA34)

A empresa de Elon Musk tem se destacado de forma sem precedentes neste mercado. Fundada em 2003, a companhia também atua em projetos de sustentabilidade que consistem em armazenamento de energia e a montagem de painéis solares.

A empresa também opera na comercialização de componentes elétricos, como baterias industriais de lítio-íon. 

O engajamento da empresa não ocorre somente com a produção de veículos elétricos, mas também no mercado de créditos de carbono. Estima-se que a empresa tenha faturado em 2021 cerca de US$ 390 milhões com os créditos de emissão apenas na China. 

Isso ocorre porque as montadoras que ali atuam são obrigadas a fabricar e comercializar determinada quantidade de unidades com energia nova, podendo ser carros elétricos e híbridos. Empresas que superam a meta, recebem pontos de crédito. Quem fica abaixo pode comprar esses pontos.

Independentemente do tamanho da contribuição desses créditos na geração de dinheiro da Tesla, o crescimento é inegável e acompanha a entrega de carros ao longo dos últimos trimestres. 

A ascensão da Tesla fez as demais montadoras – que agora valem menos que ela, mesmo entregando milhões de veículos a mais anualmente – se mexerem. 

A Volkswagen dobrou suas vendas de elétricos no mundo em 2021. A Ferrari (RACE34), por sua vez, anunciou nesta semana a criação de uma organização para enfrentar os desafios da eletrificação do segmento. 

Desde que os BDRs foram abertos a todo o público no Brasil, os papéis da Tesla subiram mais de 200%. Estar bem posicionado em uma tendência, porém, não garante rentabilidade futura. 

Segurança de dados

O ano passado também marcou a necessidade de uma maior procura por segurança de dados por parte das empresas.

Com boa parte do mundo corporativo em regime de home office há quase dois anos, aparentemente os dispositivos dos colaboradores ficaram mais suscetíveis a esse tipo de ocorrência. 

De acordo com um relatório da Check Point Research, empresa de inteligência em cibersegurança, o número de ataques cibernéticos semanais em 2021 cresceu 40% em comparação a 2020.

Aqui no Brasil, grandes empresas sofreram ataques que deixaram seus sistemas fora do ar ou prejudicaram as operações por alguns momentos. São casos de CVC (CVCB3), JBS (JBSS3), Lojas Renner (LREN3) e Fleury (FLRY3). 

A invasão mais comum é a chamada ransomware, quando os criminosos virtuais têm acesso aos dados das companhias, os sequestram e pedem dinheiro pelo resgate. Em geral, o pagamento solicitado é realizado por meio de criptomoedas, para não deixar rastros. 

A Cisco (CSCO34) é uma das empresas mais preparadas para auxiliar no combate aos crimes virtuais e assegurar os dados. Talvez uma das mais tradicionais do segmento tech, a companhia faturou US$ 49 bilhões em 2021.

Entre os produtos com maior crescimento, estão itens de segurança, entre malware e proteção em nuvem. Em parceria com a Amazon Web Services (AWS) desde 2019, a empresa tem conseguido avançar no que se sabe sobre segurança cibernética. A empresa criada por Jeff Bezos também tem BDRs negociados na B3, com o ticker AMZO34.

Tokenização

No caminho para a manutenção da segurança dos dados, encontra-se o mundo das criptomoedas. 

Mercado famoso já há alguns anos (em 2021 o Bitcoin subiu “apenas” 60%, após ter disparado 303% em 2020), este ano pode ter desdobramentos relevantes para o mundo real.

Em recente relatório divulgado a clientes, o JP Morgan prevê que a indústria de criptomoedas está cada vez mais próxima de receber a aceitação dos investidores tradicionais. 

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Nas palavras dos analistas, 2022 será “o ano das pontes entre blockchains ou o ano da tokenização financeira”.

A tokenização nada mais é do que um processo de substituição dos dados reais por outros similares com mesmo formato, protegendo-os através de criptografia. Por mais que não seja de amplo conhecimento, esse processo já ocorre em uma série de transações financeiras cotidianas.

Os tokens, dessa forma, são formados de uma forma exclusiva e aleatória, podendo ser transferidos e alterados, não tendo relação com os dados principais, que ficam armazenados em um ambiente seguro. 

A adesão a essa prática chama atenção em função da simplicidade e confiabilidade. 

Neste sentido, a Coinbase (C2OI34) é um dos players que estão bem posicionados para surfar a maior adesão aos parâmetros da blockchain e criptografia, pois acompanha o crescimento da indústria. 

Embora os BDRs tenham caído levemente nos últimos 12 meses – o que não seria diferente com a alta volatilidade do Bitcoin – ainda representam uma oportunidade em um dos principais temas de 2022.

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