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Diversificar a carteira com Tesla e Apple? Veja o que são os BDRs e quais os riscos

Tributação é uma das diferenças entre estes ativos e as ações

Tesla, Amazon e Apple estão entre os recibos de ações estrangeiras mais negociados no Brasil. A familiaridade com nomes de empresas de tecnologia globais facilita a escolha por esses papéis. Mas, afinal, o que são estes recibos – conhecidos como BDRs (sigla de Brazilian Depositary Receipts) – e para quem eles se destinam?

Negociados na B3, os BDRs representam ações emitidas por empresas no exterior. Quem compra um BDR está comprando um recibo dessas ações. O BDR pode representar apenas uma ação, um conjunto de ações ou uma fração do papel que é emitido no exterior. E nem sempre é de empresa estrangeira – a XP emitiu ações no exterior e possui BDRs negociados no Brasil.

E há quem compre os BDRs? Sim. Tem muita gente comprando. Dados da B3 mostram que o volume de BDRs equivale a R$ 25,1 bilhões, praticamente o dobro do montante registrado em 2020. Esses papéis estão nas mãos de 266,1 mil investidores, sendo 264.305 pessoas físicas. Em outubro do ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitiu a compra deles por qualquer investidor – antes, eram limitados a quem tivesse ao menos R$ 1 milhão em aplicações financeiras.

O que tem atraído essas pessoas é o bom momento que as bolsas americanas vivem, com recordes constantes. É também uma forma de diversificar os investimentos, uma vez que o investidor passa a ter acesso a setores que possuem uma baixa representação no Brasil, como é o caso das big techs.

No ano, o índice que reúne os principais BDRs acumula alta de 31,2% até outubro. Já o Ibovespa, no mesmo período, amarga uma perda de 12,9%.

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Comparação do desempenho do Ibovespa e do BDRX nos últimos 12 meses. Fonte: TradeMap

Risco da ação e cambial

“Quanto mais alternativa o investidor tiver, é melhor. Mas o risco de um BDR é o mesmo de uma ação e ainda tem a variação cambial. Os investidores buscam os BDRs porque subiram muito recentemente, mas isso não significa que o resultado vai se repetir”, explicou Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper.

Para o professor, a diversificação é positiva para o investidor e os BDRs contribuem para esse objetivo. No entanto, é necessário ponderar que, se já é difícil analisar empresas no Brasil, em que se conhece o contexto de operação delas, essa avaliação fica ainda mais difícil quando se trata de uma empresa estrangeira.

“Nesse sentido, no início os fundos de BDR podem ser uma opção. Um gestor qualificado e com mais acesso a informações poderá escolher melhor os papéis”, disse.

Outra peculiaridade do BDR é que o valor nunca será exatamente ao da ação negociada no exterior, uma vez que a cotação acaba embutindo taxas adicionais do mercado brasileiro, como a custódia e administração. Nesse caso, a opção ao investidor seria abrir uma conta em uma corretora no exterior e comprar diretamente esses papéis, mas aí vai precisar lidar com essa burocracia.

“Há vantagens e desvantagens em cada um desses instrumentos. Os BDRs não exigem abertura de conta no exterior ou fazer uma remessa ao exterior, mas há menos ativos disponíveis em relação ao número de ações existentes lá fora”, diz Fabricio Gonçalvez, presidente da Box Asset Management.

Tributação

Há também diferenças em termos tributários. Ao negociar com BDRs, não há isenção sobre o ganho de capital. Com ações brasileiras, o lucro nas operações de até R$ 20 mil em ações é isento de Imposto de Renda (IR). Para os BDRs, a alíquota é de 15% independentemente do volume negociado e sobe a 20% em operações consideradas de day trade. E no caso de distribuição de dividendos, há cobrança de IR no exterior – o que é feito direto na fonte, ou seja, o investidor de BDRs no Brasil não precisará fazer nenhum recolhimento.

Já para quem compra ações no exterior, a regra é diferente. Há um limite de isenção de vendas de até R$ 35 mil no mês. Acima disso, há uma alíquota de 15%. A cobrança só existe sobre o ganho de capital, segundo Alice Porto, fundadora do portal Contadora da Bolsa.

“A variação cambial não é tributada. A única coisa que é tributada é o ganho de capital, que é o lucro da venda”, explica.

Há também uma outra diferença entre comprar BDRs e investir em ações no exterior. Sidney Lima, analista da corretora Top Gain, considera que os BDRs são bons investimentos para o longo prazo, mas quem aplica nesses papéis terá que aceitar uma liquidez menor.

“Não é como negociar ações no exterior. Alguns papéis são pouco negociados e o investidor precisa estar preparado para a liquidez menor”, diz.

A B3 possui mais de 800 BDRs listados. O número é expressivo, mas apenas três deles concentram mais de um terço das negociações: Tesla, Mercado Livre e Amazon. Se somar a essa lista Apple e Alphabet (a dona do Google), a concentração sobe para mais de 40%.

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BDRs mais negociados nos últimos 12 meses. Fonte: B3 / TradeMap

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