Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Após volatilidade, Ibovespa resiste e sobe 0,23%, apoiado por Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4)

Índice passou o dia entre altas e baixas, dividido entre queda no exterior e alta das blue chips

Gabriel Bosa

Gabriel Bosa

Foto: Shutterstock

Depois de passar por um pregão instável, dividido entre a queda das Bolsas estrangeiras e a alta de ações de maior peso, o Ibovespa conseguiu se sustentar no verde e fechou a sessão desta terça-feira (9) em leve alta de 0,23%, aos 108.651 pontos, com R$ 21,19 bilhões em volume negociado, registrando o sexto avanço consecutivo.

A alta do Ibovespa nesta terça desafiou, mais uma vez, as Bolsas do exterior. Em Nova York, o S&P 500 fechou em baixa de 0,42%, o Dow Jones recuou 0,18% e o Nasdaq perdeu 1,19%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou em queda de 1,11%.

A força das blue chips

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Qualicorp (QUAL3), Itaú (ITUB4) e Braskem (BRKM5), com avanços de 3,45%, 2,62% e 2,21%, respectivamente. Além do Itaú, as grandes responsáveis por manter o índice brasileiro no terreno positivo foram os pesos pesados Petrobras (PETR4; PETR3) e Vale (VALE3).

O Itaú publicou seu balanço do segundo trimestre na noite desta segunda-feira (8), com lucro líquido de R$ 7,67 bilhões, alta de 17,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi marcado principalmente pela aposta do banco no crédito ao consumo, em linhas como cartão de crédito e crédito pessoal, que geram retornos maiores quando os juros sobem.

Veja também:
Itaú (ITUB4) corrige rota e prevê maior crescimento após trimestre “saudável”; veja análise

Já as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) subiram 1,64% e as ordinárias (PETR3), 1,32%, mesmo com a queda de 0,35% do petróleo Brent, a US$ 96,31 por barril.

A Vale, por sua vez, apresentou valorização de 2,07%, também desafiando a cotação do minério de ferro, que apresentou recuo de 1,97% na bolsa de Dalian, a US$ 107,07 por tonelada.

A mineradora assinou um termo de compromisso com o Ministério Público de Minas Gerais em que se compromete a adotar melhores práticas de segurança de barragens e investir R$ 40 milhões em medidas de segurança.

Finalmente, as ações da Qualicorp subiram após a divulgação do número de beneficiários de saúde do mês de junho, explicam analistas da Ativa Research. O dado divulgado pela ANS (Agência Nacional de Saúde), apresentou novamente um aumento mensal robusto.

Maiores baixas do pregão

Na ponta oposta, as maiores quedas entre as ações do Ibovespa foram de CVC (CVCB3), Natura (NTCO3) e Méliuz (CASH3), de 10,96%, 9,62% e 8,96%, nesta ordem.

No caso da CVC, o J.P Morgan rebaixou a recomendação das ações de overweight – equivalente a uma recomendação de compra – para neutro, com o preço-alvo de R$ 10 para o fim de 2023. De acordo com os analistas do banco, a empresa de turismo sofre com a pressão da alta da inflação, o que pode pressionar as margens nos próximos trimestres.

Além disso, diante das altas recentes, o setor de varejo vive hoje a chamada “realização de lucros”, ou seja, quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes.

Na avaliação de Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, pesa sobre esses papéis, que são considerados ativos de risco, a sensibilidade que eles possuem aos juros.

“O mercado está monitorando discurso de dirigentes do banco central americano, buscando pistas do futuro das taxas no país. Alguns membros estão inclinados a encerrar a taxa de juros em dezembro entre 3,5% e 4%, acima das expectativas anteriores do mercado”, comenta.

Inflação e juros

Lá fora, os mercados internacionais continuam em compasso de espera para a divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor) de julho nos Estados Unidos, que será informado nesta quarta (10). A expectativa é que o dado ajude a calibrar as apostas para a próxima alta de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

Leia mais:
Trabalhador dos EUA está custando mais e produzindo menos – e essa mudança pode afetar juros do país

Por aqui, influenciado pela queda do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de combustíveis, energia e telecomunicações e pela redução do preço dos combustíveis pela Petrobras, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve em julho a maior deflação da série histórica, iniciada em janeiro de 1980.

O índice recuou 0,68%, uma queda um pouco maior que a esperada por analistas de mercado (especialistas ouvidos pela Reuters projetavam uma contração de 0,65%).

Economistas apontam que o impacto da redução das alíquotas é pontual, e a alta de preços, que deve continuar sob controle em agosto, deve voltar a incomodar a partir de setembro, ainda mais com o dólar mais alto e o início do pagamento do novo valor do Auxílio Brasil, que foi elevado de R$ 400 para R$ 600.

Em meio a este contexto, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) divulgou a ata de sua última reunião. Após elevar a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,75% ao ano, o comitê agora irá avaliar se há necessidade de um novo aumento na próxima reunião, em setembro, de acordo com o documento.

“O Comitê optou por sinalizar que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião, com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, afirma a ata. “Além disso, dada a persistência dos choques recentes, o Comitê seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência”.

Criptomoedas

O mercado de criptoativos reverteu o clima positivo observado no início da semana e opera no vermelho nesta terça-feira, com os investidores em compasso de espera pela divulgação de dados da inflação americana.

A volta para o campo negativo acompanha a queda das principais Bolsas globais com a expectativa pelos impactos dos dados na formulação da política monetária do Fed, o banco central americano, e nos temores de o país entrar em recessão a partir do ano que vem.

Caso a inflação não dê sinais de arrefecimento, o Fed pode se ver forçado a acelerar a alta dos juros. O movimento prejudica os ativos de risco, como ações e criptos, pela fuga dos investidores para a renda fixa, que é mais segura e se torna mais rentável com o aumento da taxa básica.

Por volta das 16h55, o Bitcoin (BTC) registrava perda de 2,6%, negociado a US$ 23.241, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O viés de baixa também derruba as altcoins, como são chamados os ativos alternativos ao BTC. O Ethereum (ETH), segunda mais cripto em volume de capitalização, tinha perdas de 4,4%, vendida a US$ 1.698.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.