Impulsionado mais uma vez pela forte performance das ações da Petrobras (PETR4) e pelo exterior, o Ibovespa voltou a fechar acima dos 119 mil pontos, o que não ocorria desde o início de abril. O principal índice da B3 encerrou o pregão desta sexta-feira (21) em alta de 2,35%, aos 119.929 pontos, com R$ 25,02 bilhões em volume negociado.
Com o desempenho de hoje, o Ibovespa terminou a semana com ganhos de 7,01%. O saldo para o mês de outubro agora é de alta de 8,99%, enquanto a valorização acumulada desde o início do ano passou para 14,41%.
As Bolsas estrangeiras também tiveram um dia de glória. Em Nova York, o S&P 500 teve alta de 2,37%, o Dow Jones subiu 2,47% e o Nasdaq avançou 2,31%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 fechou com perdas de 0,46%.
Virada no exterior
Após iniciar o dia em baixa, as Bolsas americanas viraram para o positivo com a publicação de uma matéria do jornal Wall Street Journal apontando que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) estaria debatendo uma desaceleração no ritmo de aperto das taxas de juros.
A possibilidade de altas mais leves, além de ajudar as Bolsas, trouxe alívio ao mercado de títulos. Durante a manhã, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos alcançaram seu nível mais alto desde 2007, refletindo falas de dirigentes do Fed reafirmando determinação no combate à inflação.
Os mercados internacionais repercutem ainda a renúncia da primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, que ontem deixou o cargo após somente 44 dias. A expectativa é que Truss seja substituída por outro membro do Partido Conservador, que será indicado até o dia 28 de outubro.
Truss foi forçada a sair após anunciar um plano para a economia que custaria 43 bilhões de libras (o equivalente a R$ 255 bilhões) e não previa medidas de compensação na forma de corte de gastos ou elevação de outros impostos. O cenário de irresponsabilidade fiscal foi mal recebido pelos mercados.
Petrobras dá empurrão adicional
Além das Bolsas americanas, o Ibovespa também foi impulsionado pelas ações da Petrobras. O papel preferencial da estatal (PETR4) fechou em alta de 3,43%, enquanto o ordinário subiu (PETR3) 3,41%.
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A alta da ação repercute, além da valorização do petróleo, as últimas pesquisas de intenção de voto, que apontam uma menor diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Isso porque, na percepção do mercado, uma reeleição de Bolsonaro favoreceria privatizações.
Além disso, uma disputa mais acirrada no pleito acaba forçando os candidatos ao centro político. Na prática, há a expectativa de que, assim, haja rigidez fiscal e maior propensão a reformas.
Na quarta-feira (19), o Datafolha mostrou que Lula tem 49% de intenção de votos no segundo turno e Bolsonaro tem 45%. O primeiro se manteve estável em relação às últimas pesquisas enquanto o segundo oscilou um ponto para cima. No limite da margem de erro, de dois pontos para mais ou para menos, ambos estão tecnicamente empatados.
Outra alta importante foi do Pão de Açúcar (PCAR3), que subiu 3,57%. Após realizar uma readequação de suas operações, com enxugamento de custos e hipermercados descontinuados, a varejista viu as vendas totais alcançarem R$ 11,5 bilhões no terceiro trimestre, alta de 9,5% em relação a igual período do ano passado.
Fora do Ibovespa, a Pague Menos (PGMN3) teve alta de 6,44%, após a companhia anunciar que projeta abrir 60 novas lojas em 2023 e 120 em 2024. Nos últimos dois anos, foram 200 lojas abertas. Essa desaceleração ocorre depois da aquisição da ExtraFarma, que adicionou quase 400 novas farmácias ao portfólio da companhia.
Em encontro com os investidores nesta sexta-feira, a rede de farmácias afirmou que a aquisição da rede Extrafarma acelerou em três anos o projeto de expansão. “Com nossa expansão orgânica e inorgânica, queremos ser referência em redes de farmácia na classe média expandida”, comenta Rafael Vasquez, vice-presidente de operações da companhia.
Em balanços corporativos, o Assaí (ASAI3) foi a primeira empresa do Ibovespa a reportar seus resultados para o terceiro trimestre, e a ação fechou o pregão em alta de 3,28%. A rede de atacarejo registrou queda de 47,8% no lucro líquido, para R$ 281 milhões, mas superou as projeções do mercado.
“Era esperado que o lucro do Assaí viesse a sofrer com aumento das despesas operacionais devido à conversão de hipermercados e maiores impactos financeiros, uma vez que a empresa captou dívidas para investir em aquisições”, avalia Sérgio Castro, analista CNPI do TradeMap.
Por outro lado, o destaque negativo ficou com a MRV (MRVE3), que caiu 7,18%, ainda refletindo a fraca prévia operacional divulgada pela companhia na última sexta-feira (14).
Agora, o mercado está de olho na Braskem (BRKM5), que irá divulgar seu relatório de vendas do terceiro trimestre após o fechamento do mercado.
Criptomoedas
Em uma semana de pouca volatilidade nos mercados criptos, o Bitcoin (BTC) continua defendendo a posição de US$ 19 mil com os investidores à espera de novos fatos que possam mexer nos preços.
Por volta das 16h55, a maior cripto do mercado operava perto da estabilidade, com queda de 0,8%, a US$ 19.241, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) subia 0,8%, a US$ 1.303.
Após um período morno, a próxima semana promete ser de grandes emoções com a divulgação de dados corporativos e da inflação americana. A partir de segunda-feira (24), as gigantes da Nasdaq, como Meta (ex-Facebook) e Alphabet (dona do Google), entre outras, vão reportar os números do terceiro trimestre.
A expectativa é que o teor dos resultados mexa com os ativos digitais pela forte correlação entre os dois mercados.
No dia 28, por sua vez, será divulgado o PCE (índice de gastos com consumo, na sigla em inglês), o indicador favorito do Fed (o banco central americano) para definir os juros. A escalada da taxa tem pressionado o humor dos mercados ao longo do ano, e qualquer surpresa – positiva ou negativa – deve impactar o cenário.