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Ações do Brasil devem ter desempenho melhor que as de outros países emergentes, diz UBS

Preços altos de commodities, valuations descontados das empresas e perspectiva de queda de juros beneficiam Bolsa brasileira, diz UBS

Foto: Shutterstock

O banco UBS acredita que as ações do Brasil podem ter desempenho superior ao dos papéis de outros países emergentes nos próximos 12 a 18 meses. As razões para isso são os preços ainda altos das commodities, indicadores sugerindo que as ações brasileiras estão baratas e a baixa vulnerabilidade do País à queda na liquidez no mercado global, aponta o banco em relatório.

No cenário base, o UBS espera que o índice MSCI Brasil, que engloba 48 empresas de capital aberto com valor de mercado alto e médio, supere em 10% a 15% o índice MSCI EM, de mercados emergentes, nos próximos 12 a 18 meses.

As ações brasileiras já têm superado o desempenho de seus pares neste ano. Em 2022, o índice MSCI Brasil acumula alta de 2,27% no ano, contra queda de 27,76% do índice MSCI de mercados emergentes e desvalorização de 25% do índice MSCI de mercados desenvolvidos.

Essa performance foi impulsionada em parte por investidores migrando das ações de empresas em crescimento, mais sensíveis à alta de juros, para as chamadas empresas de valor, mais maduras e geradoras de caixa, como as dos setores de energia e financeiro.

Além disso, a alta dos preços das commodities, que seguem elevados mesmo após terem caído recentemente, e a antecipação da alta de juros no Brasil também contribuem para a valorização das ações por aqui, aponta o banco.

O UBS destaca que alguns indicadores sugerem que as ações brasileiras estão baratas em relação à média histórica. Segundo o banco, a relação entre o preço dos papéis e o lucro projetado para as empresas nos próximos 12 meses está 43% abaixo do índice registrado pelos componentes do MSCI EM.

Isso é muito mais do que o desconto de aproximadamente 10% registrado na média dos últimos 10 anos. Nas contas do UBS, essa diferença deve cair para perto de 15 a 20% ao longo dos próximos 12 a 18 meses.

O banco também espera que os preços de commodities sigam elevados em um contexto em que a oferta de muitas matérias-primas ainda está abaixo da demanda, reflexo de anos de investimentos inferiores aos necessários. Segundo o banco, mais de 38% das ações brasileiras possuem exposição a commodities.

A relativa distância do conflito na Ucrânia é um outro fator torna o Brasil um destino para os investidores que querem ter exposição ao segmento de matérias-primas sem correr os riscos relacionados à guerra.

Queda de juros em 2023 pode trazer fôlego à Bolsa

Outro fator que favorece o mercado de ações brasileiro é o fato de a taxa de juros por aqui já estar em patamar elevado, em 13,75% ao ano, o que beneficia as ações do setor financeiro e oferece um suporte ao real.

Diferentemente dos mercados lá fora, o Brasil foi um dos primeiros a aumentar a taxa básica de juros pós-pandemia e agora interrompeu o ciclo de alta, o que abriu espaço para aumento das apostas em corte de juros ano que vem.

“Acreditamos que este é um catalisador positivo para as ações brasileiras, porque abre o caminho para o início de um ciclo de flexibilização logo no primeiro semestre de 2023”, apontou o UBS .

Segundo o banco, a média de retorno , desde 2003, das ações brasileiras 12 meses após o BC interromper o ciclo de alta de juros é de 29,8%.

O UBS ainda destaca que o crescimento acima do esperado da economia brasileira e os dados fiscais melhores que o previsto, com o governo conseguindo aumentar a arrecadação com a alta da inflação e receitas maiores com royalties de commodities, têm contribuído para a melhora das contas públicas.

Para o banco, o risco fiscal com a eleição deve ser gerenciável, dado o papel de equilíbrio exercido pelo Congresso. “Acreditamos que os mercados, em grande parte, precificaram eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, aponta o UBS em relatório.

Riscos para a Bolsa

Entre os principais riscos para a Bolsa brasileira vindos do exterior, o banco destaca o temor de uma recessão global mais intensa em função de políticas monetárias mais apertadas, pressões inflacionárias mais persistentes que o esperado e novas restrições na China em função da política de zero casos de Covid-19. Todos estes fatores podem pesar sobre os preços de commodities.

Já no mercado interno, os principais riscos são um crescimento aquém do esperado no lucro das empresas, a piora da política fiscal e uma inflação persistentemente mais alta, que  pode corroer ainda mais o poder de compra das classes de renda média, afetar o orçamento público e, em casos extremos, levar à agitação social.

Em um cenário de baixa em que, por exemplo, os bancos centrais empurram a economia global para uma recessão prolongada, o Brasil pode sofrer, com o real se depreciando rapidamente em relação ao dólar.

Neste caso, o banco prevê que o índice de ações brasileiras MSCI Brasil pode ter uma performance 15% a 20% inferior à de seus pares de mercados emergentes.

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