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Multimercados diversificam carteira com cripto; saiba qual fundo ganhou com a queda do mercado

Gestoras como Vitreo, Citrino, Pandhora e Verde estão diversificando com moedas digitais

O crescimento do mercado de criptomoedas tem atraído a atenção não só de gestores dedicados a criptoativos, mas também de fundos multimercados e gestores de fortunas, que já começam a alocar um pedaço da carteira nesses ativos como alternativa de diversificação do portfólio.

Uma das maiores gestoras do Brasil, a Verde Asset, informou na sua carta de janeiro que o fundo multimercado Verde, gerido pelo conhecido gestor Luis Stuhlberger, teve ganhos no ano passado com criptoativos. A Verde indicou no documento que, embora tivesse participação pequena de moedas digitais na carteira, considera essa uma estratégia de diversificação.

Lá fora, bilionários gestores de fundos, como George Soros e Paul Tudor Jones, estão investindo em criptomoedas.

Apesar da queda recente das moedas digitais, o lendário investidor Ray Dalio, fundador de uma das maiores gestoras do mundo, a Bridgewater Associates, voltou a se referir ao Bitcoin (BTC) como “o ouro digital” e disse ter uma pequena porcentagem do seu portfólio no criptoativo em entrevista à CNBC no dia 24 de maio.

No Brasil, a gestora Vitreo tem investimento nesses ativos não só nos fundos dedicados a criptoativos, como também em outras carteiras, como fundo multimercado e também de previdência.

O fundo de fundos Vitreo Superprevidência, por exemplo, tinha uma exposição de 1% do portfólio em criptoativos. “O máximo que posso perder é 1%, mas posso multiplicar o ganho por 4% a 7%”, diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.

Segundo Knudsen, a ideia é ter uma alocação pequena em criptoativos como parte da diversificação da carteira, que tem alocações em outras classes de ativos, como renda fixa, crédito, ações, fundos multimercado e investimento no exterior.

A alocação é feita por meio do investimento em ETFs (Exchange-Traded Funds) de criptomoedas listados na B3.

A própria Vitreo lançou um ETF, o  CRPT11, cujas principais posições da carteira são Bitcoin e Ether (ETH), as duas maiores criptomoedas do mercado em termos de capitalização.

No caso do fundo multimercado FOF Melhores Fundos, a alocação em criptoativos estava em 1,5% da carteira.

A gestora Pandhora Investimentos tem investido há mais de um ano em contratos futuros de Bitcoin negociados lá fora através do fundo multimercado quantitativo Pandhora Essencial. A carteira, que usa modelos matemáticos para identificar tendências e construir estratégias, investe em 150 ativos, entre moedas, bolsas e juros, tanto no mercado doméstico como externo.

O fundo ganhou tanto com a alta do Bitcoin em 2021, quando a criptomoeda atingiu o pico de US$ 69 mil em novembro, quanto com a desvalorização mais recente do ativo neste ano, apostando na queda da moeda digital por meio de uma posição vendida nesses contratos. “O fundo tem uma posição pequena nesses ativos, que responde por 1% a 2% do risco do portfólio”, diz Tomás Leme, head de relações com investidores da Pandhora.

Gestores de fortuna

Embora os bancos no Brasil ainda estejam com uma presença tímida nesse mercado, com a maioria não fazendo recomendações desses investimentos para seus clientes, a alocação em criptoativos também tem despertado o interesse de gestores de fortunas.

A family office Citrino Gestão, que gere o patrimônio dos acionistas de um dos maiores grupos industriais do Brasil, tem investido em criptomoedas como parte da estratégia global do fundo multimercado e está avaliando o desenho de um fundo dedicado a esse universo, afirma Marcelo Cabral, sócio responsável pela área de investimentos alternativos da gestora.

A alocação faz parte da diversificação da carteira e a Citrino tem uma posição no fundo em um ETF da rede Ethereum.

“Estamos estudando o tema na Citrino, temos uma pessoa dedicada para isso. Mas é um universo de investimento que parece sem volta, que está começando agora, e se você estiver exposto a esse risco tem a chance de multiplicar valor de forma relevante”, diz Cabral.

Cabral conta que, além da diversificação de carteira, um dos motivos da gestora de patrimônio estar olhando para esse mercado é poder se aprofundar em tecnologias e projetos inovadores que possam ter interesse para seus clientes. “A gente pensa nisso estrategicamente. Todos os conceitos de descentralização [das transações] , Web 3.0 [próxima fase da evolução da internet], são tecnologias do futuro que a gente precisa estar exposto para entender”, diz.

Entrada de investidores institucionais

Cabral acredita que esse mercado ainda deve ganhar mais volume após o aumento da participação de investidores institucionais na medida que a regulação desse mercado avance.

Um dos entraves para o aumento da participação dos investidores institucionais, segundo Cabral, é a custódia desses ativos. No caso das criptomoedas, o registro das operações é feito em uma rede de blockchain e cada investidor tem uma chave de acesso.

O problema pode ocorrer quando uma corretora quebra, como aconteceu no documentário da Netflix “Não Confie em Ninguém: A Caça ao Rei da Criptomoeda”, em que a corretora canadense QuadrigaCX faliu e os clientes ficaram sem acesso às suas criptomoedas.

Criptomoeda é descorrelacionada de outros ativos?

A recente queda das criptos como parte de uma venda generalizada de ativos de risco diante do aumento da taxa de juros nos Estados Unidos trouxe o questionamento da tese de que o desempenho era descorrelacionado de outras classes de ativos do mercado.

O UBS apontou que o Bitcoin e a Ether têm mostrado forte correlação positiva (maior que 0,95) com o índice Nasdaq 100 e o ETF ARK, que investe em empresas de inovação tecnológica. Ou seja, esses ativos tendem a seguir a mesma tendência de desempenho das ações de tecnologia.

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“Bitcoin e outras criptomoedas também falharam em atuar como um ‘ouro digital’
ou hedge de inflação – com os preços dos ativos deflacionando rapidamente em meio à alta inflação e taxas de juros mais altas”, apontou o banco em relatório publicado em 17 de maio.

“Com a entrada de investidores institucionais nesse mercado de criptoativos, o Bitcoin ficou com uma correlação muito grande com as ações de tecnologia e small caps [empresas de menor capitalização] dos Estados Unidos, que estão sofrendo mais com o aumento dos juros lá”, diz Knudsen.

Na prática, a alocação em criptoativos acaba seguindo o comportamento de ativos de renda variável. Por isso, é preciso considerar essa posição junto juntamente com outros ativos de maior volatilidade, como ações, para não aumentar muito o risco da carteira.

Segundo o gestor da Vitreo, esse movimento de certa forma quebrou um paradigma de que o Bitcoin era considerado uma reserva de valor. “Teoricamente, isso mudou. Para montar um portfólio tivemos que rever as correlações entre os ativos para adequar o risco da carteira”, diz Knudsen.

Olhando para frente, o gestor afirma que não é possível saber se essa correlação do Bitcoin com o mercado de ações americano deve continuar. “O Bitcoin pode voltar para US$ 46 mil, mas o cenário ainda não está para isso”, diz.

Cabral, da Citrino, avalia que o aumento da correlação do desempenho das criptomoedas com outros ativos de risco nesse momento se deu pela grande presença de pessoas físicas, que assim como os investidores institucionais venderam parte da alocação nesses ativos na queda dos mercados para fazer caixa e rebalancear o portfólio.

Para Cabral, projetos de criptoativos, como de contratos inteligentes, NFTs (códigos numéricos de transferência digital que garantem autenticidade aos seus donos) e Web 3.0 deveriam ser olhados como empresas, já que desenvolvem soluções para o mercado.

“Se um competidor desenvolve uma solução melhor, esses projetos vão perder ou sair do mercado”, diz. “Por isso, nosso olhar para essas iniciativas é muito como um fundo de venture capital, que busca negócios em estágios incipientes com grande potencial de geração de valor.”

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