Apesar do resultado apertado da eleição presidencial no primeiro turno, a consultoria inglesa Capital Economics vê maior chance do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser o vencedor no segundo turno.
Contudo, se vencer a disputa, Lula deve enfrentar dificuldades no Congresso dado o crescimento dos parlamentares da base de apoio e do próprio partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) no parlamento, que deve limitar a margem de manobra para uma acentuada mudança do governo para a esquerda, aponta em relatório.
Com 48,43% dos votos válidos, o ex-presidente Lula disputará o segundo turno com Bolsonaro que obteve 43,20% dos votos, com uma margem de diferença menor que a apontada nas pesquisas eleitorais.
Segundo a consultoria, o grande destaque da eleição foi a força do voto de direita. O partido de Bolsonaro, o PL ocupará a maior bancada na Câmara e no Senado. Além disso, o partido conquistou importantes colégios eleitorais como o Rio de Janeiro, além de emplacar um candidato de partido aliado para o segundo turno da eleição para governador do Estados de São Paulo, com Tarcísio Freitas (Republicanos).
O presidente Bolsonaro também terá alguns ventos econômicos a seu favor antes do segundo turno da votação presidencial. Outra rodada de benefícios do Auxílio Brasil será distribuída, e a renda real das famílias também será sustentada por uma nova queda da inflação em setembro, aponta a Capital Economics.
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Contudo, a consultoria vê maior chance de vitória de Lula no segundo turno.
“Nenhum candidato que ganhou o primeiro turno das eleições presidenciais perdeu posteriormente o segundo turno desde o retorno do Brasil à democracia. E achamos que os votos de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), que ficaram em terceiro e quarto lugar na corrida presidencial com pouco mais de 7% dos votos entre eles, sejam mais propensos a migrar para Lula do que para Bolsonaro”, apontou a consultoria em relatório.
No entanto, a força dos partidos de direita no Congresso pode limitar o espaço de Lula para perseguir políticas de expansão fiscal e aumento da intervenção na economia.
“Parece que o Congresso pode atuar como um grande obstáculo para algumas das políticas de Lula, como limitar o escopo para aumentar os gastos públicos. Mesmo assim, duvidamos que isso seja suficiente para evitar que o índice de endividamento público suba nos próximos ano”, apontou em relatório.
O ex-presidente Lula já declarou que não pretende manter o teto de gastos (medida que limita o aumento das despesas do governo à inflação do ano anterior) e prometeu aumento dos desembolsos com programas sociais e investimentos em infraestrutura.
O principal ponto a ser acompanhado pelo mercado no segundo turno são as informações sobre a equipe econômica e programas de governo dos candidatos.