O governo federal pretende apresentar as propostas para reformar a economia a partir de abril, quando o Congresso estiver em pleno funcionamento, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Sabemos que o tempo é curto, temos um trimestre para anunciar as medidas necessárias e recolocar a economia brasileira no rumo certo. A partir de abril com as comissões instaladas na Câmara e no Senado, podemos endereçar as mudanças estruturais que o Brasil precisa”, disse ele em entrevista à TV 247.
Segundo Haddad, as primeiras reformas que serão levadas ao Congresso “mais para o final” de abril serão a tributária e o novo arcabouço fiscal. Segundo ele, as duas devem tramitar em conjunto.
O ministro disse também que a reforma tributária no momento será voltada apenas aos chamados impostos indiretos e que incidem sobre o consumo, e que só depois disso será discutida a tributação direta – como o Imposto de Renda.
Ele acredita que é possível reequilibrar a cesta de tributos no Brasil sem aumentar a carga tributária para que as camadas mais pobres da população paguem menos imposto.
Reação do mercado ao governo
Durante a transmissão, Haddad foi questionado sobre a queda no preço das ações da Petrobras e se achava que o governo estava sendo alvo de um ataque especulativo do mercado financeiro, mas rejeitou esta hipótese.
Na opinião do ministro, o fraco desempenho da Bolsa nas últimas semanas é uma reação tardia do mercado ao legado deixado pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não é um ataque especulativo. É que a ficha caiu”, disse Haddad.
O entendimento do ministro difere da visão dos analistas do mercado. Ontem, o Ibovespa fechou em queda de mais de 3%, e especialistas apontaram decisões e posicionamentos do atual governo como justificativa para as perdas.
Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, disse que o mercado não gostou das críticas vindas do Planalto a respeito das privatizações e reformas adotadas nos últimos governos.
A manutenção da desoneração dos combustíveis também foi vista como um sinal negativo e foi interpretada como um sinal de que a equipe econômica está pouco preocupada em diminuir as despesas públicas.
Sobre isso, o ministro explicou que durante a transição do governo o ex-ministro da Economia Paulo Guedes havia defendido prorrogar a desoneração dos combustíveis por 90 dias.
Haddad disse ter defendido um prazo menor, de 30 dias. O raciocinio, segundo ele, era que a solução ideal para a redução do preço dos combustíveis passava por mudanças na política de preços da Petrobras, e que ao longo deste período seria possível trocar o comando da estatal
“Como é muito improvável que a nova diretoria assuma antes de 30 dias, se optou por um número de 60 dias. Nem 90 do Guedes, nem 30 do Haddad”, disse o ministro.
⇨ Quer acompanhar as cotações das suas ações na B3 em TEMPO REAL? Inscreva-se no TradeMap!