IBC-Br cai de novo em outubro: ruim para o PIB, mas pode desacelerar inflação

Atividade mais fraca pesa sobre perspectivas do 4º tri, mas pode reduzir pressão inflacionária do lado da demanda

Fonte: Pixabay

A atividade econômica do Brasil caiu em outubro a um ritmo mais intenso que o inicialmente previsto e enviou um sinal negativo sobre o desempenho do país no fim deste ano. No entanto, sugere que a inflação pode perder força num ritmo mais intenso daqui para frente.

O IBC-Br, índice do Banco Central que mede a atividade econômica brasileira, caiu 0,40% em outubro em relação ao mês anterior. Foi a quarta queda consecutiva do indicador.

O resultado não surpreendeu os investidores. Até o fim da semana passada, o mercado previa que o IBC-Br recuaria cerca de 0,20%. As projeções, porém, passaram para queda de 0,40% depois da forte contração do setor de serviços divulgada ontem.

A consequência mais clara da fraqueza do IBC-Br em outubro é a piora da perspectiva econômica para o quarto trimestre. Se antes o mercado esperava uma pequena recuperação do PIB nos últimos três meses deste ano, agora há mais chances de uma nova contração.

Segundo a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, a perspectiva é de que haja um “carrego” de -0,8% para o período. Isso quer dizer que, se nada mudasse no quarto trimestre em relação ao terceiro, o IBC-BR ainda assim encolheria 0,8% nesta comparação por questões estatísticas. A Genial Investimentos e a Greenbay Investimentos estimam um carrego um pouco mais negativo, de -0,9%.

O economista-chefe da Greenbay, Flávio Serrano, ressaltou que isso também tem implicações para o desempenho econômico do Brasil em 2022, já que um quarto trimestre fraco pesaria sobre os próximos meses.

Atualmente ele estima que o PIB ficará estável em 2022 – previsão mais pessimista que a do mercado, que espera crescimento de 0,50% -, e só não projeta contração econômica porque espera bons resultados do agronegócio no começo do ano que vem.

Inflação

O que é negativo para a economia pode ajudar a trazer a inflação para baixo. Embora a alta de preços no Brasil esteja mais relacionada à valorização do dólar, aumento no preço da eletricidade e a escassez de alguns bens no mercado mundial, a queda na atividade pode diminuir outro elemento que gera inflação: a demanda.

Vitoria, do Banco Inter, apontou que os aumentos na taxa básica de juros pelo Banco Central estão funcionando e já fazem efeito na atividade, como mostrou o IBC-Br. “É questão de tempo para a inflação desacelerar”, afirmou.

O economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano, disse que a atividade menor pode enfraquecer a inflação, mas que isso levará algum tempo.

“A inflação já está desacelerando, e é muito claro que isso vai pegar em algum momento”, disse ele. “Pode demorar um pouquinho porque tem resquícios de choques. A parte de escassez de oferta não tem muito o que fazer e os preços administrados não tem nada a ver com taxa de juros ou atividade fraca. Tem muito mais a ver com taxa de câmbio e inflação passada.”

Ele acrescentou que se esta perspectiva de atividade mais fraca resultar em expectativas de inflação menores para os próximos anos, o Banco Central pode encontrar espaço para desacelerar o ritmo de alta dos juros a partir de março.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.