Em meio à discussão sobre uma possível mudança na meta de inflação para o ano que vem, analistas ouvidos semanalmente pelo Boletim Focus voltaram a revisar para cima suas projeções para a inflação e taxa básica de juros (Selic) para o ano que vem.
Segundo dados divulgados nesta segunda (13) pelo Banco Central, a mediana dos especialistas espera agora juros básicos de 12,75% neste ano e de 10% no ano que vem – a expectativa anterior era de 12,50% e 9,75%, respectivamente.
Ou seja, o mercado passou a acreditar que o BC demorará mais para começar a cortar a taxa básica, que atualmente está em 13,75% ao ano.
As projeções para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) em 2023 foram mantidas, com uma mediana de alta de 5,79% (contra 5,78%), mas a expectativa para a inflação de 2024 foi elevada de 3,93% para 4%.
A mediana de projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano caiu para um avanço de 0,76% (de 0,79% da semana anterior), enquanto que as expectativas para 2024 foram mantidas em alta de 1,50%.
As apostas para o câmbio foram mantidas em R$ 5,25, no final deste ano, e R$ 5,30 no final do ano que vem.
Meta rediscutida
Reportagens publicadas nos últimos dias apontam que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria concordado em revisar a meta de inflação de 2024, que atualmente é de 3%, para 3,5%, que seria um objetivo mais factível de cumprir.
A expectativa é que Campos Neto, que participa hoje do programa Roda Viva, da TV Cultura, responda uma série de ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou os juros altos e deixou claro que desconfia da isenção política do presidente do BC, considerado excessivamente alinhado com o bolsonarismo.
Ainda mais importante, o presidente do BC, que forma o CMN ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, deve falar sobre a possibilidade de mudança na meta.
Saiba mais:
O que é a pesquisa Focus?
O Boletim Focus é uma publicação divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central às 8h25, contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, como taxa de juros básica, inflação, câmbio e juros.
O relatório apresenta resultados de uma pesquisa feita diariamente com as previsões de bancos, gestoras de recursos e corretoras, entre outros participantes do mercado, e faz parte do arcabouço da política monetária. O objetivo é monitorar a evolução das expectativas do mercado para as principais variáveis macroeconômicas, dando assim elementos ao Banco Central para decidir sobre a taxa básica da economia, a Selic.
O levantamento foi criado em 1999 como parte da transição brasileira para o regime de metas de inflação, no qual o BC se compromete a atuar para garantir que a variação de preços medida pelo IPCA esteja em linha com um objetivo pré-estabelecido.
Um dos propósitos do BC é exatamente ancorar (ou guiar) as expectativas do mercado financeiro. A razão para isso é que, quanto mais previsíveis forem as condições macroeconômicas de um país, menores tendem a ser as contrapartidas pedidas pelos investidores.