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Análise: Mobilidade impulsiona comércio e serviços em novembro, mas tendência é negativa para próximos meses

Do trio de pesquisas do IBGE, somente a indústria mostrou queda no mês retrasado; entenda

Novembro trouxe três surpresas para a atividade econômica brasileira, duas boas e uma ruim. Enquanto o comportamento da indústria decepcionou os analistas, com a queda de 0,2%, a mobilidade impulsionou os dados do comércio e especialmente de serviços para além do que era esperado pelo mercado.

Para os próximos meses, entretanto, as perspectivas não são otimistas, por algumas razões: inflação, baixa confiança do consumidor, nova onda de Influenza e Covid e juros cada vez mais elevados. Esses fatores devem refrear o consumo de bens e serviços, prejudicando a indústria.

“Observamos a manutenção dos fatores de risco que devem deprimir o consumo das famílias”, aponta o economista Álvaro Frasson, responsável pela análise macroeconômica do BTG Pactual Digital. “A despeito dos dados positivos no mercado de trabalho e da recuperação do indicador varejista em novembro, a queda da massa salarial e do rendimento médio real, somada à inflação e baixa confiança do consumidor, devem se sobressair frente aos efeitos remanescentes da reabertura da economia.”

Nesta sexta, 14, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o comércio varejista cresceu 0,6% em novembro, acelerando o passo em relação a outubro, quando havia registrado expansão de 0,2%.

O dado ficou melhor do que o esperado por analistas, com projeções que apontavam para a estabilidade (segundo a Broadcast) e até queda de 0,2% (de acordo com especialistas consultados pela Reuters).

O varejo foi puxado pelas vendas em supermercados, pelo aumento na circulação de pessoas (lembrando que em novembro os casos de Covid estavam em forte queda, a ponto de o Estado de São Paulo anunciar a flexibilização no uso de máscaras em dezembro) e pelas promoções da Black Friday.

“Os números, apesar de terem vindo melhores que o estimado, estão em consonância com o cenário mais geral para 2022, em que os níveis já muito baixos evitam quedas mais intensas e até alguma melhora na margem”, diz o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. “A melhora não é nada que reverta o atual patamar deprimido da economia, mas, na margem, ficará melhor.”

Na avaliação de Perfeito, o IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central) de novembro, que será divulgado na próxima segunda, 17, pelo Banco Central, deverá mostrar expansão de 0,54%.

Serviços em alta…

Do trio de pesquisas do IBGE referentes a novembro, os dados que surpreenderam mais os investidores foram os de serviços. Analistas esperavam um avanço de somente 0,2% no mês, mas a expansão foi muito maior, de 2,4%.

“A melhora do indicador no mês se deu, em parte, pela base de comparação mais fraca em todos os segmentos, decorrente dos recuos nos meses anteriores, e pelo espaço adicional existente para o avanço de alguns subgrupos mais impactados pelo aumento da mobilidade social”, pondera Frasson, do BTG.

A despeito do otimismo com o número, a expectativa é que a pressão representada pela alta de preços continue atrapalhando o desempenho do setor. “Embora o índice tenha apresentado um forte avanço no mês, surpreendendo o mercado, o elevado nível da inflação segue sendo um importante obstáculo para o setor”, aponta Yihao Lin, economista da Genial Investimentos.

Ele lembra ainda que o surgimento da variante Ômicron, muito mais contagiosa que as cepas de coronavírus anteriores, também é um risco adicional para os serviços.

…indústria em queda

Já a indústria voltou a decepcionar os investidores. A produção industrial medida pelo IBGE teve queda de 0,2% no mês retrasado na comparação com outubro — analistas esperavam estabilidade para o período.

A indústria caiu pelo sexto mês consecutivo, em um sinal das dificuldades enfrentadas pelo setor em se recuperar dos impactos da elevação de preços dos insumos no mundo todo, da queda da renda e da alta de juros.

“Destoando da leve melhora nas disfunções produtivas da indústria americana, o ambiente doméstico enfrenta um cenário bastante desafiador e sem muitas sinalizações de mudanças para o curto prazo”, observa Frasson. “Como risco de curto prazo, monitoramos os impactos da nova cepa da Covid-19, principalmente na economia chinesa, que diante de sua política de zero infecções, pode amplificar os problemas nas cadeias de fornecimento de componentes industriais”, aponta o economista do BTG Pactual Digital.

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