Na quarta-feira (7), a Vale (VALE3) divulgou novas projeções para a produção de níquel e cobre para os próximos anos, e indicou que pretende ampliar a oferta destes materiais. O objetivo é aproveitar os déficits que devem surgir nos mercados dos dois metais básicos nos próximos anos
A empresa estima que o volume de produção do níquel fique entre 230 e 245 mil toneladas por ano no médio prazo. Até então, a projeção da produção era de 175 a 190 mil toneladas de níquel por ano em 2022 e 2023. Além disso, a mineradora espera produzir cerca de 300 mil toneladas por ano de níquel no longo prazo.
Até 2030 a companhia estima que o mundo demande cerca de 6,2 milhões de toneladas de níquel um valor 44% maior que a demanda atual.
No caso do cobre, a empresa aumentou seu guidance de produção para o material para uma faixa de 390 a 420 mil toneladas por ano no médio prazo e para mais de 900 mil toneladas por ano no futuro.
O que achamos?
A Vale deve ter como principal foco agora o crescimento produtivo dos metais básicos, como níquel e cobre. A representatividade destes materiais no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização ) da empresa passou de 7,5% para 10% no segundo trimestre deste ano frente a igual período do ano passado.
A perspectiva é que o uso do níquel cresça rapidamente devido à utilização do insumo na produção de veículos elétricos. Além disso, a commodity serve de matéria-prima para baterias, painéis solares e turbinas eólicas, que devem ser alternativas para suprir a escassez de energia em regiões como a Europa, por exemplo.
Com isso há uma tendência de forte aumento da demanda, e a oferta não deve acompanhar. Portanto, os preços da commodity devem se elevar, e a Vale deve obter maiores receitas e rentabilidade no futuro.
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Esta é uma oportunidade que já tem sido observada pelas mineradoras. A maior concorrente da Vale, a BHP Billiton, já anunciou um investimento de US$ 96,6 milhões ao longo de dois anos para explorar jazidas de níquel.
Portanto, este movimento de investimentos em níquel deve crescer ao longo do tempo, e no caso da Vale o metal deve ganhar mais espaço na receita, embora por enquanto continue amplamente ofuscado pelo principal produto da mineradora, o minério de ferro.
Vale ressaltar que fazer uma transição de um produto para outro pode ser complexo, com custos iniciais elevados e incertezas relativas à atuação em um segmento menos explorado pela companhia.
Como mercado deve reagir?
A estratégia feita pela empresa já era esperada, uma vez que em teleconferência o CEO, Eduardo Bartolomeo, demonstrou confiança no segmento e disse que os metais básicos são a “menina dos olhos” para companhia.
Portanto, o mercado deve reagir positivamente, dado que a empresa está mostrando eficiência e proatividade quanto às estratégias traçadas para crescimento.
A ação da Vale acumula queda de 18,3% no ano, pressionada principalmente pela queda nos preços do minério de ferro ao longo dos últimos meses.