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O plano da Lojas Renner (LREN3) para superar gargalos logísticos e entregar em 48 horas

A empresa anunciou a compra da Uello Tecnologia, que oferece soluções de gestão de entregas

Foto: Shutterstock

Em um ambiente competitivo num país de tamanho continental, as varejistas têm voltado seus esforços para otimizar o processo de entrega, diminuindo seus gargalos logísticos e aumentando a satisfação dos clientes. Com a tradicional Lojas Renner (LREN3) não seria diferente. 

De acordo com a empresa, 45% de suas entregas são realizadas em até dois dias. O tempo de frete cada vez menor é tendência entre as empresas do setor – tanto é que a Lojas Renner quer ampliar essa porcentagem para 80% ao longo dos próximos meses. 

Porém, há lacunas territoriais a serem preenchidas. Ao todo, contando com Camicado, Ashua e Youcom, a Renner possui 636 lojas (sendo 12 entre Argentina e Uruguai). Certamente, há logística a ser implementada em suas operações – palavra que não apareceu nenhuma vez no release do quarto trimestre de 2021 da empresa.

Com isso, o objetivo de atingir a marca de entregas em até dois dias vem de forma inorgânica, comprando uma logtech

Na noite da última segunda-feira (4), a Renner anunciou a compra da Uello Tecnologia, que oferece soluções de gestão de entregas.

A startup, fundada em 2018, é focada em áreas urbanas, o que deve otimizar o last mile da companhia, quando o produto sai do centro de distribuição e chega nas mãos do consumidor. 

Um dos chamarizes é a alta recorrência da base de clientes da Uello, o que indica um serviço robusto e que traz maior previsibilidade de receitas. Os valores não foram revelados.

Segundo a Renner, a aquisição representa mais um passo “rumo à consolidação do ecossistema de moda e lifestyle“. A visão da empresa, em vias de fazer frente à concorrência no segmento, é trazer robustez à sua plataforma logística e “encantamento” à jornada do cliente.

Lojas Renner segue caminho do Magazine Luiza

Um dos grandes exemplos mais próximos à Renner, que decidiu por tomar decisões similares no que tange a forma de operacionalização de seus negócios, é o Magazine Luiza (MGLU3). 

Atualmente, a varejista possui 272 unidades logísticas após forte investimento em suas bases. Nada disso teria sido possível se não fossem as aquisições de GFL, SODE e da Logbee.

Hoje, as três empresas integram o Magalu Entregas, o qual realiza os fretes de 80% dos pedidos do 3P (marketplace). Desses, 30% dos pedidos 3P chegam ao consumidor final em até dois dias.

De acordo com a empresa de Frederico Trajano, entregas mais rápidas e uma operação mais eficiente aumentaram em 50% a taxa de conversão dos vendedores parceiros na plataforma em 2021, além de terem beneficiado o NPS, métrica de satisfação dos clientes – o que acaba sendo um diferencial na guerra de preços e margens baixas do setor. 

Em um movimento similar, em janeiro deste ano, a Via (VIIA3) entrou de cabeça no fulfillment com a compra da logtech CNT. O termo diz respeito a um compilado de operações entre o recebimento do pedido e a efetiva entrega aos clientes, ligando operações logísticas e cadeia de suprimentos. 

A atividade já é bastante comum nos negócios do Mercado Livre (MELI34) no Brasil e com outras empresas em diversos locais, sobretudo na China, país de maior penetração do e-commerce no planeta.

Time que está ganhando não se mexe?

No quarto trimestre do ano passado, a margem bruta da Renner caiu três pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2019, comparação “normalizada” sem a pandemia.

Segundo a empresa, isso se deu por conta do maior nível de câmbio contratado para produtos importados, com alta de 35% na comparação, além do efeito inflacionário de matérias-primas e aumento do custo de fretes internacionais com o caos logístico global. 

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A despeito das dificuldades, as vendas digitais permaneceram em campo de crescimento. O GMV (volume bruto de mercadoria) digital atingiu R$ 514,4 milhões no quarto trimestre, com penetração de 12,1% sobre o negócio total da Renner.

A Renner diz que o desempenho positivo entre outubro e dezembro de 2021 reflete, entre outras razões, a melhora no tempo de entrega. O investimento na Uello demonstra que em time que está ganhando se mexe, sim, desde que de forma calculada em prol do crescimento com qualidade. 

Receita líquida consolidada da Lojas Renner já supera pandemia

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

No comunicado, a companhia explicou que a tecnologia da Uello será utilizada para avançar na otimização da última etapa das entregas, na gestão de crowdshipping, controle de ponto de trânsito, no acompanhamento em tempo real das entregas e na gestão fiscal e financeira para transportes.

A Renner comprou 100% do capital da Uello, assumindo o lugar de fundos de venture capital que detinham cerca de metade da empresa. As operações da logtech, porém, continuarão autônomas, aproveitando as sinergias comerciais e operacionais da Renner.

Na visão de especialistas ouvidos pela Refinitiv, com dados compilados na plataforma do TradeMap, as ações da varejista de moda são uma barganha, mas estão em um bom ponto de compra. 

De 13 recomendações, 11 são de compra, uma de manutenção da posição e uma de venda dos papéis. O preço-alvo mediano indicado é de R$ 39,55. 

Por volta das 11h desta terça, as ações da Lojas Renner subiam 0,65%, para R$ 29,60. A empresa vale R$ 29,25 bilhões na B3.

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